O senhor morgado
Vai no seu murzelo,
Todo empertigado
É um gosto vê-lo
Próspero, anafado,
Vestia alentejana,
Calça de riscado:
Homem duma cana!
Vai, todo se ufana
De ir tão bem montado
E ela na janela...
seja Deus louvado!
O senhor morgado
Vai nas próprias pernas,
Todo bandeado;
Tem palavras ternas
Para cada lado.
Quando passa, sente
Que é temido e amado;
Fala a toda a gente,
Topa um influente:
“Sou um seu criado...
Eleições à porta,
Seja deus louvado!
O senhor morgado
Vai na sege rica,
Todo repimpado:
Ai que bem lhe fica
O chapéu armado
E a comenda ao peito
E o espadim ao lado!
Que homem tão perfeito!
Deputado tão eleito,
Muito bem votado,
Vai para o Te-Deum,
Seja Deus louvado!
(Canta: Adriano Correia de Oliveira)
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