Dra. Alzira Silva em Toronto
Por Adiaspora.com
Tivemos recentemente entre nós, mais uma
vez, a Dra. Alzira Silva, Directora Regional das Comunidades -
Açores, numa visita inerente às suas funções,
desta com a finalidade de assistir à Semana Cultural da
Casa dos Açores de Winnipeg na Província de Manitoba,
da preparação para as celebrações
dos 50 anos da imigração oficial portuguesa para
o Canadá, e para estar presente numa reunião de
trabalho com as organizações de assistência
social de Toronto e subsequente conferência de imprensa,
que decorreram nas instalações do Abrigo no edifício
Dufferin Mall. No fina,l a Dra. Alzira anunciou que a próxima
reunião com as entidades de assistência social realizar-se-á
em Toronto no próximo ano e que incluirá os Centros
Paroquiais Portugueses do Canadá, visto estes ter vindo
a desenvolver um trabalho de suma importância neste sector.
No final desta sessão, respondendo a um
pergunta formulada sobre o motivo da sua ausência na celebração
da Semana Cultural Açoriana deste ano, então a decorrer
na Casa dos Açores de Toronto, informou que não
fora convidada, acrescentando também ter sido recusado
o apoio oferecido a esta colectividade pela Direcção
das Comunidades, o que lamenta profundamente.
Apesar da sua agenda preenchida e de estar em
vésperas de embarcar para Winnipeg, a Dra. Alzira amavelmente
acedeu em conceder-nos esta pequena entrevista.
Adiaspora.com: Porque é que o Governo
Regional só agora começou a desenvolver uma política
de aproximação junto da diáspora açoriana
e qual o motivo dessa inércia de tantos anos?
Dra. Azira Silva: Eu não concordo
com o que me diz. O facto de as visitas não serem muito
frequentes não significa que não haja aproximação.
Hoje, a aproximação faz-se através de diversos
metodologias e através de vários veículos
de comunicação, pois temos a Internet, os telefones
e os faxes. Portanto, há muita maneira de aproximar. Temos
convidado pessoas daqui para ir lá, aos Açores,
pessoas essas que representam determinadas organizações.
Temos aberto candidaturas para as diversas comunidades do Canadá,
dos Estados Unidos da América do Norte, do Brasil e Bermudas
e temos tido respostas que têm sido aceites.
Claro que só posso referir ao período
pós 1997, data em que comecei a ser responsável
pela Direcção Regional das Comunidades que, na altura,
se chamava Gabinete de Imigração e Apoio às
Comunidades Açorianas, mas o que lhe posso dizer é
que de facto sempre houve essa aproximação, simplesmente
não era física. Esta comunidade é uma comunidade
muito grande. Muitas vezes passei por aqui, não tendo todavia
o cuidado de chamar a comunicação social para dizer
- "Eu estou aqui". Portanto eu confesso que estou em
falta e que isso não foi correcto porquanto a maioria das
pessoas, por exemplo, nem tiveram conhecimento da minha presença
aqui hoje, e isto só se sabe através dos meios de
comunicação social. O facto de eu ter vindo e me
reunir com um grupo de cidadãos, ter trabalhado e não
ter passado esta informação para a comunicação
social, é como se eu não tivesse vindo. No entanto,
não passei um único ano desde 1997 sem que não
tenha vindo ao Canadá. Este ano de facto bati o recorde,
pois já é a sexta vez que venho cá e no próximo
ano talvez venha muitas mais vezes, mais a propósito das
celebrações dos cinquenta anos da imigração
oficial Portuguesa no Canadá.
Adiaspora.com: O porquê de não
se ter posto ainda em marcha um projecto no qual os estudantes
universitários, daqui do Canadá, neste caso os de
raízes açorianas, de se deslocarem aos Açores
com o apoio do Governo Regional, mais precisamente no período
das férias académicas, para frequentarem diversos
cursos na Universidade dos Açores. Desta maneira, através
do contacto, não só com os jovens daquela região,
mas também com os outros elementos da população,
poderão vir a fortalecer e enraizar os laços de
união, e, simultaneamente, absorver a cultura e os valores
de açorianidade. Seria uma aposta do Governo Regional nos
mais jovens que são aqueles que, num futuro próximo,
continuarão a obra deixada pelos seus pais e avós.
Como exemplo temos a comunidade açoriana de Nova Inglaterra
que, com mais de cem anos de existência, continua a manter
bem viva os seus costumes e cultura.
Dra. Azira Silva: Nós não
temos uma acção específica para jovens mas
temos uma acção que tem tido sempre jovens no seu
seio como tem tido pessoas de mais idade. Portanto, a acção
as Raízes tem tido sempre grupos heterogéneos, pois
nós achamos que, no convívio dos mais jovens com
os menos jovens e das várias comunidades entre si, também
resultavam movimentos muito interessantes de aproximação
entre os diversos níveis etários das diferentes
comunidades e organizações.
No próximo ano vamos ter uma acção
específica para jovens que serão as Raízes
exclusivamente dedicadas aos jovens do Canadá. Portanto,
teremos um grupo de jovens do Canadá a visitar os Açores
e onde provavelmente algumas pessoas que não serão
tão jovens como isso, visto ser provável estabelecermos
os 35 como idade limite. Assim, vamos fazer essa aproximação
aos jovens porque entendemos esta comunidade ser recente e temos
de cativar, desde já, os jovens para terem orgulho das
suas raízes, da sua cultura e língua, porque tudo
isso se não for cultivado, de facto, morre. E acho que
todos nós gostamos de saber donde vieram os nossos pais
e os nossos avós, donde é que estão as nossas
raízes, ainda que gostemos muito do sítio onde vivemos
e o consideremos a nossa cidade, o nosso pais, pois é sempre
bom saber donde vieram os nossos antepassados e onde está
a nossa raiz.
Adiaspora.com: Quer deixar uma mensagem
direccionada às comunidades açorianas na diáspora?
Dra. Azira Silva: Agradeço muito
esta oportunidade. Nós muito em breve iremos ter a nossa
página na Internet e teremos muito gosto que Adiaspora.com
faça um "link" de maneira a nos remeter aos eventuais
leitores. Queria também dar-vos parabéns pelo vosso
trabalho e queria dizer a todas essas muitas comunidades açorianas
que vivem em diferentes regiões, em diferentes províncias,
em diferentes estados e países, que nós, no Governo
Regional dos Açores, temos sempre um bocadinho do nosso
coração com elas e que estaremos sempre disponíveis
para colaborar nos projectos que forem mais interessantes, mais
inovadores e que sirvam mais pessoas dentro de cada comunidade.
Estamos sempre abertos para trocar correspondência com todos
e o nosso trabalho é servir as comunidades, obviamente
dentro dos nossos recursos, que são limitados, dentro dos
nossos meios humanos, que também são limitados.
Mas o nosso gosto, a nossa vontade e a nossa alegria é
servir. Portanto, contactam-nos e façam com que nós
possamos prestar um serviço cada vez melhor porque é
essa a nossa meta - prestar um serviço cada vez melhor
e estar mais ao lado das pessoas porque, por vezes, não
são os meios financeiros os únicos que as pessoas
precisam. As pessoas, às vezes, precisam de uma palavra
de incentivo e de saber que alguém se preocupa com elas.
Nós preocupamo-nos em darmos essa palavra de incentivo.
Mesmo quando não podemos dar meios financeiros, nós
estamos com a nossa gente e acho que isso é o principal,
e é isso que é importante transmitir para que as
pessoas nunca se sintam sós, mas sim que alguém
na sua terra pensa nelas.
Entrevista exclusiva de Adiaspora.com
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