O FUTURO DE PORTUGAL, E DOS AÇORES,
NO TABULEIRO GEOPOLÍTICO GLOBAL: UMA PERSPECTIVA

(Toronto, Canadá)

Por Adelina Pereira - Adiaspora.com

O que é preciso é reforçar ainda mais essa capacidade diplomática e de negociação internacional,
não apenas com os Estados Unidos, mas a nível global.
- Prof. Dr. Luís Manuel Vieira de Andrade

No passado dia 18 de Setembro de 2003, o Professor Doutor Luís Manuel Vieira de Andrade, de visita a Toronto a convite do 17° Ciclo de Cultura Açoriana, gentilmente acedeu receber-nos. Actualmente, membro do corpo docente da Universidade dos Açores e representante do Governo Regional no âmbito do Acordo de Cooperação e Defesa entre Portugal e os Estados Unidos da América, o Prof. Dr. Luís de Andrade é um homem de palavra incisiva, sintética, e clara, com grande poder de exposição de ideias e conceitos que, na sua voz, se tornam acessíveis e entendíveis por todos quantos o possam ouvir.

De trato simples e despretensioso, o Prof. Luís de Andrade logo nos pôs à vontade, demonstrando possuir um sentido de humor que, indubitavelmente, facilita, de sobremaneira, a sua interacção com os demais.

Incidindo, sobretudo, nas questões com as quais lida no trabalho que tem vindo a desenvolver no âmbito do Acordo de Cooperação e Defesa acima referido, colocámos alguns pontos que nos pareceram ser de interesse para quem, embora à distância, deseje o bem-estar da nação portuguesa, mais especificamente dos Açores, na actual conjuntura internacional de conflito generalizado e de incerteza geopolítica.

Reza o adágio popular que o povo merece o governo que tem. Pois bem, cabe o cidadão comum interessar-se e intervir na esfera das influências políticas que lhe compete como tal, mas para isso, é necessário que se mantenha informado e inteirado do que se passa em seu redor, não limitando esta busca meramente às fronteiras da sua cidade, do seu país, mas expandindo o entendimento, na medida do possível, para os contextos e interactividade globais.

Mas agora, retornemos ao nosso entrevistado que, aqui, nesta breve troca de impressões, nos proporciona uma perspectiva dos processos que se vive actualmente na relação entre a Região Autónoma dos Açores, que alberga na Ilha Terceira, a Base das Lajes, ao uso dos Estados Unidos, com esta mega potência

Adiaspora.com: Na sua comunicação "Os Açores na Actual Conjuntura Internacional" afirmou que Portugal teria de repensar a sua relação com os Estados Unidos no que concerne a utilização por parte deste país da Base das Lajes. Afirmou ainda que Portugal não tem recebido contrapartidas que justifiquem a cedência destas instalações militares, de extrema importância geoestratégica, nos termos actuais. A seu entender, quais seriam as contrapartidas das quais Portugal deveria ter usufruído ao longo da vigência deste pacto?

Prof. Dr. Luís de Andrade: Portugal, o país em si, tem recebido algumas contrapartidas, sobretudo, de natureza militar. O problema que quis colocar é que os Açores, que, como sabe, era o tema central da minha intervenção, também recebesse contrapartidas, mas não somente de natureza financeira. Refiro-me à cooperação bilateral em várias áreas, como a ciência, a tecnologia, a cultura etc., embora, e é preciso que se diga, que tem havido alguma cooperação. Já há alguns projectos concretos que mereceram a aprovação por parte dos Estados Unidos. Agora, é evidente que nós, a Região Autónoma - não posso falar em nome do Estado Português, só posso falar em nome dos Açores - queremos mais, muito mais porque, de facto, como se viu agora no caso do Iraque, utilizaram a Base, que foi extremamente importante - e estou a referir-me às declarações dos próprios norte americanos. Portanto, entendemos que é necessário que haja maior cooperação - em várias áreas, como já citei algumas - entre os Estados Unidos da América e os Açores concretamente.

Adiaspora.com: A cedência da Base das Lajes a qualquer potência militar não comprometerá, de certa forma, a segurança e integridade das populações das ilhas?

Prof. Dr. Luís de Andrade: Concerteza. A existência de uma base poderá - não quer dizer que implique - implicar, em caso de um conflito, riscos que são evidentes, embora tal nunca tivesse acontecido até hoje, e espero que nunca venha a acontecer, mas é sempre um risco potencial.

Adiaspora.com: Ainda neste âmbito, acho que referiu que os Estados Unidos, embora tivessem afirmado não possuírem armas de destruição maciça nas Base, não divulgam de forma clara quais os equipamentos bélicos que, de facto, a base alberga.

Prof. Dr. Luís de Andrade: De facto, isto é uma questão extremamente importante que eu próprio já tive a oportunidade de indagar junto do Cônsul dos Estados Unidos. Como sabe, nós temos uma tramitação. Não podemos ir falar, de imediato, com os militares. Temos de ir através dos canais diplomáticos e, neste caso, é o Cônsul dos Estados Unidos nos Açores, que me garantiu não existir este tipo de armas, nomeadamente nucleares, químicas ou biológicas. O que existe, sim, são armas convencionais para uma eventualidade. Agora, armas de destruição maciça, sobretudo nucleares, não existem, segundo aquilo que me disseram.

Adiaspora.com: Ao que nos parece, as entidades americanas até agora não se demonstraram disponíveis para distribuir entre a população máscaras, medicação, etc. ou instituir outras medidas de precaução face a um eventual ataque.

Prof. Dr. Luís de Andrade: Isso, de facto, não aconteceu porque as probabilidades - não digo que é impossível - são de tal maneira reduzidas e remotas que nos parece, sinceramente, um pouco de mais neste momento.

Adiaspora.com: Mas a verdade é esta que, ultimamente, os ataques terroristas têm surgido em sítios menos esperados.

Prof. Dr. Luís de Andrade: Repare que o problema dos Açores é interessante, porquê? Porque é mais facilmente controlável a entrada e saída, como deve compreender, de pessoas do arquipélago, sobretudo, por via marítima ou aérea. Portanto, não se coloca, como se colocou nos Estados Unidos da América, onde o controle é muitíssimo mais difícil porque são milhões. Estamos a falar de muitos milhões de pessoas. Em contrapartida, nos Açores, o controle é mais fácil. Isso foi-me garantido também, não pelos norte-americanos que, como sabe, não têm qualquer competência nessa matéria, mas pelos Serviço Português de Fronteiras.

Adiaspora.com: A actual conjuntura geopolítica encontra-se numa espécie de limbo, ou fase transitória em que o equilíbrio de poder no tabuleiro mundial está a sofrer mudanças substanciais, fugindo à clara bipolarização que se viveu no após guerra, durante a Guerra Fria, até aos finais da década 80, sem que possamos adivinhar, presentemente, o seu rumo futuro. Todavia, expressou a opinião que Portugal, como país pequeno, deveria investir no seu poder negocial para melhor defender os interesses nacionais. Quer comentar?

Prof. Dr. Luís de Andrade: Não queria que isto fosse mal interpretado. Isto não implica que até agora não tenha havido bons diplomatas. O que é preciso é reforçar ainda mais, sobretudo, aspectos que tenham a ver com a preparação de dossiers por especialistas, o que acontece por parte dos negociadores americanos que têm várias pessoas neste sector. Isto é um problema que se coloca ao funcionalismo público português. Como sabe, não existem, a nível do Governo Central e, obviamente, Regional, meios financeiros suficientes para que se possa reforçar algumas das áreas que devíamos, o que pode vir a penalizar - não estou a dizer que penaliza - mas pode penalizar um pouco a capacidade de negociação do país, na medida em que necessita de alguns especialistas. Nomeadamente, não existe dinheiro para o pagamento de salários. Isto é apenas um aspecto que penso ser importante. Repito, no entanto, não implica que não haja, e não tenha havido, bons negociadores por parte de Portugal. O que é preciso é reforçar ainda mais essa capacidade diplomática e de negociação internacional, não apenas com os Estados Unidos, mas a nível global.

Adiaspora.com: Neste contexto, gostaria que nos elucidasse se os representantes eleitos e o Governo Regional dos Açores têm uma voz activa nas decisões de Portugal como país, ou se servem meramente como agentes de consulta.

Prof. Dr. Luís de Andrade: Como se sabe, está na Constituição Portuguesa que a Região Autónoma dos Açores tenha um representante no âmbito da Delegação Portuguesa relativamente a Acordos Internacionais que lhe digam directamente respeito. Isto aplica-se, obviamente, ao caso do Acordo de Cooperação e Defesa, também conhecido pelo Acordo das Lajes. Eu represento formalmente o Governo Regional dos Açores nessas negociações, e é-me pedido sistematicamente, antes de qualquer negociação com os E.U.A., que apresente projectos e preocupações por parte do Governo Regional dos Açores. E tenho feito isso. É evidente que, como lhe disse, tem havido alguma cooperação, mas nós, o Governo Regional dos Açores, entendemos que isto está muito aquém do desejável. Contudo, volto a repetir que tem havido algumas áreas em que tem existido alguma cooperação. Mas entendemos que, globalmente, ainda é manifestamente pouco.

Adiaspora.com: Virando-nos para o campo do mítico e do místico, vê, como os sebastianistas e pessoanos, que Portugal, humilde e pequenino com o Cristo saído de Belém, tem, no futuro, uma importante missão a cumprir no seio das nações?

Prof. Dr. Luís de Andrade: Sim. Qualquer estado tem um papel a desempenhar. Nós temos de ter a perspectiva - e temos concerteza - de que Portugal é um país pequeno com 10 milhões de habitantes. Mas, no entanto, isso não implica que não possamos tentar fazer algo, ou mais alguma coisa nesse sentido. Penso que é muito importante manter o relacionamento com os Estados Unidos. Obviamente, uma vez que estamos inseridos na União Europeia, é preciso reforçar e acautelar os nossos interesses depois da adesão de mais 10 países da Europa Central e de Leste. Um outro aspecto que considero extremamente importante na política externa portuguesa é reforçar os laços com os países africanos de língua oficial portuguesa e com o Brasil. Devemos tentar diversificar. Mas, como já referi anteriormente, essa diversificação da política externa portuguesa implica que haja meios, meios financeiros, humanos etc. E muitas vezes, ou pelo menos algumas vezes, os meios existentes não são suficientes. Todavia, isto não significa que Portugal não possa ter - e tem tido concerteza - um papel a nível internacional.

Adiaspora.com: Recordo que na altura em que se debatia a adesão de Portugal à União Europeia, havia quem advogasse em prol de uma maior viragem para a vertente Atlântica, para os PALOPS e o Brasil, achando que seria mais favorável para Portugal, a longo prazo, virar-se para a potencialidade destes países em vez de se voltar para a Europa. Quer comentar?

Prof. Dr. Luís de Andrade: Penso que era inevitável pertencermos à União Europeia. Depois de perder o império, após 1974 e 1975, quando se dá a independência das colónias africanas, sobretudo 1975, não nos restava, em meu entender, outra possibilidade senão aderirmos, mais tarde ou mais cedo, à União Europeia, que aconteceu em 1986. Penso, todavia, que só a União Europeia não pode consubstanciar toda a nossa política externa. Como referia há pouco, é importante manter a ligação transatlântica com os Estados Unidos. Podemos, e devemos, tentar aprofundar toda a problemática da União Europeia. Isto não implica, como já mencionei, que não haja também por parte de Portugal uma maior abertura e reforço das relações com os PALOPS e com o Brasil e outros países, mas, sobretudo, estes. Não é incompatível a nossa participação directa e activa na União Europeia, manter a relação com Estados Unidos, reforçando com este país a cooperação a vários níveis, com a o reforçar e aumento das relações com os países africanos de língua oficial portuguesa e, obviamente, o Brasil.

Adiaspora.com: Os PALOPS e Brasil encontram-se em profundas crises sócio-económicas e quer-nos parecer que não vamos ver, pelo menos nos próximos tempos, o clarear dos horizontes.

Prof. Dr. Luís de Andrade: Repare que não estava apenas a reportar-me somente à componente financeira e económica, mas à cultural. Penso que a preservação da língua e da cultura portuguesa nesses países é fundamental. Moçambique, por exemplo, aderiu à Commonwealth, isto é, à esfera de influência britânica, e nós não podemos, nem devemos, dentro das nossas possibilidades, permitir isso. Por isso é importante que a componente cultural também venha a complementar a componente económico-financeira. Não apenas económica, porque aí, obviamente, nós não podemos receber muito em troca por parte desses países, que têm, como disse, problemas gravíssimos. Mas a língua, a cultura portuguesa penso ser um aspecto fundamental da política externa de Portugal e isso pode, e deve, ser reforçado.

Adiaspora.com: Se nos diz que há poucos meios disponíveis para investir no sector da negociação, por exemplo, é nossa experiência que também a nível da cultura os trocos faltam. Aqui, em Toronto ouve-se muitas vozes a clamar no seio da nossa comunidade que o Estado Português não faz o suficiente em termos da promoção cultural. Como é que um país tão pequeno com tão parcos recursos vai conseguir diluir-se por esses diversos vectores?

Prof. Dr. Luís de Andrade: Tem toda a razão. Contudo, sou da opinião que o pouco que temos deverá ser mais operacionalizado e racionalizado. Tenho a sensação - e não vou, concretamente, reportar-me a um ou outro factor - que, em geral, não possamos fazer melhor com o pouco que temos. Não quero dizer que isto aconteça sistematicamente, mas eventualmente, pode não acontecer. Isto é, com os poucos recursos económico-financeiros que nós temos, poderíamos fazer melhor e aproveitá-los de uma forma mais abrangente, mais em pormenor, do que temos feito em algumas áreas até agora. É mais uma racionalização e melhor aproveitamento dos poucos recursos que possuímos, porque não me parece que, neste momento, possa haver mais recursos na medida em que, ao nível do país, temos de manter o défice, no máximo, nos 3%. Isto é um drama que o Governo Central - e obviamente o Governo Regional - mas sobretudo o Governo Central, tem de ter em consideração e que constitui um handicap complicado.

Adiaspora.com: Tem-se visto, ao longo dos últimos anos, solicitações várias, quer a nível pessoal, quer a nível oficial - como foi o caso dos conflitos em Timor e Angola e a Guerra Civil na Guiné ainda há poucos anos - da comunidade internacional para a intervenção de Portugal como mediador. Quando nos diz que necessitamos de apurar a nossa capacidade negocial, de investir na formação de "negociadores hábeis" adivinha para Portugal um futuro de maior relevo no campo da mediação internacional?

Prof. Dr. Luís de Andrade: Como atrás referia, temos de ter a ideia de que Portugal é um país pequeno e com recursos limitados. Penso, todavia, que isto não implica necessariamente que não possamos fazer melhor. Repito mais uma vez. Nós temos bons negociadores, mas podemos fazer melhor. Aí é que está, a racionalização e a melhoria do pouco que temos. Em minha opinião é isto que pode e deve ser feito a nível da política externa portuguesa.

Adiaspora.com: O Prof. Agostinho da Silva, numa das suas últimas conversas com o escritor Victor Mendanha, disse que o Português, como nação, é muito bom ou muito mau e que uma das características do povo português é a sua capacidade de improvisação. Como é que acha que este talento para a improvisação e a dificuldade que os portugueses têm de racionalizar e, muitas vezes, de planear a médio e a longo prazo, podem, de facto contribuir, para este panorama que nos acabou de descrever?

Prof. Dr. Luís de Andrade: É um facto que muitas vezes, a nível geral - não vou particularizar - a improvisação ajuda, mas nenhum país pode actuar a nível internacional, que é o caso, com base na improvisação. O planeamento a médio e longo prazo é fundamental fazer-se. E é isso, por vezes, que eventualmente pode faltar, não apenas à política externa, mas um pouco em todos os sectores no nosso país. É preciso maior planeamento, uma maior racionalização dos poucos meios que temos por forma a podermos implementar, com alguma credibilidade internacional, essa política externa que o Estado Português quer levar a cabo. Portanto, estou perfeitamente de acordo.

Adiaspora.com: O Professor já se encontra em Toronto há alguns dias. Tem estado neste evento onde, infelizmente, falta a juventude. Na sua opinião, o que se deve fazer para colmatar essa lacuna, essa ausência. Como podemos mobilizar a juventude?

Prof. Dr. Luís de Andrade: Devo dizer que não é fácil. É reforçarmos os laços culturais, de língua. Percebo, todavia, que para uma geração que tenha nascido aqui, não é fácil. Mesmo que os pais tentem que eles venham participar em eventos culturais realizados no âmbito da comunidade portuguesa, percebo que não é fácil, mas temos de continuar a lutar. Ainda ontem, uma moça dizia-nos que já nasceu cá mas, entretanto, ela parece ser um caso único ou dos poucos casos que existem de pessoas que nasceram cá, jovens que querem manter a ligação com a língua e a cultura portuguesa e sobretudo com, no que nos diz respeito, os Açores. Penso que são, infelizmente, casos muito pontuais.

Adiaspora.com: É da opinião que talvez os responsáveis por este tipo de realizações deveriam mudar um pouco a sua metodologia, adequar mais os métodos de apresentação destas temáticas à nossa juventude?

Prof. Dr. Luís de Andrade: Mudar completamente não. O que podemos é complementar com algumas áreas culturais que vão mais ao encontro daquilo que a juventude deseja. Portanto, manter, até certo ponto, aquilo que tem sido feito, mas complementar com algumas áreas culturais específicas, musicais etc., que possam, eventualmente, atrair essa gente nova que, de facto, infelizmente, não está. A ideia básica seria essa.

Adiaspora.com: Quer-nos deixar uma mensagem à Comunidade Luso-Canadiana, principalmente a de Toronto?

Prof. Dr. Luís de Andrade: Nunca desanimar. Porque noutro dia vi na televisão que o melhor remédio perante a vida, em vários aspectos, é mantermos o sentido de humor e o optimismo. Sei que isto é fácil dizer e difícil de fazer. Concordo plenamente, mas temos de fazer um esforço nesse sentido. Penso que este Ciclo e outras acções de natureza cultural têm vindo a demonstrar ao longo dos tempos que é importante manter vivo esse desiderato da comunidade portuguesa, não apenas a de cá mas as dos Estados Unidos, do Brasil, e das Bermudas. Firmar as ligações que nos unem, convidando pessoas de fora, sobretudo de Portugal e neste caso dos Açores, para virem cá para mantermos esta chama acesa porque, se, eventualmente, estes Ciclos e outras realizações a nível cultural não forem feitas, a separação é cada vez maior e o desconhecimento mútuo vai aumentando. Isto é o oposto do que é necessário. Por exemplo, este Ciclo tem sido, nestes últimos 17 anos, um elemento importante na reaproximação entre os açorianos da Diáspora e aqueles que vivem na Região Autónoma dos Açores. Evidentemente, e falando dos Açores, isto aplica-se a nível internacional. É preciso continuarmos, mesmo com os problemas que temos e que não podemos ocultar, a trabalhar neste sentido o melhor possível.

Adiaspora.com: A sua mensagem final é ...

Prof. Dr. Luís de Andrade: De optimismo! Na vida, deve ter-se o mínimo de sentido de humor, por um lado, e de optimismo, por outro. Como diziam os filósofos, a vida é um desafio desde início e é complexa. Problemas existem sempre, seja onde for, em que país for. Temos é que tentar fazer-se o melhor e ultrapassá-los o melhor possível. Se não for possível ultrapassá-los, pelo menos termos a consciência tranquila de que fizemos o melhor que nós podíamos e sabíamos. Não tentar e desistir logo, ao depararmos com o primeiro problema, penso ser uma péssima atitude.

Adiaspora.com: No campo do pessoal, quais os seus planos para o futuro? Quer, como Saramago, retirar-se para uma ilha e escrever uns livros, ir como Alberto Schweizer em missão para África, plantar uma árvore etc.?

Prof. Dr. Luís de Andrade: Volto aos Açores a Universidade onde sou professor já há 19 anos. Vou continuar a minha carreira universitária porque gosto muito da leccionação e da investigação. Ninguém sabe o que é que lhe espera no futuro, mas, em princípio, é isto que devo continuar a fazer, e continuar a dar a minha contribuição modesta ao Governo Regional, enquanto o Senhor Presidente assim o entender, no âmbito do Acordo de Cooperação e Defesa.

Adiaspora.com: Podemos dizer então que já plantou a sua árvore?

Prof. Dr. Luís de Andrade: Já. Não sei se vai dar frutos. Vamos ver!

Entrevista exclusiva de Adiaspora.com

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