ENTREVISTA COM DR. AUGUSTO PEIXOTO, CÔNSUL
GERAL DE PORTUGAL EM SÃO FRANCISCO
(San José, Califórnia, 20 de
Novembro de 2003)
Por Paulo Luís Ávila - Adiaspora.com
Adiaspora: Diga-nos o como e o porquê da instalação
do Consulado nesta cidade de São Francisco?
Dr. Augusto Peixoto: Os primeiros emigrantes Portugueses que
chegaram à Califórnia, por volta do ano de 1850,
coincidiu com a corrida ao ouro e, sendo assim, o Consulado quando
se instalou em São Francisco, foi com o intuito de poder
prestar assistência e estar perto desses Portugueses. Ao
longo dos anos a emigração Portuguesa foi-se espalhando
e hoje em dia está dispersa desde o Norte, desde Erika
até ao Sul da Califórnia e áreas de San Diego,
Chino e Artisia, os Portugueses estão distribuídos
e portanto tendo posteriormente havido outras necessidades, dispomos
dum pequeno escritório em Los Angeles onde aliás
o Sr. Secretário de Estado das Comunidades, esteve há
dois dias atrás e o resto da população portuguesa
da Califórnia, o que nós chamamos Luso-Americanos,
da segunda, terceira e quarta geração, tem de recorrer
aos serviços do Consulado Geral de São Francisco,
que hoje em dia são satisfatórios uma vez que dispomos
da maioria dos Serviços devidamente informatizados, tratamos
de muita coisa através do correio electrónico e
portanto dado que São Francisco é um importante
centro e está perto duma grande cidade, São José,
onde há uma grande concentração de Portugueses
e é hoje considerada (a cidade) a capital do "Civic
Valley", São Francisco, por outro lado é um
importante centro social, político e cultural, o consulado
está muito bem situado, a residência e o escritório,
estão num lugar aprazível da cidade chamado Pacific
Raids, são propriedades do Estado Português, adquiridas
que foram por um dos meus antecessores há cerca de 15 anos,
por isso o Consulado está e estará em São
Francisco, onde presta toda a assistência de que necessitam
os Portugueses dispersos por todo o Estado da Califórnia.
Adiaspora: Qual é a origem dos Portugueses que aqui habitam?
Dr. Augusto Peixoto: A maioria esmagadora dos Portugueses são
das Ilhas dos Açores e posso acrescentar que essa população
Portuguesa, situa-se entre os 90 e os 95%. Há uns pequenos
resíduos de pessoas oriundas do Continente e há
também muito localizada, principalmente na área
do Condado de Santa Clara, aqui perto e no Sul que se dedicam
à pesca, originários da Ilha da Madeira e os do
Continente não são especificamente de algum lado,
mas de todos os lugares do Continente e também não
são todos residuais. Portanto a maioria esmagadora, são
das Ilhas Açorianas com predominância para as Ilhas
da Terceira, Pico, Faial e São Jorge.
Adiaspora: Verifiquei através dos poucos contactos que
estabeleci, que a língua Portuguesa quase desapareceu na
totalidade, será verdade?
Dr. Augusto Peixoto: Não é
verdade! (Afirmação feita com algum ênfase).
Na totalidade ainda não desapareceu graças a um
conjunto de boas vontades que tem havido do Norte ao Sul da Califórnia
onde há um conjunto de Portugueses, que se têm empenhado
para que a língua Portuguesa continue a ser falada. Ela
quase desapareceu por um fenómeno simples. Os Portugueses
foram deixando de falar em casa com os filhos, penso que é
essa a razão principal e então o que aconteceu foi
que a nossa língua foi-se perdendo e as novas gerações
pela necessidade do dia a dia com a enorme pressão que
o Inglês exercia por necessidade de sobrevivência
passaram a não utilizar o Português. Terá
havido também culpas, não vale a pena estar a distribui-las
pelas nossas entidades, que descuraram o ensino do Português
e dos próprios Portugueses. Hoje em dia nota-se algum reanimar
dessa situação devido a que as pessoas começam
a tomar consciência de que o Português é falado
por mais de 210 milhões de cidadãos em todo o Mundo,
casos do Brasil e antigas Colónias Portuguesas de África
e que é uma língua importante para os negócios,
naquilo que estamos a tentar implementar, a chamada diplomacia
económica activa, portanto o Português volta a readquirir
alguma importância pela própria dinâmica da
União Europeia, onde é uma das línguas de
trabalho e temos a esperança de que com o auxílio
das boas vontades que estão aqui na Califórnia,
- temos aqui uma delas que é o Dr. Bettencourt - conseguiremos
recuperar a importância do Português.
Adiaspora: Como se sentiu no desempenho das suas funções
de Cônsul Geral?
Dr. Augusto Peixoto: Foi uma experiência muito interessante.
Estive aqui cinco anos e é mais do que o normal, porque
na maioria dos casos só se estão quatro, por razões
várias fiquei cinco e ainda mais porque os meus contactos
aqui na Califórnia foram essencialmente com os Açorianos,
estou muito contente por ter lidado com eles e levo daqui excelentes
recordações e aproveito para enviar um abraço
a todos os Açorianos espalhados pelo Mundo, porque foi
um prazer com eles trabalhar e com eles estar aqui durante estes
cinco anos.
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