AO ENCONTRO DO ASSOCIATIVISMO LUSO EM TERRAS DO QUEBEQUE

- Entrevista com João Dionísio Arruda,
Presidente do Centro Comunitário Português Amigos Unidos de Gatineau-Hull -

(Quebeque, 13 de Dezembro de 2003)

Por Paulo Luís Ávila - Adiaspora.com

Adiaspora.com: Onde nasceu e como surgiu a ideia de emigrar para o Canadá?

J.D.A.: Nasci na freguesia da Maia, concelho da Ribeira Grande, em São Miguel Açores e vim com a idade de 12 anos estuda, para Hull que agora foi agregado a Gatineau, em 1973 um ano antes do início da Construção deste Centro.

Adiaspora.com: Qual o Curso que tirou?

J.D.A.: Tirei o Curso de Cozinheiro, porque era mais fácil e tinha futuro garantido, mas agora estou na construção, porque quando casei e como se trabalhava aos sábados e Domingos tive de abandonar a profissão. Actualmente tenho duas filhas com 17 e 15 anos de idade.

Adiaspora.com: Como e quando começou a dedicar-se ao Centro Comunitário?

J.D.A.: Comecei a jogar na equipe de Futebol "Unidos" em 1977, nos júniores, mais tarde fui treinador da equipe quando disputavam o Campeonato da primeira Divisão Otawa-Carlton. Entretanto chamaram-me para pertencer às Comissões das Festas de S. Pedro, fi-las todas e num ano em que ninguém queria assumir, reuni um grupo de cinco pessoas e a partir daí tenho estado sempre a dar o meu contributo a este Centro. Hoje estou na Direcção como Presidente.

Adiaspora.com: Como se sente no desempenho das suas funções?

J.D.A.: Como Presidente mais novo, que assumiu a Presidência, não podia deixar passar esta efeméride sem nada fazer. A Juventude está a abandonar esta casa e tenho que fazer um grande esforço, bem como os outros membros, para que ela volte e encontre aqui as suas raízes. Isso é um trabalho árduo, mas penso que irei levá-lo a bom caminho e trazer de volta a juventude para alegrar com a sua vivacidade esta casa.

Adiaspora.com: Os jovens Portugueses ou descendentes falam a língua materna?

J.D.A.: Já falam muito pouco. Fora com os amigos só falam o Francês, ou o Inglês, mas percebem muito bem o Português, porque ainda falam em casa com a família. Fora talvez por se sentirem um pouco envergonhados por não falarem a língua oficial deixaram de praticá-la com os amigos Portugueses, mas em certas situações valem-se da língua Pátria.

Adiaspora.com: De quem é a culpa?

J.D.A.: Dos Pais e das Entidades Portuguesas que não nos reconhecem. O Centro teve uma escola Portuguesa, mas o Governo quase nada ajudava e o Centro não podia, porque não se pode estar só a pagar e em troca nada receber.

Adiaspora.com: Quais as actividades deste Centro?

J.D.A.: O Centro tem muitas actividades que englobam a parte religiosa, social, cultural e desportiva. A Comissão de São Pedro que tem a seu cargo a realização das Festas Religiosas no Exterior, a Filarmónica de N. S. De Fátima, uma embaixatriz do nosso Centro, pois vai para todas as festas para que é convidada, tanto em Quebeque como no Ontário e já fez deslocações ao Estrangeiro. É composta por cerca de 40 elementos e tem como maestro José da Silva, sendo a maioria dos tocadores jovens e de origem Portuguesa. Tem ainda o Grupo da Terceira Idade e o Grupo das "Malassadas" e o Grupo Desportivo Amigos Unidos. No entanto a Comissão das Festas de São Pedro tem este nome, mas na realidade é uma Comissão que promove as Festas do Espírito Santo que são normalmente no fim de Junho, altura em que se celebra a Festa de São Pedro.

Adiaspora.com: Onde são obtidos os fundos para manter um edifício com esta envergadura?

J.D.A.: Trabalhamos muito, porque fazemos muitas Festas para angariar os proventos necessários para a manutenção do Centro, no entanto sem a Comissão de São Pedro não seria possível manter esta estrutura física e cultural.

Adiaspora.com: Ao edifício está acoplada a Igreja Paroquial de Nossa Senhora de Fátima. Quem mantém a Igreja?

J.D.A.: A Igreja é autónoma do Centro e são os paroquianos que contribuem para a sua manutenção, no entanto há grande colaboração entre as Comissões e um grande entendimento com o Pároco Padre António Araújo. As reuniões são frequentes entre a Igreja e o Centro (pode-se dizer que é a parte profana) e nunca tomo uma decisão sem consultar o Pároco e vice-versa. Somos duas Entidades mas é como seja só uma.

Adiaspora.com: Como se sente neste País?

J.D.A.: Muito bem, apesar de ter saudades da minha terra. Vou lá de vez em quando, matar saudades, mas para viver lá não, porque tenho cá a minha casa, a minha mulher, as minhas filhas e estou muito bem instalado Graças a Deus.

Adiaspora.com agradece a oportunidade que lhe deram e despede-se com os melhores votos de Boas Festas e de Um Bom Ano cheio das maiores Prosperidades para si e para todos os membros da Comunidade Portuguesa de Gatineau-Hull.

J.D.A.: Muito Obrigado, igualmente.