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O PARTIDO SOCIALISTA NOS AÇORES: UM PROJECTO DE FUTURO (6 de Novembro de 2003) Por José Ferreira - Adiaspora.com
O jovem e dinâmico líder do grupo parlamentar do PS na Assembleia Legislativa Regional dos Açores, Dr. Vasco Cordeiro, esteve recentemente em Toronto a convite da Casa dos Açores onde apresentou uma interessante intervenção muito aplaudida por todos quantos a assistiram. Nesta entrevista, o Dr. Vasco Cordeiro traça um breve historial da actuação que o seu partido tem tido naquele arquipélago nestes últimos sete anos de governação e diz-nos estar convicto que ao Partido Socialista continua a oferecer as melhores condições para assegurar um futuro próspero e de progresso para aquela região autónoma. Adiaspora.com: Pode dizer-nos qual o motivo desta sua visita a Toronto? Dr. Vasco Cordeiro: Esta visita surgiu na sequência de um convite que me foi dirigido pela Casa dos Açores em Toronto para participar na VII Semana Cultural com uma intervenção a que dei o título de Autonomia e Emigração, procurando por essa via estabelecer uma relação entre essas duas realidades. Não é a primeira vez que estou em Toronto. Já cá estive, embora a outro título, mas é a seguramente a primeira vez que tive a oportunidade de contactar mais directamente com uma das instituições através das quais se organiza a comunidade açoriana. Adiaspora.com: Gostou do que cá viu? Dr. V. C.: Bastante. Gostei sobretudo da amabilidade, da simpatia com que fui recebido e da disponibilidade e atenção com que a comunidade portuguesa acompanhou todas as iniciativas da Semana Cultural, o que é um sinal muito positivo.
Adiaspora.com: Recebemos notícia do Peter Fonseca de que houve uma reacção muito positiva à sua intervenção de hoje em Queens Park. Quer comentar algo sobre esta sua visita ao Parlamento da Província do Ontário? Dr. V. C.: Em primeiro lugar, devo dizer-lhe que tive - e gostava de salientar esse aspecto - todo o prazer e toda a honra em ter oportunidade de contactar com Peter Fonseca, um membro do citado Parlamento. Apesar de não ter ascendência açoriana, Peter Fonseca demonstrou um cuidado e uma atenção muito precisa e atenta à realidade da comunidade portuguesa em geral, e em especial em relação à comunidade açoriana. Fiquei extremamente satisfeito com isto como responsável político nos Açores, pelo facto de ver que aqui, no Canadá, e mais concretamente na Província do Ontário, existe um responsável político que tem este tipo de cuidado e atenção. Por conseguinte, a primeira nota que gostava de dar em relação a isto, foi exactamente este tipo de cuidado, este interesse demonstrado pelo Peter Fonseca em relação à realidade da comunidade. Esta visita e a reunião que tive oportunidade de realizar em Queens Park, na qual reuni com Peter Fonseca e onde também tive um contacto, embora breve, com a Ministra da Cidadania e Imigração, serviu e serve essencialmente para deixar uma nota muito clara e muito precisa em relação ao acompanhamento que nos Açores fazemos e, no caso concreto, que o Partido Socialista dos Açores faz àqueles assuntos que dizem respeito à comunidade, não só através daqueles assuntos que têm a ver com os Açores e que têm a ver com a actuação dos órgãos de governo próprios dos Açores, mas também em relação àqueles assuntos e aquela actuação por parte dos órgãos da administração canadiana como é o caso do parlamento de uma província como a do Ontário. Portanto, foi exactamente isto tipo de sinal. Tive oportunidade de salientar este aspecto em relação ao Peter Fonseca, membro do Parlamento, e se é possível fazer um saldo da visita, será saldo extremamente positivo, desde logo, pelo interesse demonstrado pelo Peter Fonseca.
Adiaspora.com: Quais são as principais funções de um líder parlamentar? Dr. V. C.: O líder parlamentar é, desde logo, um deputado como outro qualquer. Por conseguinte, está sujeito às tarefas de representação, acompanhamento e discussão de matérias como estará todos os deputados. Tem a responsabilidade acrescida, se quiser colocar assim, de representar e coordenar o grupo parlamentar, ou seja, aquele conjunto de deputados que se associam sob a figura do grupo parlamentar, de coordená-los ao nível político em estreita ligação com os órgãos dirigentes do partido, no caso, do Partido Socialista, e coordenar também do ponto vista do funcionamento quotidiano e da gestão grupo parlamentar. Adiaspora.com: Acha que os Açorianos votam em partidos políticos ou nas pessoas? Dr. V. C.: Penso que talvez se esteja a esbater mais a diferença do voto em termos de partidos políticos identificados com ideologias, mas isso é geral, e não apenas sinal, sintoma ou uma característica dos Açores. É óbvio que cada vez mais, as pessoas personificam um determinado tipo de projectos e é a esta personificação que o eleitorado é especialmente sensível. É natural que as pessoas que assumem a liderança de um determinado projecto tenham uma especial importância, um especial peso na determinação do sentido de voto do eleitorado. Adiaspora.com: Por vezes ouvimos comentários como "O homem certo no partido errado". Eis a razão desta minha pergunta. Dr. V. C.: Bem, isto tem a ver, fundamentalmente, com o seguinte: A pessoa vale pelas suas capacidades mas também vale, sobretudo, pelos ideais e pelo aquilo que defende. São coisas indissociáveis. Adiaspora.com: Em que áreas é que a crise actual que o país vem atravessando tem afectado os Açorianos? Dr. V. C.: Penso que a nota característica é sobretudo esta: A economia dos Açores, e para falar apenas do ponto vista económico, não está imune a crises. É uma economia altamente dependente da economia nacional, por exemplo, ao nível do turismo em que o mercado continental representa 52% daquele que é o sector turístico dos Açores e que se ressentiu, obviamente. A propósito da crise nacional o que interessa realçar é: Os Açores estão, de certa forma, a conseguir ultrapassar toda esta turbulência com relativa estabilidade. Temos uma taxa de desemprego que é extremamente positiva. Estamos na casa dos 2%. Temos uma inflação que tem vindo a descer. Temos um conjunto de sinais do ponto vista de estabilidade e de apoios aos nossos empresários que permitem que os Açores passem esta crise com alguma facilidade e como alguma estabilidade. Mas isto não quer dizer que não tenhamos cuidados. O que é preciso, sobretudo, é ter em conta o seguinte: A perspectiva com que encaramos estas situações. Não sacrificamos valores essenciais e direitos fundamentais para as pessoas, o direito ao emprego, por exemplo, em função de outros interesses. Temos conseguido, fruto da capacidade de liderança do Presidente Carlos César e de toda a equipa que o acompanha, conciliar uma política rigorosa de gestão cuidada das finanças públicas juntamente com um apoio às actividades económicas com uma forte aposta do ponto de vista da política social. Temos feito o nosso caminho e hoje a realidade nos Açores é, para além de substancialmente diferente daquilo que se vivia há alguns anos, diferente da situação difícil que se vive no todo continental. Adiaspora.com: Acredita numa vitória do PS? Dr. V. C.: Estou inteiramente convicto disso. Adiaspora.com: Em que se baseia esta sua expectativa? Dr. V. C.: Vários motivos. Em primeiro lugar, pelo seguinte: O PS tem provas dadas da sua actuação em favor dos Açores. E isto, mais do que palavras, é constatável visitando os Açores hoje e comparando-o com os Açores de 1996. O PS tem conseguido progressos em vários sectores. Onde é que se falava em turismo? Hoje temos no turismo um sector crescente. Ao nível da agricultura, os nossos agricultores tinham o leite com atraso, em algumas ilhas, de largos meses o que já não acontece; nas pescas, com um conjunto de infra-estruturas essenciais e na acção social. Em algumas situações, quadruplicámos serviços postos à disposição das pessoas. É um conjunto de matérias que está no património do Partido Socialista, daquilo que conseguiu fazer, não por bem do Partido Socialista, mas sim pelos Açores e açorianos. Este é o objectivo da nossa actuação. O segundo elemento que nos leva a ter confiança, é que o PS, ao longo de sete anos, esteve virado para os açorianos, para satisfazer as sua necessidades com honestidade, rigor e muita determinação. Recordo-lhe, por exemplo, as graves calamidades que conseguimos ultrapassar. Vencemos. Ultrapassamo-las e, ao fim deste tempo, estamos aqui a apregoar que é possível fazer-se mais. Mas isto é o passado e há que também de falar do futuro e, sobretudo, dar a justificação, segundo a sua pergunta, por que razão é que o PS pode vir a ganhar. O projecto que o PS tem para os Açores ainda não está concluído. Ainda não foi tudo feito e houve coisas, inclusive, que terão falhado, que não correram da maneira que nós gostaríamos que tivessem. Portanto, há ainda muito para fazer e o Partido Socialista, nesta conjuntura, é aquele que tem melhores condições para realizar esta tarefa. Estamos convictos que os açorianos estão sensíveis a esta realidade e a constaram. É por essa razão que nos apresentamos com muita confiança num terceiro mandato como responsáveis pelo Governo dos Açores. Adiaspora.com: O que preocupa mais os políticos, a política ou as pessoas? Dr. V. C.: A pergunta não deve ser colocada em alternativa porque só se pode conceber a política se esta estiver voltada para as pessoas. Por conseguinte, a preocupação dos políticos são as pessoas. Logo a preocupação destes é também a actividade política porque esta é virada para as pessoas. Adiaspora.com: Se fosse Presidente do Governo Regional dos Açores a que sectores daria mais importância? Dr. V. C.: A questão não se coloca se fosse. Faço parte de um projecto, de um partido liderado pelo Presidente Carlos César em que existe uma comunhão total no que diz respeito às áreas que são prioritárias e de definição deste projecto. Adiaspora.com: Significa que concorda com todas as directivas do Presidente Carlos César? Dr. V. C.: Absolutamente, tendo sempre em conta aquela que tem sido uma perspectiva que o Presidente Carlos César tem salientado diversas vezes e que é, no fundo, uma das razões pelas quais o Partido Socialista, sete anos depois de assumir o Governo, continua a ser o partido que melhores condições dá para a realização do projecto para os Açores, numa postura de permanente auto-crítica, atenção e cuidado de fazermos mais e melhor; sabermos onde é que falhámos; porquê que falhámos e reconhecer que o fizemos, o que é essencial num projecto político. O Presidente Carlos César tem, deste ponto de vista, liderado este projecto político com excelência. Adiaspora.com: Como é do seu conhecimento, em 2003 celebram-se os 50 Anos da Primeira Imigração Oficial para o Canadá. Tivemos conhecimento que, entre 14 e 22 de Novembro, os Pioneiros de origem açoriana estarão nos Açores a convite Senhor Presidente do Governo Regional dos Açores. Quer comentar? Dr. V. C.: Penso que é uma iniciativa que dá bem conta do cuidado e da atenção que o Governo Regional dos Açores tem para com o fenómeno da Imigração em geral, e, em especial, para com os Pioneiros da Imigração para o Canadá. É uma justa e merecida homenagem. Adiaspora.com: Colocamos Adiaspora.com à sua disposição para deixar uma mensagem às comunidades açorianas se assim o desejar. Dr. V. C.: Gostaria de deixar um abraço do tamanho dos Açores, um abraço muito fraterno e solidário para que todos aqueles que residem aqui, no Canadá, e em outras partes do mundo, não se esqueçam dos Açores e de Portugal e continuem a trabalhar quotidianamente para manter acesa a presença açoriana e lusa no estrangeiro. Penso que é o fundamental, sendo certo que também da minha parte, e da nossa parte em termos de Partido Socialista, estamos à disposição naquilo que podermos ajudar. Mas, sobretudo, é esta palavra de enaltecimento da actividade, do trabalho, do esforço e da atenção que a comunidade portuguesa por todo o mundo tem manifestado para com Portugal e para com os Açores em particular. Adiaspora.com: Desde já, queremos
agradecer-lhe a oportunidade que deu à Adiaspora.com e
é um sempre prazer tê-lo entre nós. Muito
obrigado. |
