ESTREIA UNIVERSAL DO FILME «TOADAS DO MAR E DA TERRA»
Paulo Luís Ávila - Adiaspora.com
As pessoas que se deslocaram e lotaram a nossa
sala de vistas Lajense, o Auditório Municipal, no passado
dia seis de Fevereiro, para verem a ante-estreia a nível
Nacional e Mundial do filme realizado pelo Zeca Medeiros e que
tinha o título: "TOADAS DO MAR E DA TERRA", -
VIAGEM AO Universo do Escritor Dias de Melo, deram por bem empregue
o seu tempo.
Foi uma homenagem muita sentida ao homem do Pico,
ao escritor, ao poeta, ao compositor, ao professor, ao baleeiro,
que viu na tela a consagração inequívoca
da sua vida e obra literária. A Presidente da Edilidade
Lajense, Sara Santos, falou em primeiro lugar e disse: "a
realização deste filme foi uma iniciativa conjunta,
entre a Câmara Municipal das Lajes do Pico e a RTP-A".
O actual Director Osvaldo Cabral, do Canal de Televisão
Açoriana, no momento da sua intervenção referiu:
"É um grande prazer estarmos hoje aqui nas Lajes do
Pico a assistirmos e para apresentar, a ante-estreia a nível
Nacional e Mundial do filme produzido pela RTP-A, que a seguir
todos os presentes vão ter o privilégio de ver,
da vida e obra de Dias de Melo. É uma homenagem muito simples
na comemoração dos 50 anos do escritor. A Câmara
Municipal apoiou a elaboração deste documentário,
bem como a RTP-A e está aberta a todas as iniciativas que
daqui das Lajes e do Pico, possam futuramente surgir. Dentro de
poucas semanas vamos entregar a um correspondente aqui do Pico
uma câmara de filmar, que será um meio colocado ao
alcance de todos os espectadores das outras Ilhas e desta, para
visualizarem a divulgação dos eventos a realizar
nesta Ilha do Pico".
O Escritor falou a seguir e do seu discurso reproduzimos
estas falas: "É costume marcar o início da
vida literária de qualquer escritor a partir da publicação
do seu primeiro livro. No meu caso, será deitar para o
lixo tudo o que escrevi antes, principalmente n'O Telégrafo,
um pouco no Correio da Horta, no Faial, e, depois, n'A
Ilha e no Açores, em Ponta Delgada? Sei que por esse
tempo, muito antes de 1954, o suplemento cultural de um dos grandes
órgãos da Imprensa de Lisboa transcreveu, d'O
Telégrafo, um soneto meu. E já agora, em 1964,
há 40 anos, saiu o livro Pedras Negras. Houve quem
sugerisse iniciarem-se, com o lançamento da sua terceira
edição em língua Portuguesa, na Bertrand,
em Ponta Delgada, do atrás citado Pedras Negras
nos finais do ano passado, as comemorações do meu
meio século de vida literária. Não! Iniciam-se
hoje, aqui, nesta parcela da minha Terra, a vila das Lajes, capital
do meu concelho". Referindo-se a terminar ao cantor Fernando
Tordo enfatizou: "Um encontro telefónico. Uma breve
conversa de amigos. Um a querer saber do outro. Digo-lhe isto
que, um dia não muito distante, aqui aconteceria. E ele:
que quer, nesse dia, aqui estar comigo. Que, em estando tudo acertado,
que lhe comunicasse, com boa antecedência, para que tivesse
tempo de ordenar as coisas de modo a poder fazer a viagem. E aqui
o temos. E aqui o tenho. Com que sacrifícios só
ele o sabe". Intervieram durante o discurso do escritor e
em tempo apropriado, respectivamente, Manuel Francisco Costa Júnior
(Director do Museu dos Baleeiros) e Sidónio Bettencourt,
(futuro apresentador do Programa da RTP-A, -Atlântida-
), para declamarem dois sonetos da autoria do homenageado, o primeiro
intitulado Inspiração publicado no dia 20-12-1944,
n'O Telégrafo e o segundo Angústia
inserto no livro Toadas do Mar e da Terra, em 8-4-1954
(há 50 anos). O músico e compositor Fernando Tordo,
tomou a palavra para destacar que era um grande prazer estar presente
no dia em que era homenageado o amigo e o homem Dias de Melo e
a terminar leu um recado dum amigo comum Nuno Gomes dos Santos
que se exprimia nestes termos: "Para Dias de Melo, no dia
em que as imagens consagram a vida de tantas dezenas de anos a
dar-nos palavras comprometidas. Sábias e com a cor da ternura,
com que se decifra o que de melhor há nos homens, sem esquecer
a denúncia de coisas feias e sempre com a postura vertical
de ser sol de Abril, na escrita, na postura, no límpido
olhar com que, olhando para mim me abraça, no olhar que
tentando imitá-lo com ele, abraça o futuro".
Antes de visualizarmos o filme, Zeca Medeiros, o seu realizador
e grande impulsionador desta obra referiu que:"Neste documentário
de 70 minutos não cabem nem a vida nem a obra de Dias de
Melo. Muitos textos ficaram por dizer, muitas canções
ficaram por cantar. Isto é uma homenagem da RTP-A e de
mim próprio, a Dias de Melo". No final foi cumprimentado
por todos os presentes, tendo mesmo com alguns deles emocionando-se
fortemente.
Clicar p/ ver
|