JOÃO FERREIRA NUNES, UM POETA DO POVO
Paulo Luís Ávila - Adiaspora.com
No lugar da Terra do Pão, que alguns
jocosamente dizem ser a «terra da pouca farinha»,
situado debaixo das quebradas da montanha do Pico e um dos
poucos lugares da Ilha em que não se vislumbra o topo
da Montanha, marca pela cultura e pelo folclore. Assim no
passado fim-de-semana, João Ferreira Nunes, um Picoense
a residir no estrangeiro, mais precisamente numa cidade de
nome Abbotsford, na Província de British Colombia,
Canadá, para os lados do Pacífico, veio à
sua terra natal a Terra do Pão, também conhecido
por Santa Margarida, para lançar o livro a que deu
o sugestivo título: «O Emigrante
e a Saudade».
Este Picoense, poeta desde tenra idade, tinha
o costume de escrever em verso ao Pai e ele por sua vez respondia-lhe
do mesmo modo. Também o mesmo se processava com o irmão
Manuel Ferreira Nunes, que casou para as Lajes. João
de seu nome de baptismo, nasceu a 24 de Janeiro de 1927, no
lugar acima referido da Terra do Pão, freguesia de
São Caetano, vulgo Prainha, e casou em 1950 com Eduina
Pereira de Melo e deste casamento floriram cinco vistosas
flores: Margarida e Eduina, Ana Maria, João e Laura.
Devido às vicissitudes daquele tempo, João Nunes
abandonou um dia a sua terra e foi até ao Canadá,
porque era mais fácil a entrada. Foi para a Província
de Ontário para cidade de Lyn, passou por outras cidades,
também naquela província mas um dia a irmã
veio visitá-lo e levou-o consigo até à
Califórnia onde morava, na cidade de Tracy. Foi aí
que nasceu a Ana Maria que com o marido Tom, acompanham o
pai e sogro até ao Pico, mas só lá esteve
dez meses, porque nunca se conseguiu naturalizar e veio até
B.C. onde se fixou, para ficar mais perto da Califórnia
como me confidenciou.
O salão do Centro Social da Terra
do Pão, encheu-se de povo, para presenciarem o evento,
mas o que é certo é que não se ficaram
só pela presença, porque muitos foram aqueles
que trouxeram petiscos, bolos e pudins, para no final confraternizarem.
Presidiu à sessão o Presidente da Edilidade
da Madalena e ainda Fátima Vargas em representação
da Directora das Comunidades, o Reitor do Santuário
do Bom Jesus, Pe. José Carlos Vieira Simplício,
que foi o apresentador da obra e o autor, João Ferreira
Nunes. À esquerda do Presidente, ficaram: Pe. Manuel
Garcia, Pároco de São Caetano e do curato de
Santa Margarida (Terra do Pão), Presidente da Junta
de Freguesia, Carlos Goulart e a filha que o acompanhou, Ana
Maria. O Pe José Carlos referiu e declamou algumas
estrofes e falou com a eloquência que todos nós
lhe reconhecemos, porque também ele é um poeta
e um escritor já com créditos bem firmados.
A seguir falou Fátima Vargas que referiu: «também
já senti na pele as agruras da emigração,
pois estive a residir na cidade de Staugton, Mass., durante
25 anos». Depois o autor da obra agradeceu a comparência
de todos os presentes e frisou a simpatia dos que o quiseram
acompanhar naquele momento, dizendo nomeadamente: «A
saudade é como o vento, sente-se, mas não se
toca. Ela atravanca, tira a vontade de comer e tira o sono».
O Presidente da Câmara encerrou a sessão e da
sua fala respigamos estes parágrafos: «Não
podemos fazer muita coisa, mas isso que pudermos fazer e não
as transmitirmos aos outros que vem após nós,
essas coisas perder-se-ao no esquecimento. A Ilha do Pico,
a partir de agora fica muito mais rica e evoluída culturalmente
com este livro. A Câmara vai adquirir cem exemplares,
para distribuir por entidades e pelas instituições
do concelho da Madalena». José Gaspar, um
dos nossos poetas «repentistas» picoenses, disse
a sua quadra a qual reproduzimos: «Da mais rude há
mais discreta/ Do pobre ao rico cidadão/ Nasce no fim
mais um poeta/ Nesta linda Terra do Pão/. Seguiu-se
a exibição do Rancho Folclórico de São
Caetano, constituído por bailadores e bailadeiras,
residentes maioritariamente na Terra do Pão - das quais
não posso deixar de destacar a jovem Joana Paulo possuidora
duma graciosidade invulgar. Os livros foram oferecidos a todas
as famílias presentes e autografados pelo poeta.
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