FESTA DE SÃO ROQUE
Paulo Luís Ávila - Adiaspora.com
A Festa de São Roque, que se realizou
no dia 16 de Agosto p. p. foi muito concorrida e os fieis
acorreram em grande número, nomeadamente à Missa
da Festa e à procissão. O templo que se encontra
há anos em ruinas, encheu-se de fieis que assim celebraram
a festa do seu padroeiro. Na procissão incorporaram-se
as duas filarmónicas da Vila, bem como as de Santo
Amaro e da Prainha. Aproveitando o ensejo Maria de Fátima
Serpa, lançou o seu primeiro livro e assim entrou para
os anais da história dos nossos escritores Picoenses.
E do seu discurso saliento as palavras que passo a transcrever:
« ... em 1969 abandonei esta saudosa freguesia que me
viu nascer e na qual recebi o que de melhor uma criatura pode
possuir para enfrentar a vida, com honradez e força
de vontade, afim de vencer as inúmeras dificuldades
que a todos surgem. Longe de tudo e de todos, que constitui
o nosso mundo, só Deus sabe o quanto nos esperava na
terra que um dia procurámos, no intuito de assegurar
um futuro mais risonho. Não será novidade para
ninguém que as rosas que se podem colher nessas regiões
que a diáspora nos oferece, por vezes contêm
espinhos bem dolorosos. E um desses espinhos, é certamente
as recordações da nossa infância, da nossa
terra, dos nossos amigos e familiares, que a palavra saudade
traduz. Também por sentir essa saudade que foi alimentada
com as conversas, quase diárias, que mantinha com o
meu esposo e companheiro de luta pela nossa sobrevivência
um dia houve em que resolvemos passar ao papel o que nos ia
na alma, ou seja: descrever a beleza do torrão que
nos viu nascer, costumes e tradições, contos
e cantares dos nossos antepassados e, sobretudo, a coragem
com que tantos Filhos das Ervas,
- é este o título do livro – encontraram,
para puderem ultrapassar os muros que os afastavam de uma
vida digna e aceitável.» E mais à frente
diria e sublinho: « Apenas com a quarta classe, podereis
imaginar as dificuldades que tive para puder expressar todo
o meu sentir. Mesmo assim, entendi que poderia traduzir, numa
linguagem simples e compreensível, aquilo que nos contaram,
ao longo da nossa infância, e que, vivi e senti, com
o meu esposo e o que, no dia a dia, passam os milhares de
emigrantes que me rodeiam.» E a terminar declamou este
poema:
Pico!
És tão cheio de encantos
Recebestes o meu pranto
Aí, ao meu nascer.
Pico!
Eu te estou visitando
Não aguento o meu pranto
Longe de ti a sofrer.
Apesar deste lançamento ter tido lugar na véspera
da Festa, em sessão própria, não deslustrou
em nada a religiosidade que se vivia. O Pe. José Idalmiro
Ferreira foi o apresentador e revisor da obra e foram muitos
os que marcaram presença neste acto.
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