SECRETÁRIO DE ESTADO DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS,
DR. JOSÉ CESÁRIO, INAUGURA EMISSÃO DE BILHETES
DE IDENTIDADE EM TORONTO
(26 de Janeiro de 2004)
Por Carlos Morgadinho - Adiaspora.com
Uma vez mais esteve entre nós o Secretário de Estado
das Comunidades Portuguesas, Dr. José Cesário, desta
com a finalidade de inaugurar o Centro Emissor de Bilhetes de
Identidade do Consulado Geral de Portugal em Toronto, de reunir-se
com os Conselheiros do Conselho das Comunidades e de deslocar-se
também à cidade de Kingston, no Ontário,
onde visitou um núcleo local de Luso-Canadianos, contactando,
ao mesmo tempo, com diversas individualidades oficiais daquela
localidade.
Para isso, no dia 26 de Janeiro findo, a Galeria
Almada Negreiros, do Consulado Geral de Portugal, foi pequena
para acomodar tanta gente para assistir à cerimónia
de entrega dos primeiros Bilhetes de Identidade, emitidos pelos
Serviços Consulares de Toronto, pelas mãos do Dr.
José Cesário, estando também presentes o
Cônsul Geral de Portugal em Toronto e o Embaixador de Portugal
no Canadá, Drs. Artur de Magalhães e João
Pedro da Silveira Carvalho, respectivamente. Na sua alocução
o Secretário de Estado para as Comunidades frisou a importância
e o impacto desta inauguração na Comunidade Lusa
aqui radicada e que abaixo transcrevemos na íntegra:
"...Efectivamente julgo que este dia
será um dia muito especial com particular significado para
algo por que nós nos debatíamos há muito
tempo - alguns há muitos anos. Nós temos inscrito,
com objectivo central da política do actual Governo dirigido
às comunidades portuguesas, proporcionar um maior estreitamento,
uma relação mais próxima entre os portugueses
que estão em Portugal e os portugueses que residem fora
de Portugal. E há, é público, vários
factores que determinam separação, afastamento e
diferenças de tratamento.
Por isso nós, há muito tempo,
que determinámos - e eu tive a oportunidade de o aqui dizer
por diversas vezes - que havia sobretudo passar das palavras aos
actos e desenvolver medidas que possam demonstrar, concreta e
claramente, que se está a promover uma maior aproximação
entre Portugal e os seus cidadãos que estão a viver
fora do território nacional. E, efectivamente, esta questão,
a dos Bilhetes de Identidade, era das mais gritantes. Há
pouco tempo ainda, o Bilhete de Identidade, demorava larguíssimos
meses e chegou até a demorar vários anos, como os
senhores sabem. Apesar de todas as alterações que
nós introduzimos, no seio do Emissor da Rede Consular em
Lisboa, ainda tínhamos períodos ou prazos de demora
na entrega que se situavam na ordem dos dois meses ou dois meses
e meio. Por isso eu tinha que passar para o plano da modernização
real. Há muito tempo que se anda por aí a badalar,
que se informatizou, que se fez isto e que se fez aquilo, a verdade
porém é que hoje, em 2004, temos apenas trinta e
cinco dos cento e vinte e um postos consulares espalhados pelo
Mundo com o sistema informático como é o caso aqui
do Consulado em Toronto.
A verdade é que até agora os
portugueses ainda tinham que passar por este martírio para
tirarem um documento essencial que garanta a sua identificação
como cidadãos nacionais terem de demorar tantos meses.
Por isso nós elegemos um conjunto de medidas muito concretas
que visam exactamente ultrapassar estes problemas que tem tudo
a haver essencialmente com a modernização e com
a restruturação da nossa rede consular. É
isto que está em causa.
Meus caros amigos espero que estejam conscientes
que nós vamos informatizar novos vinte consulados dos quais
oitenta e tal estão ainda por informatizar e obviamente
tínhamos como grande meta iniciar a experiência da
emissão dos bilhetes de identidade nos postos consulares.
Alguns vão dizer que isto é uma medida simples.
Pois é. De facto trata-se de uma medida simples mas é
uma medida simples mas é uma medida que nunca ninguém
tinha podido executar tudo por uma questão de fundos. É
que foi preciso garantir entendimento muito próximo entre
o nosso Ministério, o Ministério dos Negócios
Estrangeiros e o Ministério da Justiça. Era isso
o essencial que estava em causa. Aquilo que se vai fazer é
colocar nos postos consulares uma competência que é
o Ministério da Justiça. Aquilo que se vai fazer
é transformar os Postos Consulares, os principais Postos
Consulares Portugueses no estrangeiro, em estruturas idênticas
às Conservatórias do Registo Civil que nós
temos nas nossas capitais de Distrito.
O que se vai passar a partir de agora aqui
em Toronto, e desde o passado mês de Dezembro em São
Paulo e em Paris, desde a semana passada em Genebra, a partir
da próxima semana em Johannesburg, o que se vai passar
é que os portugueses aqui, em Toronto, os portugueses vão
tirar o seu Bilhete de Identidade como eu tiro na minha cidade,
em Viseu, ou em Lisboa, ou em Bragança ou em Faro ou seja,
deixa de haver descriminação entre os portugueses
que estão em Portugal e os portugueses que estão
a residir aqui e portanto este bilhete de identidade passará
a ser tirado de um dia para o outro admitindo, que a experiência,
vai correr bem.
Queria bem que ficasse claro aqui uma coisa:
trata-se de uma experiência piloto e é natural que
haja problema. Nós quisemos exactamente implementar esta
experiência em cinco postos consulares. Não fizemos,
como no passado, se fez, quando começamos, por exemplo,
com a rede de passaportes - começámos não,
começaram outros antes de nós - em que se comprou
todo o equipamento por atacado, colocou-se equipamento nos postos
e hoje, passado quatro anos de se ter iniciado a emissão
de passaportes, encontro equipamento embalado em variadíssimos
postos porque não houve um plano de execução,
como é sabido.
Mas nós vamos fazer um contracto. Começamos
por cinco postos, foram aqueles que já referi e espero,
ainda este ano, de acordo com a evolução, e a avaliação
desta experiência, ainda este ano, consigamos alargar esta
rede aos principais postos consulares em que com certeza aqui
no Canadá não será apenas Toronto o posto
emissor e espero que Montreal também o seja, e repito,
antes do fim do ano.
Por isso, meus caros amigos, queria que interpretassem
isto como algo que eu considero como uma das maiores revoluções
que poderíamos fazer na Secretaria de Estado. Mas também
não queria deixar a ideia de que, neste momento, é
apenas esta medida que está em curso para os portugueses
da diáspora e, é apenas, esta medida que se destina
promover a tal aproximação entre os portugueses
da diáspora e os portugueses residentes em Portugal.
Chamo a vossa atenção, minhas
senhoras e meus senhores, para o facto de há alguns dias
já ter sido publicado no Diário da Republica a nova
Lei que determina que o processo de reaquisição
da nacionalidade portuguesa por parte dos portugueses, que foram
muitos, que a perderam por aquisição de uma segunda
nacionalidade antes de 1981. Essa publicação vem
também implicar o fim de um calvário que muitos
passaram porque perderam a sua nacionalidade sem saber que isso
se estava a verificar-se. Uma Lei que agora foi aprovada pelo
Parlamento, promulgada por Sua Excelência o Senhor Presidente
da Republica e publicada pelo Diário da Republica, surgiu
exactamente na sequência de uma proposta de Lei que nós
apresentámos no Parlamento e que permite finalmente simplificar
de forma inequívoca este processo de reaquisição
de nacionalidade transformado mesmo o processo de alguns casos
num processo meramente automático o que julgo vai também
responder a muitas das pessoas da nossa diáspora.
Queria igualmente dizer-vos que temos vindo
a desenvolver um programa de valorização de despertar
de novos protagonistas das nossas Comunidades. Nós temos
uma grande preocupação que é garantir que
as novas gerações não se afastam das nossas
Comunidades. Que as novas gerações não se
afastam de Portugal. E neste sentido temos vindo desde há
um ano desta parte para se desenvolver um conjunto de acções
que visam exactamente que apareçam novos protagonistas
das Comunidades que, conjuntamente com os mais antigos, sejam
capaz de dar nova vida às nossas colectividades, nova vida
às nossas Associações e, por que não,
defendendo melhor a imagem, os valores da nossa Pátria,
de Portugal. Realizámos já variadíssimos
encontros e conseguimos antes do ano de 2003 lançar uma
plataforma Mundial de jovens das comunidades portuguesas esperando
ainda que, durante o ano de 2004, lançar uma associação
da comunicação social das comunidades portuguesas
que deverá acontecer em Maio e realizar o primeiro encontro
mundial das Câmaras de Comércio portuguesas no estrangeiro.
São acções que se destinam exactamente para
nos aproximarmos de fomentar os protagonistas das comunidades
que é a mesma coisa que dizer fomentar a participação
cívica e política não apenas no contexto
das Comunidades mas também no seio da sociedade do país
de acolhimento
Termino, dizendo-vos ainda, que espero que
dentro de pouco tempo, neste momento o processo já está
apenas nas mãos das autoridades canadianas para recolha
das necessárias concordâncias, teremos condições
para abrir postos honorários, os titulares já estão
na fase de nomeação porquanto temos os seus nomes
publicados no Diário da Republica, para postos consulares
honorários em Kingston, em London, e em Leamington, para
que assim possamos completar todo este plan destinado a todos
os portugueses que estão no Canadá e muito particularmente,
neste caso concreto, no Ontário...".
Terminada a intervenção do Secretário de
Estado das Comunidades, Dr. José Cesário, foi de
imediato chamados os primeiros titulares de Bilhetes de Identidade
emitidos em Toronto, tendo, naquele acto, sido entregue aquele
documento de identificação. Assim João Jacinto
Madeira, Ivan de Jesus, Maria de Fátima Mendes de França
Mendonça, Maria Urânia de Oliveira de Meneses, Rogério
Viveiro do Rego, José Manuel Ribeiro do Rego, António
José Ribeiro do Rego, Fernanda Teixeira das Silveiras e
Rui Miguel Carvalho da Silva foram chamados para o recebimento
daquele documento.
Para oficializar este momento, tão importante para as
nossas gentes, foi cortado um bolo comemorativo cujas fatias foram
seguidamente distribuídas por todos os presentes. Foi-nos
também facultado o acesso ao departamento onde se encontra
instalado o equipamento para o processamento dos bilhetes de identidade
tendo-nos sido dados, por alguns funcionários daquele Consulado,
um sumário minucioso e bem elucidativo do seu funcionamento
e operação.
Esperamos que, com a entrada de funcionamento desta nova tecnologia
no Consulado Geral de Portugal em Toronto, venha, de uma vez para
sempre, resolver um problema grave que, há mais de vinte
anos, afligia os nossos cidadãos aqui radicados quando
necessitavam de adquirir ou renovar aquela essencial peça
de identificação.
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