CELEBRANDO O ANO DO GALO NA GALERIA DE ARTE CHINESA


Por Ilda Januário

 

Como tem vindo a acontecer nos últimos anos, fui celebrar o Ano Novo chinês na Galeria de Arte Chinesa do Ontário a convite do Sr. Afonso Chen, Vice-presidente do Clube Macau, na passada Quinta-feira, dia 10 de Fevereiro. Convite que ele estende a toda a comunidade portuguesa e a que meia dúzia responde, em parte porque a celebração tem calhado durante a semana, a meio do dia.


Sr. Afonso Chen, Vice-presidente do Clube Macau.

O ano lunar é celebrado por várias comunidades asiáticas além da chinesa: coreana, vietnamita e japonesa, e a cada ano é atribuído o nome de um de doze animais, sendo 2005 o Ano do Galo. Pelo nosso calendário, os celebrantes do ano lunar festejaram o início de 4702 a 9 de Fevereiro. Aos doze animais correspondem horóscopos e, assim são do Galo, as pessoas nascidas nos anos 1909, 1921, 1933, 1945, 1957, 1969, 1981, 1993, 2005.

São-lhes atribuídas as seguintes características: pessoas em geral capazes e talentosas, tendem por isso a andarem muito ocupadas e a devotarem-se profundamente ao que empreendem, ficando muito decepcionadas se falham. Tem a tendência a ser excêntricas e a ter um relacionamento difícil com os outros, gostam de se gabar e obstinam-se em ter razão, o que amiúde acontece. Gostam de ser o centro da atenção e de ser escutadas. Apesar de terem a aparência de aventureiras e sociáveis, são no fundo tímidas e solitárias. As suas emoções, como a sua sorte, tendem a subir e descer vertiginosamente. Podem dar provas de egoísmo e ser demasiado francas, mas são sempre interessantes, corajosas e extremamente leais.

Enfim, não sou perita do assunto, mas não faltam websites sobre ele e, não sendo nascida sob o signo do Galo, não posso atestar da veracidade destas constatações zodíacas… Só sei é que ir à Galeria de Arte Chinesa do Ontário é sempre um prazer dado que se combina arte com celebração e comida chinesa com vinho português. As paredes estão cobertas de pinturas alusivas ao animal cujo ano se celebra e, este ano, os artistas deleitaram-nos também com pinturas feitas na ocasião, depois do presidente da Associação de artistas chineses proferir palavras de boas vindas. O que aprendi não foi tanto das palavras dele, dado que não percebo a língua, mas que os artistas plásticos chineses já têm a sua associação e nisso, como no ano, encontram-se mais avançados do que nós!

O Sr. Afonso Chen faz sempre questão em convidar o cônsul português, sendo ele próprio um frequentador dos eventos no nosso consulado e um elo vivo entre os continentes, as comunidades, as línguas, as culturas e a história. Assisti até a uma pequena sessão fortuita entre ele e o dito presidente da associação para ajudar este último a pronunciar “Domingos”, o apelido do nosso cônsul, enquanto que o filho de Sr. Chen, o Joseph, explicava com uma ponta de orgulho aos demais: “My father speaks fluent Portuguese”. E é verdade!

Segundo uma colega chinesa, o ano do Galo é tido como o ano da sorte. Pois naquela deliciosa associação que fazem também os portugueses, entre a rima e a verdade, os chineses associam os sons à caligrafia e aos conceitos. Um dos símbolos e sons que perfazem o nome de “galo” – ji - também é partilhado por “boa sorte”. Oxalá que sim, Sr. Chen, que terminemos melhor o Ano do Galo do que o passado, o Ano do Macaco (animal tido como trapaceiro), sem tsunamis nem outras catástrofes naturais ou humanas.

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Fotos de Carlos Morgadinho