DISCURSO DO PRESIDENTE DO GOVERNO
NA EXPOSIÇÃO DE ACTIVIDADES ECONÓMICAS
Texto integral da intervenção
proferida, ao princípio da noite de hoje, pelo presidente
do Governo Regional, Carlos César, na inauguração
da Exposição das Actividades Económicas
de Ponta Delgada:
“Com o início desta quadra natalícia, o
comércio, nos Açores como em todos os outros lugares,
reanima-se. Há muita oferta e maiores disponibilidades
para comprar. É um período de grande azáfama
para comerciantes e consumidores e de oportunidades para bons
negócios. Desejo, pois, que assim aconteça –
que as famílias adquiram na ponderação
das suas necessidades e possibilidades e que as empresas aproveitem
essa movimentação tradicional.
Como é do conhecimento geral, a situação
financeira e económica do País apresenta ainda
uma elevada debilidade, com consequências que se fazem
sentir nas actividades empresariais. As perspectivas de um fraco
crescimento económico, conjugadas com o aumento do desemprego
no Continente e a contenção salarial, não
beneficiam, como se compreende, importantes segmentos comerciais
e, de modo mais acentuado, o comércio tradicional. Todavia,
sendo certo que essa realidade prolongada tem efeitos na nossa
Região, também são certos os indicadores
que revelam que os Açores têm feito o seu caminho
escapando aos efeitos mais nefastos dessa crise nacional e alcançando
importantes progressos comparativos seja no aumento da população
empregada e na melhoria do rendimento médio das famílias,
seja na manutenção do tecido empresarial regional
tradicional e no surgimento de novas empresas, bem como nos
níveis de confiança dos empresários e dos
cidadãos em geral.
Independentemente da respectiva prevalência, todos sabemos
que não há emprego suficiente sem uma boa economia,
mas que é igualmente verdade que uma população
empregada é um factor de estabilidade social e de sustentação
de actividades económicas. É assim que nos colocamos
perante os desafios envolventes do nosso desenvolvimento, sendo,
por isso, necessário acentuar as prioridades de promoção
da formação e do bom desempenho profissionais
no sector privado e no sector público administrativo,
e de promoção da qualidade, do investimento, da
modernização e da capacitação empresariais.
Temos, pelas mesmas razões, consciência da absoluta
necessidade da multiplicação de parcerias entre
o governo e os agentes sociais, que devem ser desenvolvidas
com objectividade e finalidade estratégicas, visando,
em geral, a nossa competitividade.
As recentes alterações introduzidas nos sistemas
de incentivos ao desenvolvimento regional, com o aumento das
comparticipações públicas ao investimento
privado e o alargamento das áreas candidatáveis
e com incentivos especiais para a intervenção
empresarial nas áreas do apoio social e das indústrias
de base de exportação, são bons exemplos
daquelas parcerias e da reorientação do investimento
público no apoio ao investimento privado. O êxito
que estamos a ter na contenção dos gastos de funcionamento
da administração púbica regional e no aumento
dos recursos financeiros disponíveis para o investimento,
a par das redobradas preocupações do melhor critério
para a sua aplicação reprodutiva, terá
que ser prosseguido de forma a assegurar, simultaneamente, um
quadro de estabilidade e previsibilidade no equilíbrio
e afectação dos recursos públicos, sinalizador
das expectativas dos agentes privados, e um clima de segurança
para os empresários estabelecidos e para os novos investidores
e investimentos.
Em 2006, vai surgir um conjunto vasto de realizações
públicas estruturantes, a curto e a longo prazo, para
a economia micaelense, destacando-se, entre outras, o início
da obra das “Portas do Mar” e, assim o espero, o
desbloqueamento do Projecto SCUT, alterando o panorama das acessibilidades
em S. Miguel. Todas as áreas empresariais, estou certo,
ganharão com esses investimentos públicos.
Mas, as nossas atenções têm que estar centradas
em outros aspectos facilitadores e definidores da nossa competitividade,
pelo que as tarefas em que estamos empenhados, sempre e de novo
em cooperação com as organizações
representativas empresariais, de apoios à internacionalização
das empresas e de apoios ao sector exportador têm, na
especialidade dos seus efeitos, grande importância para
o fortalecimento do tecido produtivo de base regional. A esse
propósito quero salientar a entrada em funcionamento,
já nos primeiros meses de 2006, do Centro de Distribuição
de Produtos Açorianos em Portugal Continental, numa parceria
com a Câmara do Comércio e Indústria dos
Açores, estimulada pelo governo e utilizando redes de
comercialização já existentes, que terá
grandes vantagens para a colocação no mercado
de produções que careciam de economia de escala.
Porém, tal como tenho procurado enfatizar desde o final
da última Legislatura, os Açores, limitados pela
sua falta de dimensão e quantidade, têm que apostar
não apenas nas acessibilidades mas também na qualidade:
no fazer sempre bem e cada vez melhor, na identificação
clara e determinada de nichos de intervenção nos
quais já faz ou pode vir a fazer a diferença numa
escala geográfica mais alargada. Essa aposta deve ser
muito determinada, mensurável e centrada em torno de
mecanismos de controlo, garantia e gestão da qualidade,
aplicados aos mais variados tipos de produtos, serviços,
processos e organizações, rumo à excelência.
Tal aposta deve ser traduzida numa bateria de indicadores ligados
à qualificação, à certificação
e à acreditação onde podemos e devemos
marcar a diferença no plano nacional.
Temos assistido, com satisfação, à entrega
de Certificados de Qualidade, segundo normas e referências
internacionais, a um número crescente de empresas. Temos
assistido cada vez mais a seminários e encontros de divulgação
sobre as temáticas da Qualidade, da Inovação,
do Empreededorismo, da Segurança Alimentar, com o envolvimento
de muitos empresários, de centenas de participantes,
que reflectem bem a raiz das preocupações dos
agentes económicos e dos cidadãos em geral, na
procura de soluções, na procura do conhecimento,
na procura da melhoria contínua, que é, na essência,
a base dos Sistemas da Qualidade.
O nível de competitividade exigido pelo espaço
económico em que estamos inseridos requer que as empresas
façam uma opção decisiva pela qualidade,
integrando capacidade de inovação, sofisticação
de gestão, recursos humanos especializados, tecnologias
adequadas às exigências actuais e produtos de alta
qualidade, com imagem de marca.
É importante reforçar a ideia de que uma política
para a qualidade não poderá ser encarada como
um custo para as organizações. É, sim,
um investimento, um importante instrumento de gestão
a todos os níveis e uma componente insubstituível
de toda a acção de mudança, sendo um processo
dinâmico, contínuo e sistemático.
Está provado que os sistemas de qualidade nas empresas,
quando bem aplicados, trazem enormes vantagens, maximizando
proveitos e reduzindo e racionalizando custos. Mas, mais do
que isso, torna as organizações mais eficientes
e inovadoras, com o consequente aumento da sua produtividade.
É esse, portanto, o caminho necessário, mas também
indispensável, que, a todos os níveis, temos que
prosseguir nos Açores.
Nessa perspectiva, posso anunciar que está já
em preparação um Programa, denominado “Estratégia
Regional para a Qualidade na RAA”, que englobará
três eixos de actuação, com especial enfoque
nas empresas, mas incluindo também a Cidadania e o Serviço
Público. É uma estratégia pragmática,
orientada para a acção num horizonte temporal
2006/2013, encontrando aplicação nos mais variados
contextos e procurando compromissos e respostas criativas, concretizáveis,
conforme os casos por fases e em tempos concretamente definidos.
Na concepção e execução desse Plano,
que será oportunamente apresentado, vários agentes
mas, sobretudo, as empresas, enquanto forças motrizes
da economia regional, vão desempenhar um papel fulcral,
sendo da mesma forma importante potenciar, para o mesmo efeito,
as capacidades de articulação interdepartamental
dos níveis governativos desde a administração
regional à local.
Vamos, assim, sempre com novos desafios e à procura de
novos patamares, consolidar o processo, que está em curso,
de mudança dos Açores para melhor.Com trabalho
a fazer, é certo, mas com profunda confiança e
com um grande sentido de colaboração e de união
– porque os Açores e os Açorianos estão
primeiro.
Desejo a todos bons negócios e um feliz
Natal.
Muito obrigado.”
GaCS/JSF
Fotografia GaCS/Valter Franco