INTERVENÇÃO DO SECRETÁRIO
REGIONAL
DOS ASSUNTOS SOCIAIS NO PARLAMENTO
Secretário Regional dos Assuntos
Sociais Dr. Domingos Cunha
Texto integral da intervenção
proferida hoje, na Horta, pelo secretário regional
dos Assuntos Sociais, Domingos Cunha, no debate parlamentar
das propostas de Plano Anual e Orçamento Regional para
2006:
“O Plano e Orçamento para 2006,
que hoje apresentamos, tem como objectivos, nas matérias
da responsabilidade da Secretaria Regional dos Assuntos Sociais,
por um lado, reforçar a coesão social e a igualdade
de oportunidades e, por outro, o contínuo desenvolvimento
de uma maior prevenção e melhoria na qualidade
da prestação de cuidados de saúde.
O Programa 17 – Desenvolvimento do Sistema de Solidariedade
Social, dá continuidade aos investimentos nas diversas
valências da “Infância e Juventude”,
das “Pessoas Idosas e seus Familiares”, das “Pessoas
com Deficiência”, das “Vítimas de
Violência Doméstica” e também das
diferentes formas de promoção da “Inclusão
Social”.
O Governo Regional estabelece, mais uma vez, como principais
objectivos da sua política de investimentos em infra-estruturas
e equipamentos, o alargamento da sua rede social com o principal
objectivo de minimizar as situações de exclusão
social, e da prestação de um serviço
social cada vez mais abrangente e completo.
Paralelamente ao reforço da capacidade dos equipamentos
sociais, as políticas de integração social
têm vindo, nos anos mais recentes, a direccionar-se
para a clarificação e reconhecimento operacional
da natureza complexa e multidimensional da pobreza e exclusão,
exigindo a concepção de medidas e estratégias
de intervenção social integradas e transversais
aos diversos domínios do Governo.
A incorporação de medidas
de combate à pobreza em todas as áreas de acção
do Governo, desde a educação até à
economia, passando pela habitação, emprego,
justiça, saúde, ambiente e novas tecnologias,
tem sido a principal missão de influência da
Secretaria Regional dos Assuntos Sociais, traduzida na constante
promoção de projectos construídos e realizados
de forma cooperada com os diferentes sectores governamentais,
IPSS e Misericórdias dos Açores, implementando-os
em forma de rede, utilizando estratégias de desenvolvimento
social e local.
Importa realçar a implementação, em 2005,
das Redes de Suporte Sócio-Cultural à Mobilidade
Humana e de Apoio à Mulher Vítima de Violência,
de São Miguel, que surgem como instrumentos privilegiados
de apoio integrado de públicos em situação
de vulnerabilidade social grave.
Um dos principais desígnios das redes é promover
um conjunto de respostas, através da cooperação
entre as diferentes entidades públicas e privadas,
designadamente, o Instituto de Acção Social,
a Polícia de Segurança Pública, o Instituto
de Reinserção Social, diferentes departamentos
Governamentais, e as IPSS e Misericórdias dos Açores,
que permitam a integração dos referidos grupos
com forte propensão para a exclusão.
Esta forma de actuação visa,
também, promover uma gestão eficiente dos recursos
humanos e financeiros, potenciando a actividade desenvolvida
nas respectivas áreas pelas diversas entidades envolvidas.
Procuramos, assim, dar respostas coordenadas e eficazes a
grupos em elevado risco de exclusão social como sejam
os repatriados, os sem abrigo, os imigrantes, as mulheres
vítimas de violência e as jovens mães.
A este nível cumpre referir a formalização,
em Dezembro deste ano, da Rede Integrada de Apoio ao Cidadão
com Necessidades Especiais de São Miguel, e no primeiro
trimestre de 2006, da Rede Integrada de Apoio Sócio-Cultural
à Mobilidade Humana na Terceira, encontrando-se ambas
em fase experimental de funcionamento.
Acresce mencionar que o Instituto de Acção
Social procedeu, no corrente ano, a uma reorganização
global da sua forma de actuação, no sentido
de reforçar a aproximação aos seus públicos
alvo, diversificando as formas de atendimento e de intervenção
social local.
Para o efeito, foram constituídas Equipas Multidisciplinares
Especializadas nas diversas áreas de apoio social,
designadamente idosos, cidadãos portadores de deficiência,
família e menores, atendimento urgente, entre outras.
Esta reorganização passou pelo
estabelecimento de protocolos de cooperação
com algumas IPSS no sentido de, em parceria, garantirmos um
acompanhamento mais aturado da actuação de todas
as IPSS e Misericórdias nas diversas áreas já
referidas, bem como a correcta avaliação das
suas necessidades em termos de equipamento e de pessoal, incluindo,
no caso do pessoal, a preparação e programação
de formação específica e contínua.
Esta nova forma de actuação insere-se numa forte
aposta na qualificação das respostas sociais,
garantindo que ao aumento dos recursos financeiros disponibilizados
pelo Governo às IPSS corresponda uma melhoria da qualidade
e quantidade do serviço prestado aos utentes.
A acção do Governo, das IPSS e das Misericórdias
é complementada e acompanhada pela intervenção
do Voluntariado.
A este nível, importa referir que se encontra em fase
final de preparação uma proposta a apresentar
à Assembleia Legislativa Regional que visa a criação
do Estatuto do Voluntariado, à semelhança do
que existe no Continente e na Madeira, e que será complementado
pela criação de um Gabinete de Apoio ao Voluntariado.
O Plano de Investimentos, para 2006, pretende
dar continuidade à política na área da
“infância e juventude” através da
construção e remodelação de um
conjunto de equipamentos, designadamente, 9 creches e jardins-de-infância,
sendo de destacar as creches de São João de
Deus, da Fajã de Baixo, do Pico da Pedra, dos Arrifes
e das Capelas e a da Casa do Povo da Terra-Chã, e pretendemos
concluir a obra de remodelação e adaptação
da creche e Jardim de Infância da Confederação
Operária Terceirense, obra actualmente em curso.
Para além destes, importa referir os Centros de Actividades
Ocupacionais de Vila Franca do Campo, do Nordeste e da Associação
Cristã da Mocidade em Angra do Heroísmo, e a
criação, no Pico, de um Lar Masculino da Obra
Social Madre Maria Clara.
Nesta área é inquestionável a evolução
e a capacidade de acolhimento das estruturas financiadas pelo
Governo Regional, quer ao nível qualitativo, quer ao
nível quantitativo. O montante de investimento previsto
para esta área será de seis milhões e
quatrocentos mil euros.
Na área de apoio aos idosos, prevê o Governo
Regional, dar seguimento aos processos de construção
do Lar de Idosos da Lagoa e de remodelação do
Lar de Idosos de Vila Franca do Campo e da Madalena do Pico,
e iniciar em 2006, a reconstrução do recolhimento
de São Gonçalo na Terceira. O montante de investimento
previsto para esta área será de três milhões
e novecentos mil euros.
Importa, também, referir o apoio para
a execução de infra-estruturas, como polivalentes
e edifícios para serviços e outros fins que
envolverão, para o ano de 2006, um montante de dois
milhões de euros.
O investimento público previsto nas áreas da
Segurança Social, no plano de 2006, será de
doze milhões e trezentos mil euros.
No âmbito do Serviço Regional de Saúde
e conforme as acções previstas no Programa 16.1
– Construção de Novas Infra-Estruturas,
já estão iniciados os processos do novo Hospital
de Angra do Heroísmo, dos Centros de Saúde de
Ponta Delgada, Santa Cruz da Graciosa e da Madalena.
Na Remodelação e Ampliação de
Unidades de Saúde, conforme o Programa 16.2, realçamos
o financiamento para a ampliação da Casa de
Saúde de São Miguel, a reconstrução
do Bloco C do Hospital da Horta e a continuação
das obras de manutenção do Hospital de Santo
Espírito de Angra do Heroísmo.
Tem sido prioridade do Governo Regional melhorar a qualidade
e a acessibilidade dos Açorianos à prestação
de cuidados de saúde.
Para este objectivo têm contribuído as estratégias
de desenvolvimento do Sistema de Saúde que se têm
baseado no investimento nas estruturas e equipamentos do Serviço
Regional de Saúde, e fundamentalmente, na aposta na
qualificação de todos os profissionais de saúde
independentemente das suas carreiras e categorias, e no contínuo
incentivo para a atribuição de bolsas para os
cursos de medicina, técnicos de diagnóstico
e terapêutica, medicina dentária e complemento
de formação em enfermagem.
Nas áreas da promoção
da saúde e prevenção da doença,
continuaremos a apostar no desenvolvimento do Programa de
Saúde Oral, do Programa Regional de Nutrição
e Diabetes, do Programa Regional de Doenças Cérebro-Cardio-Vasculares,
do Projecto de Estudo da Leptospirose, do Programa de Saúde
Mental e do Programa de Cuidados Continuados e Paliativos.
O Registo Oncológico, criado pela Portaria nº
36/93, de 15 de Julho, é hoje uma realidade, estando
o grupo de trabalho a implementar as ferramentas e mecanismos
que permitirão dinamizá-lo, e assim, permitir
a elaboração de um programa dirigido de rastreio
do cancro na Região.
Durante o ano de 2005, no âmbito da Toxicodependência,
foram desenvolvidas acções de formação
sob o tema “Droga – Educar para Prevenir”,
em todas as ilhas da Região, abrangendo um total de
cerca de duas mil pessoas.
A Campanha “Ondinha”, Campanha de Verão
(meses de Julho e Agosto) desenvolvida, a título experimental,
nas praias e zonas balneares das ilhas Terceira e S. Miguel,
dirigida às crianças, teve por objectivo promover
a criação de estilos de vida saudável
e abrangeu duas mil e quatrocentas crianças.
Está neste momento em fase final de elaboração
o Plano Integrado de Promoção da Saúde
na Prevenção de Comportamentos de Risco, baseado
no Programa Regional de Prevenção do Mau Uso
e Abuso de Substâncias Psicoactivas/Droga, que se prevê
a sua apresentação pública no início
de 2006. No âmbito do referido Plano, prevê-se
a abertura de quatro espaços físicos, em Ponta
Delgada, em Angra do Heroísmo, na Horta e em Rabo de
Peixe, para o atendimento e para o apoio à implementação
do Plano. Prevemos, também, a criação
de um Observatório Regional das Drogas e a criação
de um Centro de Recursos, para suporte pedagógico.
O Concurso de informatização
do Serviço Regional de Saúde, liderado pela
Saudaçor, SA, encontra-se, hoje, na fase final de escolha
da solução integrada de Software que será
implementada. Não posso deixar de referir, que hoje,
o projecto Sistema de Informatização da Saúde
– Açores Região Digital é referência
a nível nacional e internacional, pela forma estruturada
e integrada como foi concebido, prova disso, é o facto
de todas as multinacionais com experiência comprovada
nesta área terem concorrido ao concurso. Relativamente
a esta matéria prevê-se que no início
do ano de 2006 seja anunciado o vencedor do respectivo concurso.
Para permitir beneficiar de economias de escala, promovendo
uma racionalização e maximização
dos recursos existentes, foi criada a Central de Compras do
Serviço Regional de Saúde, aprovada pela Portaria
n.º 79/2005, de 17 de Novembro.
A regulamentação das Convenções,
em fase final de elaboração, permitirá,
por um lado, regulamentar e garantir a qualidade dos serviços
prestados pelos prestadores de cuidados de saúde privados,
numa articulação coerente e complementar com
o Sector Público, quando esgotada a capacidade técnica
deste, e por outro, irá permitir também, uma
racionalização de recursos e custos.
O Regime Remuneratório Experimental,
que tem como finalidade abranger os médicos especialistas
de Clínica Geral/Medicina Familiar, e melhorar a acessibilidade
e equidade dos Açorianos à prestação
de cuidados de saúde, poderá ser uma das soluções
para a concretização destes objectivos. Encontra-se,
por isso, em fase de análise e avaliação
dos benefícios e impactos das diversas hipóteses
a considerar.
A Carta Hospitalar e a Carta de Equipamentos da Saúde
é um projecto iniciado pelo IX Governo Regional, e
que se prevê que esteja concluído no final do
ano de 2006.
Este documento assume primordial importância se tivermos
em consideração, que será nele, que estarão
definidas as estratégias para um desenvolvimento planeado,
integrado e sustentado do Serviço Regional de Saúde.
O cartão de utente do Serviço Regional de Saúde
é hoje uma realidade na Região Autónoma
dos Açores, estando emitidos cerca de cento e sessenta
e cinco mil cartões. Com o objectivo de conseguirmos
implementar o referido cartão a todos os Açorianos
iniciou-se, uma desconcentração no seu processo
de requisição, podendo hoje ser efectuado, para
além das unidades de saúde, em todos os postos
da Rede Integrada de Apoio ao Cidadão (RIAC).
No plano de 2006, o investimento público previsto para
a área da Saúde será de quinze milhões
duzentos e vinte e um mil euros.
A constante preocupação na avaliação
do desempenho, a sua qualidade e o rigor da gestão
que devem presidir às Unidades de Saúde, leva-nos
à necessidade de um melhor conhecimento destas práticas.
Pretendemos conhecer, de facto, essa realidade e quanto são
os custos decorrentes com a acessibilidade por parte de cada
cidadão da Região, aos nossos Serviços
de Saúde.
Assim, iniciámos a avaliação
da qualidade nas Unidades de Saúde, através
do Instituto de Qualidade da Saúde (IQS), com quem
a Região já possuía um Protocolo com
esse objectivo, e iremos solicitar uma auditoria aos três
Hospitais da Região, através de uma entidade
independente.
A par destas iniciativas, o Governo Regional também
irá constituir um grupo de trabalho para o estudo e
reforma dos custos das acessibilidades ao Serviço Regional
de Saúde, pretendendo destinar receitas obtidas a programas
de recuperação das listas de espera e ao apetrechamento
tecnológico das instituições do Serviço
Regional de Saúde.
As políticas de Saúde, de Solidariedade e Segurança
Social, encontram-se, hoje, sob a égide de múltiplos
factores e discussões, na procura permanente de mais
e melhor operacionalidade e rentabilidade dos recursos humanos,
técnicos e financeiros, que permitam encontrar soluções
equilibradas, sustentadas e sustentáveis para a coesão
e inclusão social e igualdade de oportunidades.
Envolver para desenvolver, fomentando uma cultura empreendedora
e com base no diálogo, interacção e responsabilidade
de todos, obriga-nos a uma gestão criteriosa dos recursos.”
(Fotografia GaCS/Fernando Alvarino)
GaCS/JSF
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