COMUNICAÇÃO SOCIAL É
PILAR DE VALORIZAÇÃO DA LIBERDADE
O presidente do Governo Regional dos Açores,
Carlos César, disse hoje, em Ponta Delgada, que a Comunicação
Social representa, na “contemporaneidade da informação
e do conhecimento” um pilar de “valorização
da liberdade e um poderoso estímulo para a consciencialização
dos direitos e dos deveres de cada um às escalas individual
e colectiva”.
O chefe do executivo falava na cerimónia de abertura
do III Encontro de Órgãos de Comunicação
Social das Comunidades (área de Televisão),
que decorre até ao próximo dia 8 naquela cidade,
organizada pela Direcção Regional das Comunidades,
da Presidência do Governo.
“Iniciativas como esta visam, simultaneamente, a nossa
convocação para uma reflexão comum sobre
o papel actual dessa especialidade de comunicação
social e, também, a criação de uma oportunidade
de intercâmbio presencial entre todos os que nela trabalham”,
adiantou Carlos César, falando perante 13 membros ligados
às televisões comunitárias nos Estados
Unidos, Canadá e Brasil.
Retomando a ideia inicial, o presidente do Governo disse que
a Comunicação Social “conquistou um espaço
de influência e gestão das opiniões públicas
que, se muitas vezes se sobrepõe ou contrapõe
ao dos poderes políticos democráticos emergentes
ou instituídos, se revela, na maioria dos casos, fundamental
na dissecação de poderes fácticos, opacos
e subliminares, que adulteram a formação da
opinião e dos ambientes de decisão em democracia”.
Enfatizando a importância dos media no mundo globalizado
do presente, Carlos César afirmou que é através
desse veículo que a nossa visão do mundo se
alterou. “A nossa cultura passou a fazer parte da cultura
dos outros e a dos outros a fazer parte da nossa, precipitando
a globalização nos planos das relações
internacionais e da cidadania à dimensão universal”
salientou.
Entre os órgãos de Comunicação
Social “ainda é a televisão o que mais
se destaca pela força do som, pela inequivocabilidade
da imagem – pelo arrebatamento da sua conjugação,
muitas vezes exponenciada pelo fulgor da atracção
e da emoção do directo”, considerou, “
seja um evento trivial seja uma guerra sem hora anunciada”.
Os profissionais de televisão “têm, assim,
uma enorme responsabilidade, por mais pequeno que constitua
o seu universo de audiência ou o seu público
destinatário, já que o impacto da sua produção
é quase sempre determinante por todas aquelas razões”,
disse ainda, acrescentando que “a competência,
o rigor e o equilíbrio são, justamente, o que
esperamos desses profissionais para garantir uma relação
saudável e justa entre o seu poder e o daqueles que
também o têm influenciado por eles”.
É neste “enquadramento conceptual” que
os responsáveis de televisões e de produtores
de programas televisivos em português da diáspora
se movem também, “acrescendo ainda a contribuição
que, por natureza, dão para a preservação
da língua portuguesa e da nossa cultura, para além
do papel dinamizador e promotor das comunidades onde trabalham
e para as quais se dirigem”, sublinhou Carlos César.
O chefe do executivo reconheceu que o trabalho televisivo
junto das comunidades é difícil, por se ter
que abranger públicos que vão desde a primeira
geração de emigrantes, que sentem a saudade
da terra natal, até às novas gerações
que “aprenderam ou querem aprender a amar a terra dos
seus pais e avós, e por isso carecem de se verem mais
considerados ou de a conhecerem nos seus contornos mais próximos,
evolutivos e actuais”.
Enfatizando esta ideia, Carlos César acrescentou que
essa tarefa é difícil “porque terá
que marcar evoluções e modernidades que vão
desde a carroça de bois dos tempos dos avós
à agricultura mecanizada dos netos, que vão
desde a novidade da garrafa de coca-cola embrulhada nas roupas
da América, que recebia na minha casa durante a minha
infância, à diversidade actual de produtos de
todas as proveniências ao dispor no comércio
de todas as nossas ilhas”.
O presidente do Governo disse, depois, que “o inverso
também é trabalho necessário: trazer,
quando possível, os Estados Unidos da América,
o Brasil ou o Canadá, dos nossos açorianos,
aos Açores” e, também, reforçar
a comunicação interna entre a comunidades.
“É perante esses complexos desafios que nos reunimos
aqui, perguntando, ou esclarecendo, conforme se pode deduzir
do programa deste encontro, como pode o Governo dos Açores
ser útil, pesem embora as nossas limitações
perante a dimensão dos espaços onde cada um
de vós está inserido”, disse ainda Carlos
César.
É com este “sentido de aproximação
cada vez maior que a Direcção Regional das Comunidades
trabalha, percorrendo essa continuidade cultural, no espaço
e no tempo, das açorianidades de ontem e de hoje, prolongando
os Açores para além do seu reduto físico,
valorizando e refazendo o espírito do lugar que cada
um transporta num lugar do seu espírito e, é
bom lembrar, considerando também os imigrantes que
agora nos chegam de outros lugares e com outro espírito”
vincou.
Eventos como este Encontro Comunitário dos Órgãos
de Comunicação Social e iniciativas já
programadas para o próximo ano como as III Jornadas
Emigração/Comunidades, “A redescoberta
do passado: dos Açores ao Maranhão”, o
III Encontro de Associações Culturais, a dinamização
das Salas Açorianas, a Semana dos Estados Unidos, o
Encontro de Escritores dos Açores, “Açores:
do Passado ao Futuro”, o Encontro de Jovens, o Fórum
Culturas, ou, ainda, as visitas institucionais ou temáticas
às nossas comunidades, a colaboração
e o apoio aos planos de actividades de imensas organizações
e associações e ao ensino da Língua Portuguesa,
“documentam o esforço e a forma interessada como
o Governo Regional procura trabalhar neste âmbito da
sua área de actuação”, concluiu
Carlos César.
O programa do encontro prevê para hoje um debate sobre
“Os Desafios do Jornalismo Televisivo”, enquanto
que amanhã de manhã os participantes vão
inteirar-se do que são a Direcção Regional
das Comunidades, o Gabinete de Apoio à Comunicação
Social e o Portal do Governo Regional dos Açores.
À tarde, assistirão a um painel intitulado “30
Anos de Televisão nos Açores” e “Produção
Televisiva Açoriana”, visitando depois as instalações
da RTP-Açores.
Na quarta-feira, dia 7, estão programados debates sobre
“A importância da Televisão nas Comunidades”,
“A Língua Portuguesa na Televisão das
Comunidades”, “Televisão Comunitária:
veículo de preservação de identidade
cultural?” e “O futuro da Televisão nas
Comunidades”.
O encontro termina ao fim da manhã de quinta-feira,
dia 8, com uma reflexão final sobre a reunião,
após ter sido discutido o tema das “Televisões
nacionais no Mundo”, nomeadamente a RTP e a SIC internacionais.
GaCS/FA
Anexo: fotografia GaCS/Valter Franco
|