OS PARQUES FLORESTAIS DA ILHA DO PICO
Por: Paulo Luís Ávila
Adiaspora.com
Ermida da Quinta das Rosas
A nossa Ilha é um dos mais ricos parques
naturais da Região. Não sou eu que o afirmo,
mas os cientistas que anonimamente nos visitam e depois em
revistas da especialidade compõem trabalhos tecendo
os maiores elogios àquilo que observaram. Muitos desses
temas por razões óbvias são desconhecidos
dos Picoenses e até pelos cientistas açorianos
e portugueses. Amigo meu emigrado num país do norte
da Europa, deu-me conta duma matéria sobre o Pico que
versava o tema das espécies arbóreas aqui encontradas
e que tinha sido capa duma revista científica salientando
que muitas delas conhecia, mas havia outras que desconhecia
na totalidade. É sempre assim...os estrangeiros conhecem
melhor o que de melhor temos, porque continuamos debruçados
sobre o cabo da enxada esperando que cresça a semente
que nunca lançámos à terra.
Acima escrevi e repito-o de novo: O Pico é
um autêntico parque natural, mas... em completo abandono.
Mas se por um lado isso é mau, por outro é bom,
porque assim se podem preservar espécies, que os Picoenses
desconhecem, mas que dão nome à Ilha. Vou descrever,
embora sucintamente os parques naturais considerados de interesse
turístico, efectuando assim uma visita rápida
com a finalidade de divulgar os mais conhecidos, porque os
outros que não vem nos manuais turísticos, são
também parte integrante deste todo, - Ilha -.
Parque Florestal Matos Sotto
No concelho das Lajes encontramos dois parques assinalados
no mapa, mas há outros que por incúria ou falta
de sensibilidade foram esquecidos. Começamos pelo primeiro,
que se situa próximo do Cabeço da Era na freguesia
da Piedade e ali cresceu e floresceu pela mão do Engenheiro
Simas Azevedo quando era encarregado dos Serviços do
antigo Posto Agrícola Matos Souto. é um marco
no roteiro turístico e ponto de reunião de ministeriáveis
e de outras entidades, para além de ser um lugar aprazível,
onde se saboreiam ao ar livre merendas bem confeccionadas
e apaladadas. Ali o visitante tem ainda o ensejo de admirar
objectos que nunca mais serão utilizados, como são
as alfaias agrícolas. Os passeios, bem como as veredas
estão muito bem tratadas, as árvores plantadas
e podadas com muita arte, fazem deste sítio um ponto
obrigatório para que, qualquer cidadão interessado
possa usufruir com algum conforto do contacto com a natureza.
Está situado fora do circuito normal, do turista que
nos visita, e mal assinalado.
Outro dos parques do concelho das Lajes é
o de São João Pequenino, junto à estrada
regional, de fácil acesso e com boa perspectiva para
o viandante mais distraído, porque também a
sinalização é precária e pouco
chamativa. Situado em cima duma curva, junto a um chafariz,
prolonga-se dum lado e do outro da estrada mais concorrida
da Ilha e todo o cuidado é pouco para quem atravessa
naquele lugar. Construído que está num recanto
do Mistério, fim de São João e termo
do concelho, é delimitado por um ribeiro, ribeiro esse
que faz a separação entre os dois concelhos,
- Lajes e Madalena – e tem, de alguns anos a esta parte,
recebido melhoramentos e o seu aspecto é muito acolhedor.
Debaixo da lava expelida pelas erupções vulcânicas
de 1718 e 1720, que inexoravelmente queimou e submergiu tudo
à sua passagem, está sepultado o lugar da Arruda.
É o lugar escolhido por muitos picoenses e residentes
no estrangeiro, que nos visitam, para se celebrarem festas
familiares. A sombra dos pinheiros selvagens que ali foram
mandados plantar, pela Junta Geral de então na década
de 40 do século passado para repovoamento florestal,
é convidativa e saudável. Também ali
se comemora a Festa em honra de São João, nos
píncaros do Verão. Por ser um lugar árido
e cheio de pedras cobertas de líquenes, tal como os
outros mistérios que foram originados em outras partes
da Ilha, que contribuíram para o seu epíteto
de Ilha Cinzenta. Em sessenta anos para além dos pinheiros
atrás referidos, nasceu uma vegetação
diversificada e alguma dela é considerada endémica.
A assinalar aquele parque, encontra-se um nicho com a imagem
de São João Baptista e algumas construções
para o apoio aos visitantes.
Parque Florestal de Santa Luzia
No concelho de São Roque encontramos
também dois Parques dignos desse nome: o da Prainha
de Cima e o do Mistério de Santa Luzia. Embora de constituição
recente, o trabalho neles desenvolvido foi muito bem sucedido.
Referindo nomeadamente o da Prainha, onde foram instaladas
várias infra-estruturas de apoio e lugares abrigados
para aqueles que escolhem aquele recinto, entre elas destacamos
sítios de próprios para merendas e convívios
e parque de diversão para crianças e ainda se
pode desfrutar do seu miradouro uma vista desafogada sobre
a Ilha de São Jorge e para o mistério que lhe
cresce debaixo dos pés. Não foi ao acaso que
se criaram construções em pedra de lava vermelha
que dão um contraste na paisagem digno de ser apreciado
para além de várias espécies arbóreas
e de outras consideradas decorativas. A sinalização
deixa um pouco a desejar, porque não desperta a atenção
dos turistas mais distraídos. Do mesmo mal enfermam
os outros parques. Internamente os caminhos e atalhos estão
muito bem sinalizados. Como está situado a uma certa
altitude, podemos considera-lo o parque com uma situação
mais privilegiada.
Parque Florestal da Prainha
Dentro do mesmo concelho como atrás foi referido e
delimitado pela estrada regional, situa-se o Parque dos pinheiros
na freguesia de Santa Luzia. Apesar de ser rasgado ao meio
pela estrada regional já citada e amplo é de
fácil acesso. Os bancos e mesas para as merendas e
os convívios abundam por todo o lado e o ar que se
respira é tonificante. Quando a nos e o mais extenso
e de melhor acesso, tanto para viaturas como para os peões.
Parque Florestal de São João
No concelho da Madalena, encontramos o Parque da Quinta das
Rosas, cujo proprietário era Francisco Inácio
Medeiros. Após a sua morte foi comprado aos herdeiros
pela antiga Junta Geral do Distrito da Horta. Durante vários
anos esteve quase abandonado, por falta de verba, devido a
sua quase total destruição pelo furacão
Tânia, de má memória, que destruiu árvores
centenárias algumas delas, únicas no Arquipélago,
mais tarde felizmente, outras espécies foram replantadas
mas a sua identificação foi olvidada. Quem visita
a Ilha do Pico deveria fazer um ligeiro desvio e ir visitá-lo
porque vale bem a pena. Infelizmente é mais um que
carece de sinalização e esta não pode
ser descurada, porque é um ponto turístico de
visita obrigatória. A Ermida a Santa Isabel lá
erguida é ainda utilizada para a realização
de cerimónias de casamentos religiosos.No recinto funciona
a cooperativa dos apicultores picoenses. É um lugar
paradisíaco para admirar. Apesar de estar como os anteriores
mal assinalado, quem o descobre fica estupefacto com tanta
beleza natural. Muitas espécies arbóreas que
proliferam nos parques acima descritos falham porque não
a identificação das mesmas. Além destes
atrás descritos existem outros menores, mas também
dignos de serem visitados como são: os da Formosinha,
na Madalena; o da Fonte da Silveira, nas Lajes e o do Ademoiro
em São João. Mas como acima referi toda a Ilha
é um parque natural, temos a obrigação
de preservá-lo.
Clicar p/ ver
...............
|