DISCURSO DO VICE-PRESIDENTE DO GOVERNO REGIONAL
Texto integral do discurso do vice-presidente
do Governo Regional, Sérgio Ávila, proferido na
cerimónia de assinatura de um protocolo com a Universidade
dos Açores para a “Construção de um
Modelo de Equilíbrio Geral Computável da Economia
dos Açores”, realizada esta tarde, em Ponta Delgada:
“Procedemos hoje à assinatura, entre
a Universidade dos Açores e a Vice-Presidência do
Governo Regional, de um protocolo para a construção
de um modelo de equilíbrio geral computável da economia
dos Açores.
Queria, neste momento, realçar a extrema
importância que, a diversos títulos, reveste este
acto, desde logo porque o mesmo concretiza, uma vez mais, a opção
programática do Governo Regional dos Açores quanto
ao papel e ao contributo estratégico que a Universidade
dos Açores pode e deve darem matérias relacionadas
com o conhecimento científico e o aprofundamento operacional
de questões que interagem com o processo de crescimento
e desenvolvimento sócio-económico e cultural da
nossa Região.
É nesta colaboração e neste
intercâmbio que se solidificam as parcerias e se promove,
de modo continuado, as ligações entre o saber científico
e o acto de decisão política, tendo como objectivo
comum a criação de instrumentos de trabalho que
permitam continuar o desenvolvimento sustentado e integrado dos
Açores.
A construção deste Modelo insere-se
numa estratégia que visa dotar o Governo Regional de instrumentos
estatísticos mais potentes e versáteis, que possibilitem
ganhos de eficácia na condução de políticas
e em rigor acrescido na execução da despesa pública.
Dois exemplos recentes podem ser referidos: a
Direcção Regional dos Assuntos Europeus e o Serviço
Regional de Estatística dos Açores, em colaboração
com as suas congéneres da Madeira e das Canárias,
no âmbito do programa INTERREG III-B, participaram na elaboração
de um estudo sobre a construção de indicadores de
caracterização da situação ultraperiférica;
o Serviço Regional de Estatística, ao abrigo também
do INTERREG III-B, construiu, para o ano de 2001, uma nova Matriz
de Input–Output para os Açores.
Importa igualmente salientar que este protocolo
surge no seguimento do trabalho já desenvolvido, neste
domínio, pelo Departamento de Economia e Gestão
da Universidade dos Açores, ao abrigo do Acordo de Cooperação
Bilateral Portugal/Estados Unidos, da Base das Lajes. Esta relação
de parceria, indo de encontro a necessidades e compromissos do
Governo Regional dos Açores, irá contribuir para
que esse trabalho da Universidade continue e se aprofunde.
A celebração deste Protocolo assume,
no entanto, um significado especial. De facto, a materialização
desta iniciativa revela-se única e pioneira a nível
nacional e irá permitir aferir, de modo científico,
da eficácia da economia açoriana, com especial relevo
na avaliação do impacto no nosso tecido económico
e social das medidas adoptadas e incrementadas pelo Governo Regional.
É pois uma medida inovadora, quer pelo
seu pioneirismo, quer sobretudo porque a mesma permitirá
identificar, de forma clara, os sobrecustos da insularidade e
qual o seu real impacto no desenvolvimento da nossa economia.
Por outro lado, com a construção
deste modelo, e recorrendo apenas ao saber produzido nos Açores,
a Região satisfaz uma solicitação muito importante
da Comissão Europeia que, na sua última comunicação
sobre as regiões ultraperiféricas “Uma parceria
reforçada para as Regiões Ultraperiféricas”,
de 26 de Maio de 2004 preconizou que, no quadro da estratégia
de actuação da parceria Comissão/Estados-membros/Regiões
Ultraperiféricas e da sua proposta de criação
de um Programa de Compensação de Sobrecustos, se
criasse uma avaliação de sobrecustos e de medidas
de política económica.
Esse processo de avaliação assentaria
em três vectores: o primeiro referente à avaliação
dos sobrecustos, para a qual a Comissão contribuiria com
a metodologia.
O segundo, que consistia na elaboração
de um modelo geral de avaliação de políticas
públicas, sendo apontado explicitamente o tipo de modelos
materializados neste protocolo.
O terceiro referente à criação
de uma rede de recolha de dados visando alimentar a metodologia
de quantificação e os modelos de avaliação.
Os Estados-membros e as Regiões Ultraperiférica
(caso de Portugal e dos Açores), em devido tempo e com
a atenção e profundidade que o assunto merecia,
pronunciaram-se política e tecnicamente sobre a bondade
e factibilidade do pretendido e sobre os seus custos. Este processo
é exigente e imputa às Regiões Ultraperiféricas
responsabilidades acrescidas no domínio da quantificação
macroeconómica.
Os Açores estão, e este Protocolo
é disso cabal prova, em condições de cumprir
com a sua parte neste processo, de forma responsável e
empenhada.
Queremos, e estou certo que o vamos conseguir,
demonstrar quer ao País quer à União Europeia,
quais os reais custos da nossa condição ultraperiférica
e, com isso, reforçar a nossa capacidade negocial para
a afectação de recursos e para a devida e necessária
colaboração nacional e comunitária no esforço
de convergência real com a média nacional e europeia
que o Governo Regional dos Açores tem vindo a empreender.
Acima de tudo, é necessário que
todos compreendam que se deve tratar de forma diferenciada aquilo
que é diferente, numa lógica de progresso e de coesão
nacional, da qual a Região Autónoma dos Açores
é parte integrante, nunca esquecendo que é a nossa
Região que dá uma verdadeira dimensão atlântica
ao todo nacional.
Este modelo será pois mais um instrumento
ao dispor do Governo Regional, não só para corresponder
às solicitações de comprovação
quantitativa feitas pelas instituições europeias
mas, sobretudo, para se avaliar, de forma rigorosa, da eficácia
da actuação das políticas de crescimento
e desenvolvimento implementadas pelo Governo Regional e permitirá
proceder aos ajustamentos e correcções que se revelem
necessários.
Para o Governo Regional o objectivo é
claro: continuar, com esforço, empenho e dedicação
redobrada, a desenvolver uma política de rigor no que fazemos,
com vista a atingirmos os níveis de desenvolvimento de
que a Região necessita.
E é neste esforço contínuo
que, estou certo, este trabalho dará um contributo importante.
Desejo, deste modo, à equipa da Universidade
dos Açores que irá construir este modelo um bom
trabalho manifestando-lhes, em nome do Governo Regional, a confiança
na qualidade daquilo que irá ser produzido. Porque estaremos,
todos nós, a contribuir para o desenvolvimento da nossa
Região.
Muito obrigado e votos das maiores felicidades.”
GaCS/JMB
Fotografia GaCS/João Freitas
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