BAILE DOS CRAVOS VERMELHOS
NO SPORT CLUB ANGRENSE OF TORONTO
Por: Carlos Morgadinho
Adiaspora.com
Pose para a foto de um grupo de
senhoras com o emblemático
cravo da Revolução de Abril
No sábado passado, dia 29 de Abril de
2006, este prestigioso Clube regional da nossa comunidade realizou,
na sua sede social, sita no 1195 Bloor Street West, um jantar
com baile dedicado à Revolução dos Cravos.
Após o jantar deu-se inicio ao baile que atraiu a grande
maioria dos presentes para a pista de dança para ali
não só darem ao pé como também,
cremos, para acelerar a digestão de tão gostoso
repasto, um belo e saboroso bife, totalmente confeccionado pelo
pessoal voluntário desta popular agremiação
da nossa comunidade.
O baile foi interrompido pela directora daquela Casa, Isabel
Nunes, a fim de apresentar uma curta alocução
sobre a Revolução dos Cravos, que eclodiu no dia
25 de Abril de 1974, e que derrubou a longa ditadura que vigorava
em Portugal, muito perto dos 50 anos, trazendo com ela a liberdade
e a democracia. Aquela dirigente referiu também a “importância
que a Revolução trouxe para a causa das mulheres
portuguesas pois acabou, de imediato, com a descriminação
contra elas e a subserviência que até então,
as mulheres, tinham sido vetadas”.De imediato, e a pedido
da Isabel Nunes, um grupo de mulheres se juntou e com cravos
nas mãos (alguns eram brancos ou doutras cores pois,
segundo nos disseram, não lhes foi possível arranjar
todos da cor vermelha – mas eram muito poucos os que não
eram) para que se lhes fosse tirada a fotografia comemorativa
da celebração daquela Revolução
dos Cravos, tão querida para o povo luso até os
que vivem na diáspora.
Após este pequeno interregno e tirada a fotografia àquele
simpático grupo de senhoras, o baile continuou bem animado
com boa música “distribuída” e aquela
gente bem divertida que não se cansou de dançar.
A Direcção do Angrense não
esqueceu o seu elemento José de Castro
que em breve terá que deixar o Canadá
Foi também chamado ao palco o sócio
José de Castro, elemento da equipa de futebol deste nosso
clube que estava ali, naquela noite e naquela alegre festa embora
com a tristeza no coração pois tinha recebido
recentemente ordem de deportação do Departamento
de Imigração do Canadá tendo para isso,
segundo nos disseram, reservado já passagem para a Ilha
Terceira, donde é oriundo (Porto Judeu). É de
lamentar que as deportações não tenham
ainda sido suspensas apesar das diversas manifestações
de há poucas semanas atrás e que movimentaram
milhares de compatriotas nossos e de outras etnias (polaca,
turca, central e sul-americana e outras mais) bem como da intervenção
em força do Sindicato dos Trabalhadores, a Universal
Workers Union – Local 183 (um dos maiores do Norte da
América) e dos seus dirigentes e membros, perante a crise
neste sector por carência de técnicos como seja
pedreiros, carpinteiros, canalizadores, etc. que vem afectando
gravemente a indústria ligada à construção
civil. No entanto e indiferente à crise que assola a
industria da construção civil por falta de trabalhadores
qualificados o Governo do Canadá completamente despido
de compaixão dá-se ao luxo de deportar trabalhadores
qualificados. Mais, no caso do acima mencionado José
de Castro esta decisão de o deportar tem a agravante
deste nosso compatriota indocumentado ter já um filho
nascido no Canadá, e que tem apenas quatro anos de idade.
Claro que este pequeno não recebeu ordem de deportação,
como é óbvio, pois é cidadão canadiano.
No entanto, os pais, têm que o levar para Portugal pois
não o podiam abandoná-lo, isto é deixá-lo
no Canadá entregue à sua sorte. Perguntamos: -
Não é o Canadá conhecido pelos quatros
cantos do mundo como uma nação de grande compaixão?
E agora onde está essa tão apregoada compaixão
que “exporta” por esse mundo fora? Cá dentro
das suas fronteiras dá-nos a impressão que não
existe ou que então fechou os “olhos” ou
passou ao largo sem que a tivesse usado para estes casos humanitários.
É que nem todos os casos são iguais e muitos deles
merecem indubitavelmente de mais atenção e da
tão apregoada... COMPAIXÃO.