“Muito obrigado por estarem todos
aqui, numa noite tão fria
Dr. Luís Moura
Gostaria de agradecer à Adiaspora.com
e à pessoa do Sr. José Ferreira de me ter convidado
e oferecido esta oportunidade para explicar a todos um pouco
o que é o ICEP e o que faz o ICEP em Toronto e no Canadá,
e de que maneira é que abordamos esta questão
da tradição e do progresso.
Antes de mais: o que é o ICEP. O ICEP
é um organismo oficial que pertence ao Ministério
da Economia e que tem como responsabilidade a promoção
dos produtos portugueses no estrangeiro. Embora não seja
da sua responsabilidade em Portugal, tem no estrangeiro a responsabilidade
da promoção do turismo e do investimento estrangeiro.
O que são então estes produtos
portugueses? Uns são mais tradicionais, outros menos.
Dos mais tradicionais temos o Vinho do Porto, e os vinhos em
geral. Os menos tradicionais e, se calhar os menos conhecidos
são as tecnologias de informação, os moldes
e tantos outros produtos.
Hoje vou abordar mais a questão do progresso
e deste Portugal que nós não conhecemos. A parte
da tradição, suponho que tenha sido sobejamente
abordada durante esta conferência, que são a nossa
História e a nossa Cultura, estes elementos que nos caracterizam,
por isso vou tentar abordar a questão do progresso: Portugal
como um país de inovação, de criatividade,
de tecnologia, de progresso. O Portugal do Século XXI,
o Portugal de hoje e a maneira como ele nos pode surpreender,
até a nós próprios. Até aos portugueses.
A primeira área que eu gostaria de abordar
é a das cerâmicas, das porcelanas. Empresas como
a Vista Alegre e a Atlantis que são produtos portugueses
e aqui temos uma chávena desenhada pelo arquitecto Álvaro
Siza. Os serviços da Vista Alegre são oferecidos
ao mercado de vários países por mais de 40 representantes
oficiais, incluindo casas reais, que as utilizam em cerimónias
oficiais, com mais de 2.000 lojas na Alemanha, produtos que
embora ao Canadá cheguem em menor quantidade, também
aqui se encontram à venda, e são áreas
que continuamos a promover.
Outra área menos conhecida, dentro do
capítulo da inovação, é a do hardware
e software. As empresas portuguesas que fornecem a Microsoft
e que fornecem a NASA, desenvolvem os seus produtos em Portugal.
Entremos agora num produto tipicamente tradicional,
o vinho. Portugal é o país do Mundo que tem a
região demarcada mais antiga, estabelecida pelo Marquês
de Pombal, no Século XVIII, e, portanto, temos uma longa
tradição na área do vinho. Aqui no Canadá
é o produto português que mais se importa, um produto
acerca do qual o ICEP desenvolve uma acção particularmente
activa. E como fazemos isso? Antes de mais, promovemos provas.
Provas que são destinadas, infelizmente não ao
público em geral, mas sim aos jornalistas, aos compradores
dos monopólios, às lojas, aos ‘sommeliers’
dos restaurantes, para que eles ganhem apetência sobre
o vinho português. Aqueles que não conhecem passam
a conhecer. Os que conhecem o Vinho do Porto e o Vinho Verde
passam a conhecer outros.
Também na moda Portugal tem tradicionalmente
uma grande experiência, tanto no vestuário como
no calçado. Aqui temos os filmes dos ‘Star Wars’
que foram calçados pelos portugueses, e temos grandes
personalidades internacionais usando vestuário português.
E aqui está como se está a fazer um esforço
considerável para modificar o calçado português,
a começar pelo nosso design. Antigamente o que acontecia
era que o design dos sapatos era feito em Itália e na
Alemanha, e noutros países, e depois produzido em Portugal.
Hoje em dia temos designers de todo o mundo que vão para
Portugal desenhar e produzir os sapatos localmente, nomeadamente
uma marca que poucos sabem ser portuguesa, a ‘Fly London’,
que é uma grande embaixadora do calçado português,
hoje em dia, tanto em Nova Iorque como em Londres.
Muita gente que tem filhos, certamente que
conhece estas X Boxes, para videojogos, e muitas destas peças
são produzidas em Portugal e para dentro das caixas,
há empresas em Portugal que desenvolvem os próprios
circuitos de software para os jogos. Empresas como a ‘Cypaedia’
e a ‘Altitude Software’, sendo esta última
a líder mundial de ‘Call Centers’. Quando
aqui no Canadá ligamos um número telefónico
gratuito, com o indicativo 1-800 e nos responde uma senhora
que nos presta a informação solicitada, num centro
localizado em qualquer parte do mundo, essa software ‘inteligente’
que permite as ligações instantâneas é
desenvolvida, como se disse, pela ‘Altitude’ que
é também a líder mundial neste campo. Por
exemplo, foi ela que forneceu toda a tecnologia para o ‘Call
Centre’ dos Jogos Olímpicos de Sidney, na Austrália.
Portugal, no campo dos têxteis, é
famoso em todo o mundo; um grande fornecedor dos hotéis
da América do Norte, e aqui no Canadá também.
Para terem uma ideia, Portugal é o quinto fornecedor
mundial do Canadá em produtos atoalhados, têxteis
para a casa e para o lar. E não exportamos mais para
aqui porque temos de competir com países que não
pagam taxas aduaneiras e nós pagamo-las sempre a partir
de 21%... e isso é que nos atira para o quinto lugar,
senão estaríamos em melhor posição.
Outra indústria pesada tradicional é
a dos moldes. Portugal é o sétimo maior exportador
mundial de moldes, sendo o Canadá o primeiro ou o segundo.
A nossa posição é bastante interessante.
O que são os moldes? São aquelas formas onde se
injecta o plástico liquefeito para a produção
de caixas e embalagens, malas, peças para automóveis,
e todo esse tipo de acessórios e cada vez mais associada
a produtos de ‘lifestyle’, como malas de viagem
e telemóveis. Também para a ‘Samsonite’
o molde é produzido em Portugal como ainda o design do
molde, uma actividade altamente tecnológica, é
feita em Portugal.
Na banca, Portugal foi e ainda é o líder
mundial de tecnologia para as transacções. Operações
bancárias que ainda não são viáveis
em Portugal, já o são há muito tempo em
Portugal, há cerca de 20 anos.
Portugal é também o maior produtor
mundial de cortiça, com cerca de 50% de toda a produção
global, quase toda dantes usada para a produção
de rolhas, um produto que é relativamente pouco tecnológico.
Mas cada vez mais se estão a desenvolver mais e maiores
aplicações da cortiça, como para isolamento
acústico, ou para isolamento de soalhos. A cortiça
é muito fácil de limpar, muito higiénica,
boa para crianças, é um produto que está
vivo, ao contrário das alcatifas ou das carpetes, um
produto que respira e que pode ser facilmente transplantado
para uma casa nova em caso de uma mudança.
Nas pedras e rochas ornamentais, mármore
e granito, e ainda em revestimentos cerâmicos, Portugal
tem sido tradicionalmente um grande produtor destes produtos.
Produtos que antigamente tinha utilizações mais
banais e que agora, cada vez com maior frequências estão
a ser utilizados para fachadas de edifícios e para zonas
de maior visibilidade, menos corriqueiras.
Mais a título de curiosidade que outra
coisa, eis um caiaque que foi desenhado por portugueses, cuja
manufactura tem lugar em Portugal, e tanto nos Jogos Olímpicos
de Atenas como nos de Sidney se classificou entre os três
primeiros.
Isto é, mais ou menos o que tentamos
fazer no comércio, como dia há pouco, trabalhando
com organismos na organização de provas para que
os vinhos portugueses sejam mais conhecidos, levando jornalistas
a Portugal, levando os importadores de calçado ou de
têxteis atoalhados ao nosso país para que conheçam
a oferta portuguesa e possam fazer as suas encomendas. Fazemos
promoções nos postos de venda, em armazéns
como ‘The Bay’, ‘Sears’, ‘Maison
Simon’ no Quebeque, tentar colocar sinalética que
chame a atenção para o produto português,
fazendo concursos na ‘The Bay’ para o melhor vendedor/a
de produtos portugueses, para incentivar o pessoal das grandes
cadeias de vendas.
E é isto o que fazemos. Somos uma equipa
bastante reduzida, apenas três pessoas. No turismo, onde
trabalham outras três pessoas, promove-se a campanha “Portugal,
go deeper”, em termos de: Se conhece procure conhecer
melhor! A experiência em Portugal é uma experiência
que vale a pena insistir. É esta insistência, esta
redescoberta que vai levar as pessoas a conhecerem coisas das
quais nem a ideias faziam. Um verdadeiro desafio.
Nesta área do turismo temos uma outra
campanha em curso e que é destinada a todos os que estão
presentes: levar as pessoas que vão a Portugal, os portugueses
que vivem no estrangeiro e que vão regularmente a Portugal,
levá-los a regiões diferentes das de onde eles
são originários. Tentar levar o açoriano
que vive em Toronto para além dos Açores. Que
vá a Lisboa, que vá ao Algarve. O português
que vive em Toronto e é da Nazaré, que vá
conhecer o Rio Douro, que vá conhecer a Madeira. Diversificar
e fazê-los verdadeiros embaixadores da sua própria
cultura. Passarem a palavra ao vizinho, levarem o vizinho a
visitar o nosso país. Para isso precisam de o conhecer,
de conhecer zonas diferentes.
E depois, também numa outra vertente que é a dos
Lusodescendentes, levar as crianças, os jovens e os adultos
que já nasceram cá, a irem a Portugal. Eles já
vão às Caraíbas e à América
Latina e partem à aventura para a Austrália, aqui
e acolá. Ora partam também à aventura a
Portugal. Levem os vossos amigos canadianos a Portugal e façam
essa aventura em Portugal.
Portanto a ideia é esta, que Portugal
é o país da Europa que tem a tradição
da Europa, a cultura da Europa, a História da Europa,
mas um país relativamente pequeno, com óptimas
acessibilidades que se pode percorrer facilmente, de Norte a
Sul, incluindo as ilhas, claro, com boas ligações
aéreas e que, numa pequena faixa territorial, proporciona
experiências muito diferentes.
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