MAIS UM DESASTRE ECOLÓGICO
Por: Luís Paulo Ávila
Adiaspora.com
Apesar de vivermos no meio do Oceano Atlântico,
num lugar que à partida seria considerado paradisíaco,
a realidade é bem outra. Por estar colocado no centro
privilegiado das rotas marítimas e aéreas internacionais,
as Ilhas dos Açores beneficiam por um lado desta posição
estratégica, mas por outro lado o reverso da medalha
também acontece como agora. Mais uma vez a Ilha do Faial
e do Pico, devido à sua proximidade, estão a ser
fustigadas por ventos adversos que nos trouxeram em aproximação
mais um encalhamento, desta feita de um porta-contentores, no
dia 9 de Dezembro do ano passado, de nome CPValor, com 180 metros
de cumprimento e arqueação bruta de 18 mil toneladas,
que vinha do Canadá e dirigia-se, segundo nos informaram,
para a Europa, efectuando azar dos azares, a sua última
travessia. Mas foi logo aqui, neste Arquipélago da Macaronésia,
que havia de ter acontecido o pior. E o pior para todos, tripulantes
do navio, comerciantes e habitantes destas duas ilhas, sobreveio
logo após a ordem para e devido a avaria nas máquinas,
fundeá-lo na baía das Cabras, na Praia do Norte,
na Ilha do Faial. Quem deu a ordem deve ter sido alguém
ligado à marinha portuguesa, porque não se ponderaram
as consequências, e ocorreu o pior.
Quando outro navio nos anos 60 encalhou na
Praia do Almoxarife, por erro de cálculo, o seu nome
era Vejesak (assim se pronunciava), safou-se pelos próprios
meios, os taxistas de então, diziam que era o vulcão
pequenino que tinha acontecido, porque eram muitas as pessoas
que alugavam os táxis para irem observar o navio encalhado,
salvo erro movido a energia nuclear. Mais de quarenta anos são
passados e outro vulcão pequenino aconteceu, mas desta
feita, mais perto daquele que rebentou há quase cinquenta
anos. As consequências nefastas que daí advirão,
havia muito combustível a bordo e outros produtos e é
mais um navio que se irá desmantelar ao longo dos tempos
nos nossos mares, devido à incúria não
se sabe muito bem de quem, porque nesta terra são proibidos,
pelo respeito aos bons costumes, os infractores nunca dão
a cara. Há sempre desculpas, mais que esfarrapadas, para
camuflar a situação. Notícias recentes
informam que os produtos tóxicos e os contentores foram
já retirados. O governo da Região, está
(esteve) no terreno até onde a sua competência
o permitia, no entanto notou-se e (nota-se) por parte de outras
autoridades e de entidades, um trabalho demasiado burocrático
para resolver atempadamente e travar as consequências
nefastas que se previa acontecessem, mas felizmente já
tudo ou quase tudo já passou. Opiniões não
damos, apenas denunciamos a situação e somos o
porta-voz do descontentamento popular, que na altura era muito,
porque se dizia que a ordem foi dada sem se ter em conta o que
se poderia passar posteriormente. Neste caso a culpa morreu
solteira. Os factos não são contestados por ninguém,
mas a pergunta fica no ar: Porque não foi dado ordem
para o navio fundear na baía do porto da Horta, por ser
mais abrigada e por existirem melhores resoluções
para eventualidades futuras? Quem irá pagar esta factura?
São mais uma vez os pescadores e o público consumidor?
Estas são as questões que correm de boca em boca
entre as pessoas do Faial e do Pico. Tapar o sol com a peneira,
ou sacudir a água do capote, são atitudes que
não abonam em nada quem as toma. Uma coisa é certa,
o desastre aconteceu, mas as suas consequências são
ainda imprevisíveis, porque muito combustível
foi derramado, apesar das vozes, que afirmam que está
já tudo sanado.
Estaremos atentos e daremos conta do que se irá passar
futuramente.