FESTA DE MATANÇA DO PORCO REALIZADA PELO GRUPO
“ DANÇA CARNAVALESCA – 2006”

Por: Carlos Morgadinho
Adiaspora.com


Vista parcial do Salão

No passado dia 14 de Janeiro de 2006, pelas 19:00 horas, um grupo de elementos da nossa comunidade, que se intitulam “Dança Carnavalesca – 2006”, e que fazem, por sua vez, parte de outro grupo mais antigo conhecido por muitos por “Grupo Amigos dos Açores”, resolveram organizar uma festa de Matança do Porco bem à moda dos Açores donde são oriundos a maioria deste grupo agora formado para celebrar o Carnaval que se aproxima. Constituído, como foi dito atrás, em grande parte por gente dos Açores, dos quais, salvo algumas excepções (alguns são da Ilha de São Miguel e do Continente) são, na sua maioria, naturais ou descendentes de naturais da Ilha da Terceira, mas que unidos por uma causa comum – a celebração, das Festas Carnavalescas – que, como é sabido, é uma tradição secular da Ilha Terceira, local onde todos os anos se formam dezenas de grupos para a celebração desta época festiva do ano. Normalmente há dois tipos de danças; uma de espada que normalmente envolve um drama e a outra, completamente oposta, que abraça causas de escárnio, criticas sociais ou de bom humor, com ou sem pimenta, que fazem o gáudio das multidões que lotam os muitos salões onde se realizam estas danças.


Os "Mestres" José Borges e Madalena Baptista

A receita desta festa, agora organizada, destina-se a cobrir algumas das despesas obrigatórias com a deslocação deste grupo, composto por 47 elementos, às festas de Carnaval das Ilhas Terceira e São Miguel, nos próximos dias 23 a 26 de Fevereiro (Terceira) e 2 e 3 de Março (São Miguel) . Esta dança formada recentemente e ensaiada pelos “mestres” Madalena Baptista e José Borges, dois naturais da Terceira que há longos anos vêm, na nossa comunidade, organizando e liderando grupos de bailes típicos daquela ilha da Região dos Açores, pela época do Carnaval e da Páscoa, é um dos três grupos de danças do Ontário que, este ano, marcarão presença nas festas daquela ilha. Foi-nos dito recentemente que se encontram já registados ou inscritos 70 grupos de danças formados nas freguesias dos dois Concelhos daquela Região de Portugal.


Membros do Grupo "Recordações da Terra" deliciando-se com as iguarias

Dado que as despesas com a deslocação, desta autêntica caravana, não são nada “leves” (cada membro paga a sua deslocação acrescidos de outros encargos como hospedagem se, por acaso, não tiverem familiares onde se possam albergar mais a despesa com a alimentação durante aqueles dias) resolveram, para amenizar esses custos, de organizar uma matança de porco, cujo lucro reverterá inteiramente na redução do custo desta deslocação já que a maioria dos seus elementos são jovens com idades compreendidas entre os 6 e os 22 anos, sendo muitos deles ainda estudantes a frequentar as diversas escolas de ensino primário, secundário ou institutos politécnicos.


O Recordações da Terra alegrou aquela noite inesquecível

Assim, e com esta finalidade, naquele sábado, o salão de festas da Igreja de San Juan Bautista, localizada na esquina da Dundas Street West e Gore Avenue, foi deveras pequeno para acomodar os membros daquele grupo, seus familiares e muitos amigos que ali confraternizaram e relembraram as suas festas tradicionais.


Cantares tradicionais açorianos marcaram presença

O jantar totalmente confeccionado e servido pelos membros daquela dança contava com as mais deliciosas iguarias onde a morcelas, chouriço, linguiça, torresmos, fressura, fígado, o inhame e muitas outras iguarias de nos fazer crescer água na boca. Após o jantar foi tempo de variedades e arrematações de muitas ofertas de amigos e patrocinadores deste empreendimento. O primeiro, a parte de entretenimento, foi totalmente preenchido por um grupo que tocou e cantou belas canções do folclore açoriano. Outro grupo típico constituído por elementos oriundos do norte do continente e denominado “Recordações da Terra” formado por Paulo Pato, Manuel Gonçalves, Vítor Carancajo, Ana Gonçalves, Conceição Vasconcelos, Virgilino Gonçalves, Norberto Arruda, Jorge Rodrigues e Rui Malhão, cantaram, e encantaram obviamente, com as suas músicas bem alegres que só as gentes daquela zona (do Minho) o sabem fazer. Por fim actuou o artista brasileiro Juliano DiLuca, uma bonita voz e com um extenso reportório de música brasileira e de outros países do Sul da America.


Juliano Deluca cantou e encantou

A festa teve um interregno para proceder-se aos leilões, ou arrematações como é vulgo chamar-se, de muitas e boas ofertas algumas das quais suscitaram grande despique.

Foi, confessamos, uma festa bem organizada e de muita alegria bem parecida com aquelas que era uso fazerem-se nos velhos tempos lá na nossa terra natal, em Portugal.

Parabéns à Madalena Baptista e ao José Borges (quem os não conhece na comunidade açoriana?) não esquecendo todos os outros voluntários e participantes, pelo excelente trabalho desenvolvido na organização desta festa em prol da preservação da cultura lusa, que foi o nosso berço, e a dinâmica que vêm desenvolvendo de a querer passá-la ou enraíza-la nos mais novos que são a “espinha dorsal” deste grupo de danças carnavalescas. É que há muita gente da nossa comunidade aqui radicada que ainda não se apercebeu que são estes jovens, de hoje, que irão continuar com a obra cultural que os seus pais e avós trouxeram das diversas regiões de Portugal quando, um dia, resolveram emigrar à procura de um futuro mais risonho que a madrasta da vida, infelizmente, não lhes podia oferecer naqueles caducos tempos da ditadura que vigorava na nossa Pátria Mãe.