No Asas do Atlântico de Toronto
Matança
do Porco à moda do Pico
Natividade e Carlos Ledo
Adiáspora.com
Todos nós sabemos, que o tempo tradicional
das matanças do porco ainda não chegou. Estamos
até um pouco longe dele. Mas temos que pensar que aos
poucos ele vai-se aproximando de nós. Seja no continente
português, Açores ou Madeira, estas tradições
fazem parte de todos nós, embora destaquemos naturalmente
a tradição dos Açores, nossas ilhas, onde
vão sendo cada vez menos os que dão a continuidade
aos usos e costumes tradicionais dos tempos antigos. Com excepções
claro e um esforço cultural bem grande para os não
deixar morrer.
Talvez tudo isso se dve aos tempos tão
modernizados que transformaram o mundo por completo, pelos próprios
povos E ainda bem que tudo isso vem acontecendo; os Açores
também não se deixarem ficar atrás e desenvolveram-se
muito nestas modernizações, o que é bom
para todos os povos com direitos iguais. Pena que as nossas
tradições deixadas pelos nossos antepassados aos
poucos vão desaparecendo. E são as gerações
de idades mais avançadas a lembrar com saudade a lembrança
dos “velhos e bons tempos que já lá vão”,
e que não voltam mais.
Pelo contrário, nos países de
acolhimento os milhares de pessoas que rumaram até eles,
em busca de uma vida melhor, aos poucos com o sentir das saudades
e da maneira como lá se vivia, foram revivendo muitas
actividades tradicionais, nelas inserindo as tradicionais matanças
do porco, uma das actividades mais alegres das gentes das ilhas,
onde se cantava, dançava e se bebia uma pinguinha...
Por terras Canadianas, mais propriamente na cidade de Toronto,
esta tradição mantêm-se bem viva. São
muitos os clubes da comunidade portuguesa radicada em Toronto
que, com a mesma alegria e boa disposição, levam
a efeito estes acontecimentos, à custa de muito trabalho,
é certo, mas que vale a pena, porque se passam umas boas
horas em saudável serão dedicado à dita
matança do porco, fazendo recordar os tempos que já
lá vão.
Foi desta maneira que o clube Asas do Atlântico
de Toronto, em cuja a direcção pontifica uma maioria
oriunda da Ilha do Pico, levou a efeito, no passado fim de semana
de 25 de Novembro, a sua primeira festa da matança do
porco, que contou com a presença agradável de
410 pessoas que se divertiram em grande, a partir do momento
em que franquearam as portas do salão de festas
Enquanto nos serviços de culinária, eram muitas
as senhoras que preparavam o jantar, as mesas já se encontravam
bem decoradas de iguarias tradicionais como os torresmos brancos,
caçoula, toucinho em vinho e alhos, morcela, chouriço,
faceira, fígado, batata doce, batata da terra, inhame,
feijão assado, bolo de milho - e muito mais! - sem esquecer
o bom vinho e a garrafinha de aguardente, muito popular em tempos
de matança.
Depois de saborearem parte da gastronomia
Açoriana, deliciaram-se ainda com uma vasta variedade
de coisinhas doces, sem faltar a deliciosa fruta, entre elas
a melancia e os morangos. Foram mesas de fartura bem à
maneira do Asas do Atlântico onde, durante todo o serão,
ficaram expostas mais mesas com muitos petiscos e a inevitável
morcela frita para quem quisesse saborear.
No capítulo musical, os artistas convidados
para a noite foram: Victor Martins, Manuel Augusto, que mesmo
com a sua voz um pouco adoentada fez um bonito espectáculo,
e o som do “D.J Asas”. Nos intervalos foram feitas
algumas arrematações das metades do porco intercaladas
com sorteios. Em suma, uma noite a ficar na lembrança
de quem lá foi.