ROMEIROS DE SANTA CRUZ DE TORONTO
Por: Carlos e Natividade Ledo
Adiaspora.com
As romarias na Ilha de São Miguel, Açores,
não são só, as mais belas peregrinações
na ilha, mas também são uma das maiores devoções
religiosas do povo Micaelense pois estas romarias, são
de pura originalidade daquela ilha, São Miguel, também
conhecida por, Ilha do Arcanjo. Estas romarias iniciaram-se
por volta dos anos 1522, data esta, que ocorreu com fortes sismos
vulcânicos que abalou aquela ilha Açoriana, com
mais incidência nas zonas de Vila Franca do Campo e na
Ribeira Grande, desta ilha.
Foi uma catástrofe terrível, que aquele povo sofreu
angustiosamente, vendo tudo destruído pela força
da mãe natureza. Desde então, devido ao grande
sofrimento, dor e lágrimas, o povo da ilha, resolveu
juntar-se, e transformar as suas preces em oração,
pedindo a Deus que os protegesse e os livrasse do perigo dos
tremores de terra consequentemente ali sentidos.
A aflição como acontece durante
estas calamidades era tanta, de forma que aquelas pobres gentes,
de todas as freguesias, vilas e cidades, resolveram formar grupos
de homens, afim de percorrerem a ilha a pé, durante oito
dias, rezando, orando e cantando, pedindo ao mesmo tempo a Nossa
Senhora, protecção para o povo, assim como para
as outras ilhas e, em especial, para Vila Franca do Campo e
Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, as zonas mais
afectadas pelos intensos e devastadores tremores de terra, do
dia 22 de Outubro de 1522
Estas tradições e devoções, continuam,
nos nossos dias bem vivas no coração e na alma
do nosso povo, não só naqueles que vivem no torrão
Micaelense , como também nos que vivem fora do seu berço
natal, e de modo especial, aos imigrantes no Canadá,
com referência ao grupo de romeiros da Paróquia
de Santa Cruz da cidade de Toronto, Canadá, que, desde
alguns anos deslocam-se até São Miguel, para a
sua tradicional peregrinação e assim , lá
vão de bordão e terço na mão, de
xaile e lenço aos ombros, e o saco feito de retalhos,
carregando a sua merenda às costas.
Depois de algumas semanas de preparação
para este acto de penitência, sacrifício e oração
a Deus e a Nossa Senhora, fizeram a sua festa de despedida,
que teve lugar no passado fim de semana, dia 4 de Março,
no Ambiance Hall em Toronto, por volta das 7:30 horas, da noite
de Sábado. A festa começou, com apresentação
de José Bettencourt, que passou a palavra ao Padre João
Mendonça, que teceu bonitas palavras sobre as romarias,
tendo os Romeiros por sua vez, entrado na sala a cantar a Avé-Maria,
e entoando de seguida, o hino do Romeiro, que emocionou quantos
se encontravam naquela sala, pois foi bem visível as
lágrimas no cantinho dos olhos de muitos presentes. A
sala estava repleta, mas, na despedida, há sempre uma
alegria, que é a de voltar para os seus familiares e
lares, mas para tal, nada como um pézinho de dança
ao som do D. J. “Açores e Karaoke”, e a voz
timbrada do artista da comunidade, João Marques, tendo
ambos proporcionado boa e animada musica.
Os Romeiros iniciam a sua caminhada em São
Miguel, no dia 12 do corrente mês e terminão no
dia 19, sendo o seu Mestre do rancho dos romeiros, e grande
impulsionador desta tradição, Isaac Ferreira,
que leva à sua responsabilidade 34 romeiros, com a Procuradoria
das Almas, a cargo de seu irmão, Arménio Ferreira,
que irão pernoitar nas seguintes localidades.
Domingo para Segunda - Pilar da Bretanha
Segunda para, Terça - Vila de Rabo de Peixe.
Terça para Quarta - Lomba da Maia
Quarta para Quinta - Fazenda de Nordeste
Quinta para Sexta - Lomba do Alcaide
Sexta para Sábado - Ribeira das Tainhas
Sábado para Domingo - São Roque
O ponto de partida e chegada deste rancho, será a Igreja
do Senhor Santo Cristo dos Milagres em Ponta Delgada, São
Miguel.
Da parte que nos toca, agradecemos o gentil convite do amigo
Isaac Ferreira, mestre dos romeiros, para ele, e para todo o
rancho, desejamos uma boa caminhada nesta peregrinação
em plena quadra Quaresmal e que Deus e Nossa Senhora os acompanhe
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Com coragem eles vão, por caminhos e atalhos.
De velhos bordões na mão, de olhar triste e cansado
Cansados de tanto andar, de subir e descer.
Vendo a noite se aproximar, para um pouco adormecer
Com chuvas e ventos fortes, a caminhada continua
Para estes grandes devotos, nada disso lhes assusta.
Com forte fé em Deus, rezam e cantam pelo caminho
A Deus vão pedindo, paz ao mundo e aos
filhos seus.