ENTREVISTA A JOÃO TAVARES, PRESIDENTE
DA CASA DO POVO DA FREGUESIA DE PORTO JUDEU
Por Carlos Morgadinho
Adiaspora.com
“Esta Casa do Povo de Porto Judeu tem
uma missão totalmente diferente das outras Casas do Povo
e poucas existem que possuem e administrem os serviços
que desempenhamos até porque somos considerados uma das
maiores Casas do Povo em toda a Região Açoriana.
Desenvolvemos uma acção social bastante alargada
nos nossos estatutos pelo apoio que damos à Junta de
Freguesia de Porto Judeu e a mais duas outras freguesias vizinhas,
a Feteira e Ribeirinha. Este serviço social baseia-se
no apoio à terceira idade através de um programa
totalmente novo lançado recentemente e chamado “SOS
IDOSO”.
Neste serviço de apoio ao idoso a Casa
do Povo activa os serviços competentes quando se é
detectado que o utente está necessitando de certos serviços
como, por exemplo, chamada de ambulância para o transporte
para os centros de saúde ou hospitais bem como outros
apoios no campo social e da saúde como é ocaso
da existência de pequenos serviços de enfermagem
ou outros programas de cariz sócio-familiar.
Apoiamos também o povo de Porto Judeu
no campo cultural tendo neste momento, por exemplo, dois bailinhos,
totalmente formado por mulheres (talvez porque os homens já
estejam a ficar cansados destas andanças), um de jovens
e o outro composto por elementos da terceira idade tendo esta
ultima já dado a volta à Ilha neste mês
de Fevereiro, com 35 actuações. Realmente a mulher,
alguns anos atrás, não era bem vista fazendo parte
nos bailinhos e danças de Carnaval porquanto era o homem
que fazia o papel de mulher. Agora acontece precisamente o contrário
pois são as mulheres que por vezes fazem o papel de homens
havendo bailinhos compostos na totalidade por mulheres.
Esta Casa do Povo tem no presente duas danças
como atrás já referido formado por gente jovem
e por idosos. Neste ano, na Ilha Terceira, formaram-se sete
danças totalmente com elementos da terceira idade tendo
sido coordenados eficientemente num auxilio mutuo e que se exibiram
por toda a Ilha. O tema do nosso bailinho da terceira idade
é “Velhas em digressão”no qual os
membros dos Centros de Convívio fazem uma digressão
aos Estados Unidos da América do Norte e quando regressam
vêm muito mais novos e renovados. Muito engraçado
este trabalho escrito pelo veterano das festas de Carnaval da
Ilha Terceira, Eddy Costa, da Vila das Lajes. Os membros desta
dança adaptaram-se bem ao texto pois muitos deles há
longos anos, desde novos, que vêm participando nestas
danças e no teatro desta Ilha , conseguindo dar uma volta
às dificuldades que possam surgir dando uma faceta muito
sui generis à dança.
Como surgiu o convite para a Dança de
Espada do Canadá? Tudo isto vem ao encontro do que esta
Casa do Povo de Porto Judeu já fez digressões
anteriormente pelo Canadá e Estados Unidos da América
do Norte junto dos emigrantes ali radicados, tendo, por conseguinte,
tido contactos e conhecimentos não só de muitos
nossos compatriotas como também de clubes e associações
ali sedeadas. Neste parâmetro tivemos conhecimento desta
Dança de Espada, “O Caminho da Felicidade”,
do Victória de Setebula de Toronto, e formulamos o convite
oficialmente para a digressão desta Dança às
festas de Carnaval deste ano de 2006 aqui na Ilha Terceira.
Desta forma e como as despesas com a deslocação
são enormes acrescidas doutras como, por exemplo, a aquisição
do guarda-roupa, poderão aplicar para se candidatarem
aos apoios da Direcção Regional das Comunidades
liderada pela Dra. Alzira Silva, que sempre colabora neste tipo
de intercâmbio cultural que, embora não seja avultado,
sempre é melhor que nada. A Dra. Alzira Silva sempre
colaborou e apoiou este tipo de eventos tanto aos que cá
vêm como aos que se deslocam à diáspora
para manter os laços culturais da diáspora açoriana.
Os frutos deste e outros intercâmbios
é o de preservar e disseminar a cultura e os costumes
dos Açores naqueles que se radicaram longe destas Ilhas
que um dia os viu nascer e desta maneira as possam, por sua
vez, passá-las às gerações vindouras.
E como vê, estas tradições do Entrudo da
Ilha Terceira não irá “morrer” tanto
aqui nos Açores, mais especificadamente na Ilha Terceira,
como nos que se encontram a viver lá longe, na diáspora
açoriana. O “bichinho” do Carnaval está
bem enraizado tanto naqueles que aqui vivem como naqueles como
nos nossos irmãos açorianos fora do nosso espaço
físico e “apanhando” também todos
aqueles que não estão ligado directamente com
a nossa Ilha Terceira. É o gosto e a transmissão
desta cultura que vejo neste momento olhando para os jovens
que vieram até cá integrados nesta Dança
e que formam a maioria dos elementos que formam aquele grupo
que me faz pensar que o Carnaval e a nossa herança cultural
não irá sucumbir no tempo pois os nossos costumes
está a passar dos pais para os filhos e netos. Quando
esta cultura é “injectada” quando ainda se
é muito jovem ela, a cultura, irá certamente manter-se
e passará, disso estou certo, para os seus descendentes.
E é por isso que vejo não haver perigo do Carnaval
sucumbir após o desaparecimento dos veteranos destas
festas tradicionais pois os mais novos tomarão a responsabilidade
de perpetuar esta cultura tão querida do povo da Ilha
Terceira.
Além disso o Governo Regional dos Açores
tem vindo a apostar e a apoiar estas iniciativas através
da Direcção Regional das Comunidades que faz com
que estejam mais atentos a certas necessidades ou problemas
tantos das comunidades de cá como da diáspora
fomentando e promovendo programas de intercambio de cariz cultural.
Isto é de mais valia e por aquilo que tenho conhecimento
sempre que se apresentam projectos válidos para promoção
deste intercâmbio o Governo Regional dos Açores
tenta sempre apoiar essas iniciativas com o máximo dentro
das suas possibilidades financeiras.
No meu trabalho como Presidente da Casa do
Povo da Freguesia de Porto Judeu tenho testemunhado o esforço
dos nossos governantes, através da Direcção
Regional das Comunidades, na colaboração e apoio
a todos estes grupos culturais que nos visitam e também
aqui, na nossa Freguesia, como já aconteceu no passado,
nas nossas digressões pela diáspora, com projectos
credíveis apresentados atempadamente, sempre resulta
nalgum apoio neste tipo de iniciativas, o que é um óptimo
incentivo para promoção e troca de valores culturais.
Para nós é sempre um prazer recebermos
as pessoas e estes grupos dentro das nossa possibilidades que
temos para activar e promoção dos valores culturais.”
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