THE LUSOPHONE COFFE HOUR
POESIA PORTUGUESA CONTEMPORÂNEA

Por: Emiliana Ganem
Adiaspora.com


Prof. Ana Luísa Teixeira (Universidade de York)
e o Prof. José Pedro Ferreira (Universidade de Toronto)

Aconteceu na Sexta-feira dia 27 de Janeiro, o primeiro Lusophone Coffe Hour na Universidade de York. Este projecto será alternado entre Universidade de York e a Universidade de Toronto, onde se pretende discutir informalmente várias facetas da cultura portuguesa.

Nesta primeira sessão, foram apresentadas e analisadas várias poesias de autores portugueses diversos, entre eles: Vasco Graça Moura, Joaquim Manuel Magalhães, Fiama Hasse Pais Brandão, Luís Quintais, Manuel de Freitas, Adília Lopes, José Mário Silva, José Ricardo Nunes e Luís Filipe Castro Mendes.


Diversas imagens de Portugal foram apresentadas durante o encontro

Organizado pela Professora Doutora Ana Luísa Teixeira – Universidade de York e docente do Instituto Camões, o evento contou ainda com a participação do Prof. Dr. José Pedro Ferreira da Universidade de Toronto, que declamou as poesias em português enquanto que a Prof. Ana Luísa as traduzia para o inglês.

Durante todo o encontro, os presentes participaram com várias perguntas e análises sobre a cultura portuguesa, sua importância e o modo como a herança poética portuguesa é vista e compreendida hoje em dia.


Dra. Maria João Dodman e o Prof. José Curto foram presenças marcantes no evento

Entre os presentes neste primeiro Lusophone Coffe Hour, destacamos a participação activa de Dra. Maria João Dodman – Universidade de Toronto, e do Prof. José Curto (Universidade de York - Dep. de História) que sem dúvida nenhuma acrescentaram muito com seu conhecimento e ampla visão cultural sobre a poesia e as características literárias de Portugal, lugar que muitas vezes é designado como “um país de poetas”. Efectivamente, a poesia portuguesa tem tido um peso e influência enorme na literatura do país. Podemos citar bons exemplos, tanto na poesia lírica como na épica. Os poetas mais conhecidos mundialmente são portugueses, sem dúvida Luís Vaz de Camões e Fernando Pessoa integram um grupo de renome imensurável e estes também tiveram seu lugar no evento que aconteceu naquela tarde na Universidade de York.

O Fado e as inúmeras expressões musicais também foram abordados, seus objectivos e características e seu valor dentro da cultura mundial. Revelando-se que até mesmo no Japão se ouve o fado, e que nem mesmo a barreira da língua ou dos costumes pode impedir que a suavidade, a emoção e a beleza da canção portuguesa conquistasse seu espaço no país do sol nascente. Para exemplificar e ilustrar o quanto a música lusa é relevante nos quatro cantos do mundo, os organizadores do evento nos prestigiaram com uma bela interpretação do grupo português Madredeus.


A sessão decorreu em português e inglês para que todos pudessem participar

Durante o intervalo foram servidos café, bolinhos e bolachas. Mas nem mesmo a comida, foi razão para não se falar sobre cultura e conhecimento.


Os participantes puderam analisar e compreender melhor a poesia portuguesa
e as suas características

Com toda a certeza, The Lusophone Coffe Hour veio para ficar, um espaço aberto para se falar de poesia, das inúmeras facetas portuguesas, suas características, cultura e do seu inequívoco valor para toda humanidade em geral.

Para mais informações ou qualquer comentário a respeito do Lusophone Coffe Hour, favor entrar em contacto com Ana Luísa Teixeira – Universidade de York,
(416) 736-2100 Ext. 30385


Vasco Graça Moura

vejo-me ao espelho: a cara
severa dos sessenta,
alguns cabelos brancos,
os óculos por vezes
já mais embaciados.

sobrancelhas espessas,
nariz nem muito ou pouco,
sinal na face esquerda,
golpe breve no queixo
(andanças da gilette).

ia a passar fumando
mais uma cigarrilha
medindo em tempo e cinza
coisas atrás de mim.
que coisas? tantas coisas,

palavras e objectos,
sentimentos, paisagens.
também pessoas, claro,
e desfocagens, tudo
o que assim se mistUra

e se entrevê no espelho,
tingindo as suas águas
de um dúbio maneirismo
a que hoje cedo. e fico
feito de tinta e feio.


Luís Filipe Castro Mendes

O último amor

Era o último amor. A casa fria,
os pés molhados no escuro chão.
Era o último amor e não sabia
esconder o rosto em tanta solidão.

Era o último amor. Quem advinha
o sabor pela escuridão?
Quem oferece frutos nessa neve?
Quem rasga com ternura o que foi verão?
Era o último amor, o mais perfeito
fulgor do que viveu sem as palavras.
Era o último amor, perfil desfeito
entre lumes e vozes passadas.

Era o último amor e não sabia
que os pés à terra nua oferecia.