XIX SEMANA CULTURAL ALENTEJANA
(17 a 25 de Outubro de 2003)
Por Carlos Morgadinho - Adiaspora.com
Sob o lema "20 ANOS DE TRADIÇÕES,
SONS E SABORES
" a Casa do Alentejo de Toronto realizou
mais uma semana dedicada à cultura da região do
Alentejo que, como as anteriores, foram nove dias onde os oriundos
das Planícies Douradas, e não só, se juntaram,
confraternizaram e apreciaram a sua música popular não
esquecendo as melancólicas modas dum povo sofredor que,
foi votado ao esquecimento pelos nossos governantes, até
àquele feito histórico, que foi o 25 de Abril. Como
é apanágio daquela nossa colectividade fado não
podia estar ausente assim como o folclore e a sua rica gastronomia
que encanta o palato do mais exigente.
A abertura oficial desta semana cultural teve
lugar na Sede Social desta nossa prestigiosa Casa Cultural, no
dia 17 de Outubro de 2003, pelas 18.30, com a presença
de muitos sócios, amigos e convidados. Foram entoados os
hinos de Canadá e de Portugal pelos Grupos Corais Feminino
e Masculino daquela Casa, seguindo-se as intervenções
dos Presidentes da Direcção e da Assembleia Geral,
Carlos Sousa e José Luis Lopes, respectivamente, este último
lançando um impressionante apelo a todos os elementos das
Direcções do presente e passado, para esquecerem
as suas quizilias, para bem não só da Casa do Alentejo
com da Comunidade Portuguesa, para que, assim, todos unidos, possam
disfrutar de mais força e coesão, relembrando também,
ao mesmo tempo, os jovens a se juntarem e terem o seu quinhão
nas lides daquela Casa pois serão eles que, num futuro
próximo, tomarão nas sua mãos os destinos
da Casa do Alentejo. Seguiu-se um um brinde e de um "Porto-de-Honra"
após que foi servido o jantar com um complemento de entretenimento
com as actuações dos Grupos Coral Feminino e de
Ginástica Rítmica, e o Rancho Folclórico
"Os Ceifeiros", todos daquela Casa.
A finalizar aquela noite teve a intervenção
do grupo de música popular ADIAFA vindos expressamente
de Portugal para abrilhantar esta semana tão importante
para a vida associativa da nossa Comunidade.
Sábado, dia 18 - Após um
jantar bem daquela região de Portugal (Entrecosto grelhado
à moda do Alentejo com arroz e salada) foi a vez do Grupo
Coral Feminino e o Rancho Folclórico Etnográfico,
ambos daquela Casa, se exibirem e do contador de contos, Jorge
Serafim e o grupo de música popular ADIAFA, estes dois
vindos de Portugal para esta semana de cultura.
Domingo, dia 19 - Rrealizou-se, após
a entoação dos hinos do Canadá e Portugal
pelos Grupos Corais daquela Casa Cultural, o Almoço de
Gala comemorativo desta efeméride no seu salão nobre
que contou com diversos convidados de honra e bastante público
entre sócios e amigos daquela Casa. Seguidos dos discursos
da praxe, como sempre acontece nestes eventos de cariz aniversariante,
por diversos elementos directivos daquela Casa e convidados. E,
mais uma vez intervieram os Grupos Corais, uma exibição
de artes marciais (Tae Kwon Do) por alunos daquela escola a cargo
do mestre Chris Branco, do Grupo de Ginástica Ritmica e
Rancho Folclórico Infantil desta nossa Casa Regional.
Segunda-Feira, dia 20 - Após o
jantar seguiu-se a parte de entretenimento com o contador de contos,
Jorge Serafim e o grupo de música popular ADIAFA que, pelo
que observamos, tiveram grande sucesso entre os presentes, o primeiro
pelas gargalhadas e palmas no final de cada história ou
anedota e o grupo musical pela ovação de pé
que recebeu no momento que finalizou o seu espectáculo
naquela noite. Todos estes elementos regressariam a Portugal no
dia seguinte pelo que , aproveitaram, após as suas actuações,
para se despedirem do público e agradecer o carinho que
lhes foi dispensado durante aqueles poucos dias de permanência
entre nós.
Terça-feira, dia 21 - Este dia
foi dedicado ao sócio, cuja entrada e jantar foi garatuíta
sendo também homenageados os sócios fundadores.
Na parte de variedades foi noite de dança animado pelo
conjunto TABU e seu vocalista, o Tony Gouveia.
Quarta-feira, dia 22 - A seguir ao jantar
bem regional com sopa de pure de cenoura e carne assada à
Alentejana, deu-se início ao espectáculo com uma
passagem de slides sobre as semanas culturais daquela Casa que
foi um reviver e um "matar" de saudades destes eventos
desde que se iniciaram, já lá vão quase vinte
anos. Esta noite foi dedicada à juventude tendo actuada
a jovem artista Sara Ferreira e o Grupo de Ginástica Rítmica
da Casa do Alentejo, liderada por Dalila Cruz, que apresentou
uma dança com intocável coreografia e sicronização,
Moulin Rouge. Fantástico. Estão de parabens os elementos
deste grupo feminino de dança rítmica pelo excelente
trabalho apresentado. Actuou também um jovem de apenas
treze anos de idade, o David Miguel, que desde os oito anos tem
vindo praticando na guitarra tal é o seu amor pela música
portuguesa. Alé de pertencer ao Rancho Folclórico
daquela Casa, desde tenra idade (os três anos). Sinceramente
gostamos e é de louvar estas iniciativas dos nossos jovens
na bela arte de tudo que seja relacionado com a cultura portuguesa.
Quinta-feira, dia 23 - Dia dedicado ao
Folclore. Assim, terminado o jantar tipicamente alentejano ( Sopa
de tomate e Jardineira à Alentejana) exibiram-se naquele
salão diversos ranchos folclóricos entre os quais
destacamos o Rancho Etnográfico da Casa do Alentejo, Rancho
Folclórico Académico de Viseu da Casa das Beiras
e do Rancho Folclórico Etnográfico de Portugal,
que alegraram aquela noite com os seus trajes coloridos, música
e dançares.
Sexta-feira, dia 24 - Foi servido um
jantar bem típico, composto de sopa de coentros e um ensopado
de borrego com arroz amarelo à moda de Alter do Chão.
Estava uma delicia, uma opinião de quantos enchiam aquele
salão nobre. Terminado este repasto bem do agrado de todos,
alentejanos e não só, foi a vez das variedades que
foi preenchida com a actuação da nossa simpátia
artista local, a jovem Sarah Pacheco, e do artista e fadista,
António Zambujo, vindo directamente do Casino do Estoril,
Portugal, onde tem vindo actuar integrado no elenco do grande
êxito, "Amália". Este fadista, é
natural de Beja, e é considerado por muitos ligados ao
mundo do entretenimento nacional como uma das melhores vozes masculinas
no meio artístico português. Foi, neste sarau acompanhado
por dois exímios profissionais na difícil arte de
dedilhar as cordas da guitarra portuguesa e viola, Paulo Parreira
e Mário Estorninho, respectivamente, nesta digressão
a Toronto por ocasião desta semana cultural.
No encerramento desta semana cultural Alentejana,
no Sábado, dia 25 de Outubro, foi servido um jantar bem
típico não só no alentejo como todo o territário
nacional -o caldo verde e o bacalhau assado com batata a murro.
Este sarau foi dedicado ao fado tendo, além do artista
António Zambujo, actuado também o fadista local
Humberto Silva acompanhado de Manuel Moscatel e Carlos Teixeira,
à guitarra e viola, respectivamente. O jovem fadista António
ambujo já abrilhantou uma outra semana cultural alentejana
há quatro anos atrás. É simplesmente fabuloso.
O seu nome é já cartaz no mundo artístico
em Portugal e é-o aqui também. O salão nobre
da Casa do Alentejo foi deveras pequeno para acomodar tanta gente.
Quiçá, mais de quinhentas pessoas enchiam aquela
sala com mesas praticamente encostadas ao palco. Sinceramente
que nunca vimos uma "enchente" como naquela noite. Era,
a bem da verdade, um autêntico mar de gente. Aquele jovem
artista cantou e encantou por mais de hora e meia. Muitos fados
do seu reportório, alguns alusivos ao seu torrão
natal, o Alentejo, dos quais "Eu canto Alentejano".
Outros do reportório clássico nacional como "Aquela
janela virada para o mar", "Senhora da Nazaré"
e uma intervencionista, do tempo da ditadura, "A procissão",
do saudoso João Villaret. A apoteose foi grandiosa no final
da actuação de António Zambujo. De pé,
os espectadores não se cansavam de o aclamar, obrigando-o
a voltar ao palco e a cantar mais alguns fados. Aquele espectáculo
acabou bem tarde, pois já passava da uma e meia da manhã.
Está de parabens a Direcção
da Casa do Alentejo por mais um sucesso na organização
desta semana cultural que, sem a ajuda das Câmaras Municipais
da Região do Alentejo ou com os seus Governos Civis em
fase da austeridade nos gastos imposto pelo actual Governo Português,
foi, este ano, para a frente com este projecto aventuroso, graças
ao apoio local de muitos patrocionadores da nossa Comunidade.
Bem hajam pelo apostar em iniciativas deste cariz que é
a preservação da cultura lusa e das suas regiões
por estas terras do Canadá..
As artes plásticas, pinturas a óleo,
os trabalhos em cerâmica e de artesanato, da autoria dos
artistas Américo Ribeiro, Francisco Pousal, Lourdes Medeiros,
Mia Azevedo, Gilberto Gírio e da jovem Anita Fernandes,
estiveram expostos, durante aqueles dias, no Salão Nobre
e na Sala Azul.
Parabens Compadres e Comadres pela vossa dedicação
e pelo excelente trabalho que fizeram nesta semana cultural. Não
parem.
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