DISCURSO DO PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA REGIONAL DOS
AÇORES, DR. FERNANDO MANUEL MACHADO MENEZES
O Presidente da Assembleia Legislativa Regional
dos Açores, Dr. Fernando Menezes
a discursar por ocasião do jantar de gala em honra dos
Pioneiros.
Da leitura que fiz do vosso programa da visita aqui aos nossos
Açores, verifico que têm várias palestras
que têm como temas aspectos históricos e sociais
da emigração portuguesa e açoriana.
Por isso as minhas palavras nesta ocasião vão ser
muito breves.
Estamos a Celebrar 50 Anos sobre aquele que foi considerado o
ano oficial do início da emigração portuguesa
para o Canadá.
Na verdade, de acordo com os documentos a que tive acesso, partiram,
em Abril de 1953, 20 açorianos para Lisboa onde foram submetidos
a exames médicos, tendo chegado ao Canadá 18, já
que 2 foram recusados.
Tempos difíceis esses, aqui na nossa Região! A
descrição desses tempos transmitida por um desses
pioneiros, o Sr. Afonso Tavares, é bem a demonstração
do que significou essa aventura para terras longínquas,
a que foram obrigados por razões de sobrevivência.
Os exames médicos, a viagem, a selecção
humilhante para o trabalho, a alimentação, o clima
diferente, o desconhecimento da língua, as 16 horas de
trabalho diário e tantas outras dificuldades foram porém
corajosamente enfrentadas por aqueles que se sentem aqui hoje
connosco.
Passaram os anos, a comunidade aumentou, fixou-se e prosperou
sendo hoje considerada um dos mais importantes grupos étnicos
dentro do multiculturalismo canadiano.
Tornámo-nos mais prósperos, começámos
a sair da comunidade fechada para espaços mais abertos
e ganhámos influência nos mais variados sectores.
Eu próprio tive oportunidade de testemunhar isso quando
há 3 anos percorri o Canadá de ponta a ponta a convite
do Sr. Presidente da República.
E pude verificar junto das principais autoridades canadianas,
desde o Governo ao Parlamento passando pelos provinciais e locais,
o reconhecimento da importância da nossa comunidade na construção
e no progresso daquele imenso País.
Por tudo isso, meus senhores, este encontro de hoje com a Assembleia
Legislativa regional é para nós, e para mim pessoalmente,
uma honra e um motivo de orgulho. Os senhores merecem esta homenagem.
Felizmente neste espaço de tempo e sobretudo depois do
25 de Abril de 1974, com a implantação e consolidação
da democracia e da autonomia regional, os Açores alcançaram
novos patamares de desenvolvimento e praticamente já não
há emigração. Sobretudo, não há
emigração pelas mesmas razões que vos levaram
a partir há 50 anos.
Hoje somos nós que recebemos imigrantes, do Brasil, da
Roménia, da Rússia, da Moldávia, de Cabo
Verde, de Angola e de outras paragens e temos o dever de não
os tratar de forma humilhante como por vezes fostes tratados em
1953.
Talvez daqui a 50 Anos, alguém esteja a celebrara a chegada
dos primeiros emigrantes aos Açores e já não
dos Açores. São as voltas da história!
Meus amigos
Termino afirmando mais uma vez que ao olhar para vós,
ao perceber o que foi a vossa vida de trabalho e de sacrifício,
o meu sentimento é de profundo respeito e também
de orgulho por ter nascido nestas mesmas ilhas que vos viram nascer
e partir.
Nestas ilhas de onde saíram açorianos para todo
o lado, para o Canadá, para os E.U.A., para o Brasil, para
a Bermuda e para muitos outros locais, levando consigo a nossa
maneira de ser honrada e séria, a nossa língua,
os nossos costumes e a nossa cultura.
Vós primeiros de 1953 sois um exemplo para nós,
os que cá ficaram e teimam em ficar deste lado do Atlântico.
Obrigado e bem hajam!
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