GRANDE PARADA DO DIA DO TRABALHADOR, EM TORONTO
(Setembro de 2003)
Por Carlos Morgadinho- Adiaspora.com
É uma tradição que perdura
há 125 anos e que coincide com a abertura anual da CNE.
Esta parada monumental onde os trabalhadores celebram o dia que
lhes é dedicado pelos Governos de Canadá e Estados
Unidos da América do Norte, conhecido por todos, por Dia
do Trabalhador. Neste dia, feriado e comemorado por estes dois
grandes países do Continente Norte Americano, cessa toda
a actividade fabril e mercantil. As escolas abrem no dia seguinte
pelo que a massa estudantil festeja também o seu último
dia de férias, ou de trabalho, porquanto muitos deles,
senão quase todos, os do Ensino Secundário e Universitário
obviamente, trabalharam durante o período do verão
cujas receitas lhes ajudarão a cobrir as despesas com as
propinas e estudos que nestes últimos anos têm-se
agravado substancialmente. Assim, neste dia, os trabalhadores
concentram-se em grupos liderados pelos seus Sindicatos e seus
núcleos, que este ano se cifrou nuns largos milhares de
participantes. O desfile percorreu a University Avenue, Queen
Street West e Dufferin Street, terminando, como habitualmente,
dentro do recinto da CNE (Canadian National Exhibition). Bem numerosa,
esta parada dos trabalhadores decorreu com todo o respeito e civismo
embora grande parte destes tivessem manifestado o seu descontentamento
pela política do actual Governo Conservador do Ontário,
que, desde a tomada do poder desta Província, em 1995,
vem promulgando leis pouco populares no sector e laboral e sindical.
Notava-se, no entanto, a ausência daquela
alegria que é peculiar nas massas trabalhadoras durante
o desfile neste dia, notando-se nos rostos de muitos a preocupação
que lhes ia no espírito. Para isso, aproveitando uma pausa
de alguns minutos, perguntámos a um grupo de membros do
Sindicato dos Professores, o porquê do slogan "Put
the students first defeat the Tories" bem visível
nas camisolas que envergavam. Por resposta foi-nos dito que, com
a entrada do Governo Conservador há oito anos atrás,
o sistema educacional vem-se degradando ano após ano pela
redução drástica nas verbas destinadas àquele
sector, colmatado pelo encerramento de escolas, escassez de material
didáctico nas salas de aulas, aumento de alunos por turma,
tendo-se já iniciado também a privatização
do ensino. Foi-nos também dito que a privatização
do sistema escolar só trará vantagens aos estudantes
oriundos de famílias abastadas, em detrimento dos com posses
mais modestas, inibindo a estes, deste modo, o acesso aos estudos
superiores. Centenas de cartazes expressavam a luta laboral que
se vive na sociedade actual como, por exemplo: "Unions make
employers accountable" (Os Sindicatos fazem o Patronato mais
responsável); "Who can survive on $6.85?" (quem
poderá sobreviver com $6,85? - referente ao salário
mínimo no Ontário); "The struggle continua"
(A luta continua); "Justice for injured workers" (Justiça
para os trabalhadores sinistrados); "Keep our Hospital Public"
(Mantenham os Hospitais Públicos); "Fighting for a
better contract" (Lutando por um contrato melhor)";
"Ontario ours to recover" (Recuperação
do Nosso Ontário ); "Stop Privatization" (Parem
com a Privatização); "PC Dirty Laundry Line"
(O Estendal da Lavagem de Roupa Suja do Partido Conservador) e
outros do mesmo cariz alertando o público para os muitos
problemas que afectam a vida sócio-económica da
Província do Ontário. Cartazes da caricatura (cartoon)
do Primeiro-Ministro do Ontario, Ernie Eaves, num sinal de proibição
com os seguintes dizeres: - NOT THIS TIME ERNIE - uma frase alusiva
à recandidatura daquele governante às eleições
do próximo dia 2 de Outubro.
Muitos Sindicatos marchavam com centenas de membros,
sendo dos mais numerosos os dos professores do ensino elementar
e secundário das Direcções pública
e católica, e os dos trabalhadores da indústria
automóvel e Municipais. Notava-se a presença de
muitas bandas musicais e filarmónicas, umas a pé,
outras nas caixas de viaturas pesadas e a propaganda política
era distribuída a...granel.
A Banda de Nossa Senhora de Fátima, da
Igreja portuguesa de Santa Inês lá ia bem animada
nesta parada, envergando as camisolas do Sindicato 506 dos Trabalhadores
da Construção Civil, que tem afiliados uns milhares
de membros da nossa comunidade.
Terminada esta Parada, que ocupou mais de duas
horas, entrámos na CNE onde decorria um interessante espectáculo
aeronáutico com acrobacias de dezenas de aviões
do Canadá e EUA, de todos os tipos, inclusive, da Primeira
e Segunda Grande Guerras.
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