MÁRIO JORGE LANÇA SEU PRIMEIRO TRABALHO DISCOGRÁFICO

(17de Outubro de 2003)

Por Carlos Morgadinho - Adiaspora.com

"E o grito,
Bordado de rubra paixão,
Transforma-se em melodia
Na dulce cantiga à qual chamamos FADO"

Quem, na nossa Comunidade, não conhece o fadista Mário Jorge? Muitos poucos, pensamos. E dizemos isto pelo facto de, ao longo dos anos, este fadista da "velha" guarda nos entreter e deliciar com a sua voz castiça, nos inúmeros eventos da nossa Comunidade que anualmente são organizados nos muitos clubes e associações. O "curriculum vitae" artístico deste nosso compatriota que, desde muito novo, sentiu que o Fado era um complemento do seu viver, fala por si. É por isso que a sua presença nos saraus da nossa canção nacional que por aqui, na Grande Toronto e não só, se organizam, tem um "quê" de obrigatoriedade tal é a popularidade que este nosso artista desfruta no seu meio comunitário.

Há mais de 25 anos que Mário Jorge vem, pela sua deslumbrante voz e alma artística, obviamente, propagando o Fado para que este não seja olvidado por aqueles que um dia tiveram de abandonar a terra que os viu nascer e procurar, na diáspora, melhores condições de vida e um futuro mais promissor para os seus filhos. No entanto, este nosso compatriota e artista, não tinha ainda nenhum dos seus trabalhos gravados sendo, se não estamos errados, um dos poucos dos nossos artistas aqui radicados que se encontravam nessas condições. Em muitas das nossas conversas à mesa do café ou durante as festas associativas sempre encorajamos Mário Jorge a fazê-lo para que, desta maneira, pudesse satisfazer o anseio dos seus admiradores, que, acreditem ou não, se conta pelas muitas centenas.

Finalmente, e para preencher essa lacuna, o Mário Jorge resolveu dar dizer o "Sim" a todos nós com o lançamento do seu primeiro trabalho discográfico, em CD, na passada Sexta-feira, dia 17 de Outubro de 2003. O local escolhido foi o salão do restaurante Europa Catering que, foi deveras pequeno para albergar tantos admiradores. Calculamos em mais de 250 pessoas ali presentes. Muitos também foram os artistas que participaram naquele evento acompanhados pelos mestres António Amaro (guitarra portuguesa), Leonardo Medeiros (viola) e Hernâni Raposo (viola baixo) que abriram o período de variedades dedilhando uma rapsódia dos nossos fados tradicionais, mais aqueles que quiseram comungar este momento tão importante na vida do nosso compatriota. Comparticiparam assim, também naquela festa, com as suas vozes e talentos alguns dos nossos artistas e um deles foi aquela que muitos apontam como a diva do fado nestas terras do Ontário, a Luciana Machado. Uma outra artista que recebeu calorosa ovação foi a pequenita, de estatura pois tem apenas 14 anos de idade (mas já "Grande" na alma fadista) - a castiça Verónica Bolota e uma veterana, que recentemente completou 50 anos de vida nestas andanças de interpretação da nossa canção nacional, a Dina Maria, que não precisa de apresentação por ser sobejamente conhecida por quantos aqui vivem. Outros artistas e colegas quiseram contribuir com as suas presenças neste sarau de alegria e solidariedade e, assim vimos, naquele salão, o Tony Gouveia (Tabú), Isabel Sinde, Rosa Marques, António Cordeiro e o Floriano Rodrigues

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Queremos também destacar a presença do nosso Cônsul-Geral de Portugal, Dr. Artur Magalhães, recentemente chegado a Toronto.

Este primeiro e interessante trabalho em CD do Mário Jorge, intitulado "Fados do meu fado", prima pela sua originalidade e, se não falhamos nas nossas previsões, será um sucesso que terá forçosamente de fazer parte da colecção de todos aqueles que se dizem "amantes" do fado. Gostaríamos destacar alguns dos fados inseridos naquele trabalho por os acharmos soberbos como é o caso do "Ai Amália", "Até o rei ia ao fado" e "Roseira botão de gente ".

O fadista Mário Jorge está de parabéns pelo sucesso na apresentação deste seu primeiro trabalho discográfico. Foi, francamente, uma surpresa para nós ver tanta gente naquela noite, felicitando este nosso artista. A sala estava esgotada e mais lugares houvesse para acomodar aqueles que, por infortúnio, olvidaram e não puderam reservar lugares atempadamente. Por cortesia cedemos o nosso lugar a um casal que fez questão de querer ficar ali na sala, mesmo sem mesa e de pé. Fizemos isso de boa vontade, já que estávamos ali na missão de cobrir aquele evento e por conseguinte não necessitarmos dos assentos. O Mário Jorge merece tudo isto pelo muito apreço que por ele temos.

Adiaspora.com congratula este nosso artista formulando, ao mesmo tempo, as melhores venturas.