A MINHA HOMENAGEM AO PROF. DOUTOR JOSÉ CARLOS TEIXEIRA

Obrigado, José Carlos.

Encontrei-o há dias na Terceira. Vinha a acompanhar um grupo de pioneiros açorianos em terras do Canadá que o Governo Regional dos Açores decidira homenagear na passagem do 50º aniversário do início da emigração açoriana para aquele país. Homenagem proposta pelo próprio José Carlos Teixeira, diga-se.

Soube que iriam falar na Escola Preparatória de Angra e que a sessão era pública. E lá fui aprender com os pioneiros, admirar, mais uma vez, as suas histórias de sofrimento e de sucesso e dar um abraço ao amigo.

Soube, então, que em breve iria abandonar Toronto. Uma oportunidade irrecusável de progressão na carreira, um novo e apaixonante desafio esperava-o nas terras paradisíacas de Okanagan Valley, já bem perto de Vancouver. Nada mais nada menos do que introduzir três novos cursos na sua área, a da geografia urbana e social, na Okanagan University. Fiquei feliz por ele. Fiquei triste pela Comunidade Portuguesa, sobretudo pela Açoriana, de Toronto.

José Carlos Teixeira deixou há muito de ser o docente promissor da Universidade de York para se transformar no respeitado académico da University of Toronto que hoje é, num percurso de afirmação e de qualidade que faz jus a esta promoção, que se saúda, e que deixa os seus amigos felizes.

O sucesso e o reconhecimento nunca beliscaram, porém, a simpatia e a simplicidade que caracterizam o Prof. Doutor José Carlos Teixeira. Sempre sentiu os seus Açores, a sua Ilha de S. Miguel, a sua Ribeira Grande. Sempre se identificou com o seu Povo que em tudo ajuda: Estudando-o nas suas movimentações e na sua adaptação ao Novo Mundo - é, talvez, hoje, um dos académicos com mais estudos publicados sobre a Comunidade Portuguesa no Canadá. Integrando inúmeras comissões que promoveram numerosos acontecimentos culturais (ou quando não as integrava oferecendo o seu conselho avisado e conhecedor). Fazendo conferências onde era preciso falar com autoridade sobre a Comunidade Portuguesa. Prestigiando com a sua participação as manifestações culturais que a Comunidade promovia.

Nunca correu apenas atrás de curriculum. Era apaixonado pela sua Comunidade Portuguesa e a Universidade, a Representação Diplomática ou o pequeno Clube de Bairro eram palcos igualmente dignos para, com saber e entusiasmo, divulgar a sua terra, promover a sua cultura, dar a conhecer a sua gente.

Generoso, competente e íntegro era figura incontornável na Comunidade Portuguesa de Toronto.

Se é verdade que não há ninguém insubstituível - outros valores existem e outros se hão-de afirmar - não deixa de ser uma perda, uma importante perda, ver partir da capital do Ontário o Prof. Doutor José Carlos Teixeira. Resta-nos a certeza de que a cinco horas de avião daquela grande metrópole canadiana, lá longe no Okanagan Valley, J. C. T. continuará a encontrar razões para estudar a Comunidade Portuguesa e, através dos seus escritos, nos dar a conhecer outras realidades da mesma gente que ele tanto ama e com quem tanto se identifica. Até porque a British Columbia também foi terra de promissão para muitos portugueses.

Agora que se prepara para partir, a Comunidade de Toronto desdobra-se em festas de homenagem e de despedida.

Eu, que há mais de vinte anos acompanho a carreira e o trabalho em prol da Comunidade que o Prof. Doutor José Carlos Teixeira vem desenvolvendo no Canadá sei quanto aquela lhe deve, mas eu também lhe sou devedor. Se por aquela não tenho representatividade para lhe agradecer, por mim, sim. Quero, nesta altura em que ele se afasta mais uns milhares de quilómetros, agradecer-lhe a frontalidade, o conselho sempre que o pedi, a colaboração nunca regateada enquanto tive responsabilidades na Emigração dos Açores, e a amizade firme que ainda hoje expressa naquele abraço que de ninguém se esconde nem procura momento oportuno.

Obrigado, José Carlos. E felicidades. Para ti e para a Zinha que agora te poderá ter mais tempo para ela. Ela a quem a Comunidade também deve porque te soube dar espaço para acorreres a tantas solicitações.

Para as novas tecnologias não há distâncias. Continuarei a seguir os teus sucessos.

Um abraço.

Duarte Mendes
Angra do Heroísmo, 22 de Novembro de 2003