TARDE DE MÚSICA PORTUGUESA
NA CASA SÃO CRISTÓVÃO DE TORONTO
Por Adelina Pereira - Adiaspora.com
Na tarde de Domingo, dia 17 de Novembro de 2002, A Escola de
Música do Centro Comunitário Casa São Cristóvão
na Dundas Street West, em pleno coração da comunidade
portuguesa de Toronto, realizou uma tarde de música portuguesa.
Os artistas convidados Dina Maria, Mário Jorge, Otília
de Jesus e os Mestres António Amaro, Leonardo Medeiros
e Hernâni Raposo, nomes sonantes e bem conhecidos da comunidade
lusa torontina, e o Coral do Grupo Mulheres Portuguesas 55+, actuaram
perante uma numerosa assistência curiosamente composta de
elementos de diversos quadrantes culturais e linguísticos,
dando a estes, nessa tarde de salutar convívio, "um
cheirinho" do nosso país.
A iniciativa foi de Sherry Squires, a jovem e dinâmica
coordenadora da Escola de Música da Casa São Cristóvão,
uma organização sem fins lucrativas que, ao longo
dos anos, tem vindo a desenvolver uma louvável obra social,
promovendo programas sociais de apoio entre população
da vizinhança. Muitos dos seus frequentadores são,
na verdade, de origem portuguesa. Por sua vez, o Grupo Mulheres
Portuguesas 55+, é uma colectividade cujos sócios
são mulheres portuguesas com mais de 55 anos de idade e
cujo objectivo primário é dinamizar e melhorar a
qualidade de vida entre estas, que mantém uma saudável
e profícua parceria com a Casa São Cristóvão.
Sherry Squires, numa tentativa de levar a música a todos,
organizou esta festa com o intuito de angariar fundos para subsidiar
as aulas de música de famílias de baixo rendimento,
e a tarde foi um sucesso, com uma assistência participativa
e bem disposta.
A primeira parte do programa foi dedicada ao
Fado de Lisboa. A após uma breve explanação
bilingue do fado (ENG/PT) pela Sherry e Flo da Silva, que em conjunto
foram as apresentadoras do programa, foi a vez dos tocadores de
fado, António Amaro, Leonardo Medeiros e Hernâni
Raposo abriram o programa com uma rapsódia instrumental
de melodias bem populares e sobejamente conhecidas dos portugueses.
Seguiu-se o fadista Mário Jorge, que nos comoveu com uma
soberba rendição de quatro fados lisboetas. Quem
diria que o seu corpo frágil e franzino contém uma
tal grande e apaixonada voz? Um exímio executante da nossa
canção nacional, Mário Jorge prima pela sua
excelente entoação e dicção, dando
alma, forma e cor aos poemas que canta.
Dina Maria subiu ao palco para apresentar alguns
fados da nossa saudosa Amália. Iniciando com "Que
Estranha Forma de Ser", esta fadista, natural da serrana
cidade de Bragança, pintou as paisagens lisboetas na tela
dos seus ouvintes, evocando, na sua voz bem timbrada e cadenciada
a azáfama dos velhos e lendários Bairros de Alfama,
Mouraria e Bairro Alto.
Aqui nestas longínquas paragens do Novo Mundo, ouvir o
Fado bem executado traz-nos nos seus acordes o cheiro a maresia
e à neblina matinal levantando-se, suave e enigmática,
sobre o Tejo como o belo e diáfano véu de uma bailarina
moura de outrora, revelando a Cidade em todo o seu esplendor -
os ardinas a anunciar novas e frescas notícias, o apregoar
das varinas nas ruelas dos antigos bairros, os engraxadores com
as suas caixas e escovas nas esquinas estratégicas da cidade
a aguardar o seu comércio transeunte, o cheiro a pão
e café fresco a emanar das entranhas das leitarias e dos
cafés lisboetas...
Regressemos ao salão da Casa São
Cristóvão. Após um breve intervalo durante
o qual foram servidas aos presentes iguarias portuguesas como
o chouriço assado, favas à moda de S. Miguel e pão
de milho acompanhado de um bom tinto, foi a vez do Coral do Grupo
Mulheres Portuguesas 55+. Ensaiadas pela Sherry Squires, surpreenderam
a assistência com uma dinâmica rendição
de alguns temas do nosso folclore. Deram-nos, acima de tudo, uma
lição de vida, pois demonstraram que o Outono da
vida tem o seu próprio sentido e é para ser vivido
de forma plena e activa, descobrindo a cada passo novos horizontes
a conquistar.
A terceira parte do Programa ficou a cargo de
Otília de Jesus, cançonetista bem conhecida da nossa
comunidade, que ofereceu à plateia algumas melodias da
nossa canção ligeira, tendo terminando a sua actuação,
como prenúncio da época festiva que se avizinha,
com uma alegre canção de Natal.
Regressámos a casa, naquela tarde de frio e neve, bem
dispostos e repletos do calor que só o convívio
entre os homens de boa vontade nos pode proporcionar.
Adiaspora.com felicita os organizadores
desta festa-convívio, agradecendo de sobremaneira o interesse
destes pelas "nossas coisas portuguesas"
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