TOURADA À CORDA EM CAMBRIDGE
(Agosto de 2003)
Por Carlos Morgadinho - Adiaspora.com
Organizado pelo Oriental Sports Club de Cambridge, realizou-se
nos dias 30 e 31 de Agosto findo, uma tourada tradicional à
corda, bem à moda terceirense, que atraíu mais de
700 pessoas no primeiro dia, ultrapassando seguramente as 1300
no dia seguinte, Domingo. Os adeptos da tauromaquia que, nas bancadas
preparadas para o efeito se comprimiam, vieram grande parte da
Grande Toronto e de outras cidades adjacentes, embora se encontrassem
de outros lugares mais distantes como Otava, Windsor, Montreal
e até de Massachussets (EUA).
As instalações daquele nosso clube
regional, sito no 1054 Shellard Side Road, tinha uma área
devidamente vedada onde os animais eram soltos para as lides,
estando o público instalado nas bancadas montadas em cima
de largos estrados de reboques de camiões e, obviamente,
protegido pela mencionada vedação.
Antes de se dar início à corrida
de touros, do ganadeiro Fernando Marques de Orangeville, houve
um momento de entretenimento com a actuação do duo
brasileiro Valber e Vanille e de Décio Gonçalves.
Este tipo de tourada à corda é "sui generis"
da Ilha da Terceira, onde o touro é seguro e, de uma maneira
geral controlado, por meio de uma extensa corda segura por duas
equipas de quatro pastores. Se não fossem estes homens,
podem acreditar que muitos dos "toureiros" que vimos
actuar destemidamente iriam, de certeza absoluta, visitar os bancos
de urgências após serem colhidos por 450 ou 550 quilos.
Certamente que não queremos tirar o valor de alguns que
ali tiveram a coragem de enfrentar os touros, embora fugissem
com mais rápidez do que uma faísca, quando estes
investiam. Alguns deles até, com um bocadinho de treino,
sairíam, quiçá, umas segundas edições
dos saudosos Manuel dos Santos e Diamantino Viseu. A animação
dos presentes era notória, com os aplausos, assobios e
frases de incitamento tanto para os destemidos "toureiros"
como para os touros. Tudo servia para atiçar o bicho, desde
punhadas de feno dos que comodamente se protegiam em cima ou atrás
dos grande molhos de erva seca, como até de camisolas e
sombrinhas. Era o que vinha à mão.
Foi pois uma tarde bem passada que nos trouxe recordações
dos tempos da nossa juventude quando íamos às touradas
da Praça Campo Pequeno, ou às esperas de Vila Franca
de Xira. As touradas à corda, de que, embora não
sejamos da Ilha Terceira, somos grande adeptos que, só
aqui, há muitos anos, "descobrimos", e mais tarde
as frequentámos aquando da nossa presença naquelas
majestosas festas da cidade de Angra do Heroísmo, que são
as São Joaninas, são únicas no Mundo, e da
Ilha Terceira obviamente, onde apareceu e onde se pratica ainda
este tipo de tourada, uma tradição secular das gentes
daquela ilha, e um cartaz turístico direccionado aos amantes
das touradas que atrai milhares de visitantes.
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