Há treze anos teve início o terceiro milénio da Era Cristã. Doze anos se passaram. Hoje, como disse, entramos no décimo terceiro. Uma data aziaga para os portugueses. Sempre afastaram o 13 tal como os chineses têm horror ao 8. Outros povos terão números diferentes.
Seja como for, não traz bons auspícios o ano que agora começa. Herdámos uma crise que, para nós portugueses, não será fácil afastar. Mas não só uma crise, mas várias. A crise económica resulta da crise de valores. E tanto assim que nos deixámos orientar, para não dizer governar, pelas instituições estrangeiras que hoje “dominam” Portugal. E essa crise que nos atingiu, resultou no encerramento de actividades produtoras e, consequentemente, no desemprego, na dificuldade em adquirir os bens essenciais à subsistência das pessoas, daí resultando a miséria e a fome... E a fome persiste, apesar da “criação” algo tardia dos bancos de alimentos que ultimamente surgiram num gesto de solidariedade e de inter-ajuda muito plausível.
Mas não basta ter uma sopa fornecida pela caridade pública, para sobrevivermos. Há outras necessidades vitais que importa assegurar. Os pais têm de prover o sustento dos filhos mas também preparar-lhes o futuro, com o ensino apropriado. E este parece faltar-lhes, pois fecham as escolas por falta de verbas para a sua manutenção, afastam-se os professores e, consequentemente, diminui a frequência às escolas médias e superiores. Vamos voltar a um pais de analfabetos? O tempo o dirá.
Desaparecendo os técnicos com cursos superiores e os operários habilitados e especializados como mestres nas escolas técnicas, as fábricas não podem funcionar, uma vez que a mão-de-obra utilizada será incapaz de competir com as congéneres estrangeiras.
É talvez por isso que se estão a promover as privatizações das indústrias, dos serviços públicos, e das demais instituições que contrabalançam a economia nacional.
Todo esse panorama horripilante não resulta do ano aziago mas antecedeu-o drasticamente. E não vejo forma aceitável de melhorar a situação actual.
Provocou-se a emigração mas não aquela que, de há um século para cá, se processou de maneira organizada e que serviu para trazer ao País milhares ou milhões de divisas estrangeiras, principalmente do Brasil, depois dos Estados Unidos e, mais recentemente, do Canadá. Mas os emigrantes afastaram-se em grande parte por causa da paridade do Euro.
Hoje é tudo muito diferente. A vida não permite amealhar e aqueles que partem não pensam regressar. E é, principalmente, a juventude que parte, deixando para trás uma nação sem futuro. E sem futuro, porque quase só ficam os deficientes e os velhos, que superlotam os asilos de mendicidade - hoje chamam-lhes lares da terceira idade - quase todos sem esperança de vida.
As terras estão abandonadas porque não há braços válidos que as trabalhem e a muitas delas não chegam, dada a natureza acidentada das ilhas, os meios mecânicos para as arrotear. E a importação de géneros torna-se quase impossível porque as populações não dispõem de divisas para adquirir os bens essenciais à sua subsistência, como acima refiro.
Se a juventude sai, não há a constituição de famílias novas. Não existindo estas, não haverá natalidade. Sem gente nova não haverá geração que garante a sobrevivência do futuro.
Portugal vai voltar àquilo que era há quase mil anos? É, concerteza, doloroso isso pensar mas não se pode fugir da realidade.
Naturalmente, não assistirei a essa derrocada fatal, mas não deixa de penalizar-me o que possa acontecer, no futuro, à Nação Portuguesa que tantos mundos novos deu ao mundo.
Serei pessimista neste meu “prognóstico” para o ano de 2013? Preferia estar enganado.
Apesar da minha maneira algo pessimista de encarar o futuro, não deixarei de aqui expressar os meus votos de um ano novo próspero e feliz, para todos os portugueses e, principalmente, como é natural, para aqueles que um dia se atreveram a povoar estas ilhas e aqui continuam.
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