topo
linha2

Fotogaleria

 
» Home » Crónicas e Artigos » Cruz dos Santos » A Feira da Espinheira!


A Feira da Espinheira!


Fui à Feira da Espinheira em Penacova. Fazia um frio de rachar. Vislumbrei a superabundância das emoções afectivas, das comoções físicas, o interesse público, o ideal social. Assim como amizades, simpatias! Uns robustecidos na sua convicção, outros feridos na sua opinião. Empurrões, irregularidades sem direito à troca; o frango de aviário transformado em apetitoso churrasco. Uma feira de comezaina à “tripa-forra”, e de disputas comercializadas. O “palhete”: tinto ou branco? “Muito!”, a servir de aperitivo, e a ajudar a “empurrar” o naco da coxa da galinha, ou a “costeleta de porco”, que fica a entupir a traqueia!

Depois admirei as ferramentas agrícolas: a foice; os serrotes, martelos e escopros; as marretas, picaretas e pás! Em outras bancas: cuecas folclóricas, farturas fritas por empreitada; rostos macilentos, olhares cépticos…distantes.

Tédio, ar viciado da fragrância das febras grelhadas, envolto nos gritos alucinantes e publicitários, daquele ou de outro vendedor, devido à concorrência. E perante aquele panorama festivo, as absorventes preocupações do dinheiro, da ambição, tudo combinado com os contrastes e as surpresas, ajuntar aos tremoços saborosos, que ali se vendiam por “tuta-e-meia”!

-“Fatos para homens”, camisolas de lã, sobretudos, calças de ganga e de fazenda, pentes p’ra carecas, preservativos, meias de nylon, e sapatos, sapatilhas, chinelos e pantufas…“ocasião única”! Verdadeiras “pechinchas”, sem defeitos de fabrico; centenas de blusões, canivetes, navalhas de ponta e mola, macacos hidráulicos, apetrechos de pesca, tarecos caseiros, corta unhas, cassetes e Dvd’s piratas; bonecos de palha, de corda e comandados à distância; todas “quinquilharias” a constituir uma atmosfera ardente de desejos, de ideias e de vícios; tudo isso adicionado aos cebolos e louças, tachos e panelas de alumínio, penicos, alguidares e tesouras; alicates, trelas para cães, armadilhas para ratos e ratazanas, e amendoins. Agricultores e doutores; peixeiras e comerciantes; pastores e mecânicos com indumentárias coloridas, a oferecerem estranhos contrastes e a fazerem as delícias dos numerosos visitantes daquela feira popular.

O movimento, as variedades de artigos, são o pretexto da economia prática, onde todos procuram o “barato”, o “saldo”, e a “fuga ao fisco”! Quando chegam ao final da tarde, os vendedores não são mais que vagas sombras sonoras. Há gente que sai, uns carregados de embrulhos, outros de mãos vazias, mas de “barriga cheia”, nostálgicos, apreensivos. No entanto, há um respiro de alívio e de satisfação em quase todos os rostos. Episódios do combate à vida, porque a força de tanto que se têm recreado, todos juntos, não há ninguém que não suspire por um momento de se divertir, por sua própria conta e risco. No meio de tanta “Bagunça”, é sempre salutar convivermos um bocadinho, onde um “tintinho” tirado à maneira, sabe que nem gingas!!! 

Voltar para Crónicas e Artigos

bottom
Copyright - Adiaspora.com - 2007