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Antero Ávila |
Quer aquando da comemoração solene do 475º aniversário da criação da Diocese e Cidade de Angra, em concerto musical realizado na Sé Catedral no passado dia 8 de Novembro de 2009, quer recentemente a 18 de Dezembro no Átrio do Palácio Bettencourt - Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Angra, outro concerto e este enquadrado na “temporada MUSICATLANTICO2009 – A Harmonia das Esferas”, surge como figura de destaque o compositor picoense Antero Orlando Pereira Ávila. No primeiro a capela da Sé interpretou em estreia absoluta a obra Nunc Dimittis do Antero Ávila, cujo texto é extraído do Evangelho de S. Lucas, 2 29-32, “cântico proferido pelo velho Semião aquando da apresentação do Menino Jesus no Templo” e esse trecho musical foi destinado à seguinte formação: barítono, coro e orquestra. Já no concerto da temporada MUSICATLANTICO2009, foram executadas oito peças inéditas do Antero e com excepção de Canto Disperso (violoncelo e piano), sete delas compostas expressamente para essa ocasião: Anunciação (trompete e trompa), Dece do Ceo Imenso, Deus Benino (tenor, flauta, violoncelo e piano, letra do poeta Luís Vaz de Camões), Estrela Guia (flauta e piano), Herodes (flauta, trompete, trompa, violoncelo e piano), Canção de Embalar para o Menino Jesus (piano), José – Zeloso Defensor do Menino (flauta, trompete, trompa, violoncelo e piano), Poema de Natal (tenor flauta, trompete, trompa, violoncelo e piano, letra do poeta Emanuel Félix). Continuando a dar nota do seu vasto trabalho na área da composição, basta percorrer o seu sítio www.anteroavila.com e por lá encontraremos: Hinos para várias associações e instituições (quase uma dúzia); Obras originais para Banda Filarmónica e Banda Sinfónica (cerca de uma dezena); Obras originais para Coro e Orquestra (mais de meia dúzia); Obras originais para instrumento solo ou para vários agrupamentos de câmara (uma dúzia); Arranjos de música para criança (nove); Música Electrónica e Electroacústica (nove). É também gratificante para mim, ver a forma humilde mas calorosa como dá a conhecer a sua iniciação musical: “natural da Ilha do Pico, onde nasceu a 24 de Junho de 1973, os seus primeiros contactos com as notas musicais foram feitos pela mão e sabedoria do seu tio Custódio Garcia, ainda antes de aprender a ler e escrever. Já com a idade de 7 anos teve aulas particulares de solfejo e piano com Josefina Canto e Castro. Nascido no seio de uma família de músicos, o apoio prestado foi sempre no sentido de se desenvolver e cultivar o gosto que sentia por esta arte. Desde moço se manifestou o seu gosto pelas Bandas Filarmónicas e foi em S. Roque do Pico que se estreou como executante de clarinete, e mais tarde Bombardino. Percorrendo vários instrumentos foi conhecendo várias técnicas e desenvolvendo a sua acuidade auditiva, bem como o gosto pela orquestração e composição. Ainda no Pico participou num Curso de Regentes ministrado pelos maestros Pinho e Apolinário e aos 14 anos assumiu a batuta da Filarmónica de S. Roque, onde foi maestro durante 2 anos. Posteriormente, e ao longo da sua vida artística tem composto várias peças e feito inúmeros arranjos para serem tocados por Bandas Filarmónicas.”
Sobre o Antero muito mais se poderá dizer: “Entrou para a Escola Superior de Música de Lisboa e completou a Licenciatura em Composição. Teve ocasião de ouvir tocadas algumas das suas obras em Lisboa e no Porto. Nas férias continuava a encontrar os amigos e a tocarem música juntos animando a vida cultural da Ilha do Pico. Como mesmo afirma “tocar música faz-me bem”, logo todas as iniciativas são bem-vindas, desde que gozem da beleza subjacente a esta linguagem universal. A corroborar esta afirmação estão os inúmeros agrupamentos musicais em que já participou como executante: Banda Lira Açoreana – Chefe de naipe de tubas e maestro do grupo de instrumentistas da Ilha Terceira, bandas rock, big-bands, grupos corais, grupos de baile e chamarritas, pequenos agrupamentos de câmara para diversas cerimónias, entre outros. Actualmente divide a sua actividade profissional com a actividade de compositor e arranjista. Nesta sequência tem escrito vários obras para serem interpretados pelo Coro e Orquestra do Conservatório. Escreve também para outros instrumentos solistas e realiza arranjos de várias melodias sempre que é solicitado. Compôs uma banda sonora para um filme de 1929 de Dziga Vertov O Homem Com a Câmara de Filmar. A sua obra para filarmónica está a ser editada por Cardoso&Conceição.”
Neste dealbar de um novo ano, são exemplos de sucesso, como o deste jovem compositor picoense que queremos mais uma vez pôr em destaque, aliás bem merecido, para que possa servir de incentivo a todos os jovens que, mesmo julgando não encontrarem no imediato os seus horizontes de esperança e de confirmação, não esmoreçam e continuem teimando em alcançar uma realização e promoção social de sua plena satisfação.
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