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Antes tarde do que nunca...

 

Comunidade de S. Miguel Arcanjo homenageia um benemérito

53 anos depois, a comunidade de S. Miguel Arcanjo, simpática localidade sobranceira à Vila de São Roque, prestou homenagem ao benemérito José Pereira da Silva, no dia 27 de Setembro de 2009 (Domingo da Festa do seu Padroeiro), com descerramento de lápide alusiva, no Jardim  do Largo da Ermida, junto ao obelisco em honra de Manuel José da Silva. Depois da procissão, ao som dos acordes festivos da Filarmónica “União Artista”, e na presença do Sr. Miguel Miranda, filho do testamenteiro, de Luís Filipe Sousa, descendente do benemérito e de dezenas de populares, o jovem José Herman Pires, em nome do povo da localidade, proferiu esta simples mas simbólica fala: “José Pereira da Silva era um filho deste lugar de São Miguel Arcanjo, lugar este que como em muitos outros lugares, as famílias viviam com grandes dificuldades e como se diz na gíria popular, "comiam do pão que o diabo amaçou". José Pereira da Silva emigrou para os Estados Unidos á procura de melhores condições de vida e onde por lá fez fortuna, com muito trabalho e esforço. Antes de falecer lembrou-se das gentes da sua terra natal, deixando-lhes em testamento um legado monetário, que foi distribuído no Largo desta Ermida a 14 de Agosto de 1956, a todas as famílias deste lugar. Não existem palavras que possam expressar a gratidão deste povo para com o benemérito José Pereira da Silva, um grande homem que ficará para sempre nos nossos corações.” A lápide reza assim:

DO POVO DE SÃO MIGUEL ARCANJO
A ETERNA GRATIDÃO
AO SEU CONTERRANEO E BENEMÉRITO
JOSÉ PEREIRA DA SILVA
PELO LEGADO QUE DEIXOU EM TESTAMENTO
DISTRIBUIDO EM 14 DE AGOSTO DE 1956
A TODAS AS FAMÍLIAS DESTE LUGAR

São Miguel Arcanjo
27 de Setembro de 2009

Pois é, caros leitores, quantos o poderiam ter feito, mas nada os motivou a serem solidários com os seus concidadãos, abandonados ou simplesmente esquecidos por um governo de poder autocrático, longe, muito longe de demonstrar alguma sensibilidade pela cruel vida de mera subsistência das gentes desta vila e de São Miguel Arcanjo em particular. É que em tempos tão diferentes da abundância de exportação de gado-carne das “eras de hoje” duma agropecuária em desenvolvimento, com ajudas comunitárias, mesmo que sempre muito dificultosa… a penúria e falta de géneros de primeira necessidade, causas implícitas da catastrófica 2ª guerra mundial 1939-1945, então ainda se faziam sentir de forma implacável sobre agricultores e homens de dar dias pra’fora, e esta citação é mais que elucidativa: “só no texto do Plano Intercalar de Fomento 1965-1967, aparece pela primeira vez como objectivo (…) a repartição mais equilibrada do rendimento nacional. Contudo o objectivo da redução das assimetrias regionais são adiadas para o III Plano de Fomento 1968-1973 (Nunes Brito, 1992) e Bastien Carlos “A crise dos anos de 1945-1954”. E que dizer quanto a Segurança Social que só aparece em 1973 e para os Rurais só depois do 25 de Abril… Ponderar tudo isto até pode ser reconfortante, nesta época de crise…

 

 

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