Carnaval ou Entrudo, é o período que antecede a Quaresma.
Por cá é habitual iniciar-se o Carnaval quatro semanas antes e em cada semana fazer-se uma comemoração amiga. Quinta-feira de amigos, de amigas, de compadres e comadres.
Recolhido como ando a este meu “retiro” nem sei se actualmente esses dias são assinalados.
Assalto de Carnaval em casa das senhoras Catros nas Lajes
Há meio século, os jovens e aqueles menos jovens mas que não sentiam a velhice chegar, trajavam-se e mascaravam-se para visitar amigos e conhecidos e, afinal, todas as casas que se preparavam para “receber mascarados”. E isso não só às quintas-feiras mas também aos sábados e domingos das quatro semanas. E de tudo aparecia: aqueles que iam imitar algum (a) parceiro (a) que chegasse de pouco e eram raros, ou ao qual houvesse sucedido qualquer imprevisto; ou pequenos ranchos de jovens exibindo as últimas canções nacionais. Tudo servia para passar um serão normalmente agradável.
Baile de Carnaval no Grémio Literário Lajense
Nos intervalos e se a sala tinha espaço, organizava-se uma “folga,” havendo sempre quem tocasse guitarra ou viola da terra. E logo apareciam, aos primeiros dedilhares dos instrumentos, quem de fora entrasse a “deitar a sua cantiga”. Era o começo do baile que, muitos vezes, se prolongava noite dentro.
Havia mesmo quem pelas ruas escuras, (não havia ainda iluminação pública, pois os candeeiros de petróleo haviam sido destruídos, anos atrás, por um indivíduo louco), quem deambulasse na espreita de surgir um bailarico nas habituais casas que se dispunham a receber “mascarados”.
Carnaval na Filarmónica Liberdade Lajense
Depois e já nos últimos tempos, foram os bailes da Filarmónica e do Grémio que vieram a acabar ou a substituir as reuniões familiares do Carnaval. Mas tudo isso teve o seu fim. Deixaram de existir esses agradáveis e singelos serões para serem, praticamente, substituídos pela TV. Afinal um modernismo que só contribuiu para, em certa medida, provocar o desagregamento das famílias e amigos. E julgo que jamais retornarão esses bons tempos...
Hoje há outras maneiras da juventude se divertir ou de ocupar a noite. Refiro-me às ”boîtes” que nem sempre resultam em positivo...
Não sou contra os modernos meios de divertimento. Na minha juventude também apreciava os bailes ou serões dançantes, como então eram por alguns chamados. Mas, com a minha experiência de Vida, ainda sou capaz de distinguir o bem do mal.
Grupo de Fantasias
Muitos dos modernismos actuais provocam a degradação moral e até social das pessoas, principalmente dos jovens imaturos e impreparados para enfrentar o futuro. E, o que mais grave, é que nem todos estão dispostos a aceitar a experiência e os conselhos dos mais avançados na idade.
Aí vem o Carnaval. Pois que todos o gozem a seu jeito e o passem com ordem, paz e respeito.
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