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E o Porto das Lajes?

 

No principio do corrente ano tive ocasião de trazer a estas colunas o momentoso problema das obras do porto das Lajes. Estava em conclusão o molhe de defesa construído na zona da antiga Carreira” e chamava a atenção para a necessidade de se manter o troço de ligação do muro do caneiro ao novo molhe.

O ano está quase no fim, o inverno está a chegar e nada se fez para que o muro de ligação do caneiro ao molhe exterior fosse uma realidade. O que resta do antigo passadouro o mar vai-se encarregando de destruir. E é pena, pois podia ter sido o alicerce do futuro muro de ligação e resguardo do Poção.

Todavia o pior que podia acontecer foi a forma aligeirada como se construiu o molhe, se é que isso representa, por um montão de blocos de cimento, sem qualquer ligação que o segure, permitindo que as ondas de Oeste se encarreguem de os mover a seu belo prazer.

Marina das Lajes do Pico abarrotar de iates e embarcações

Não será tempo de se olhar com mais cuidado para as obras marítimas – e não só – que se realizam no porto das Lajes? (E até no concelho, segundo as notícias que nos chegam do porto da Manhenha)?

O Porto das Lajes tem óptimas condições naturais  para  ali se construir um porto de abrigo. Basta fechar o “Poção”, a Sul e aprofundar o meio da nova lagoa retirando-lhe a rocha que impede as embarcações de circularem  livremente, sem necessidade de ali se “implantar” uma boia a sinalizar o cabeço submerso.

E quando isso acontecer, podem transferir-se para o “Poção” as amarras das embarcações de recreio – não lhe querem chamar marina  -  que demandam o porto e que mais seriam se espaço houvesse para ali permanecerem durante o tempo de descanso dos respectivos tripulantes.

Por outro lado permitia-se uma mais ampla e segura movimentação das embarcações destinadas ao Whale-Watching, pois o porto das Lajes é hoje o principal centro de observação de baleias e igualmente das embarcações de pesca.

Bóia a assinalar a entrada do Porto das Lajes

E aqui trazendo as embarcações de pesca, que já são várias, importa considerar não só as casas de aprestos como acontece em porto de diminuto tráfego, mas ainda um edifício capaz para a Lota, evitando-se as viagens diárias, de ida e volta, do pescado que para ser consumido nesta vila, tem de fazer um percurso de setenta quilómetros! Uma modernice só justificável para movimentar e dar importância a sítios que o não têm. 

A quando da construção da muralha de defesa da Lagoa, derrubada pelo ciclone de 1936, o então director das Obras Públicas, Eng.º Ângelo Corbal Hernandez, não só procedeu à regulamentação do piso do muro de acesso ao caneiro como, neste local, construiu uma grande plataforma, deixando, do lado do Poção, tudo preparado para a construção de escadarias, que serviriam o tráfego de pessoas, quando aquela zona estivesse devidamente protegida. E tudo lá está à espera de ser utilizado, embora mais de setenta anos hajam decorrido!...

Agora era a ocasião aprazada para se dar execução ao projecto do notável Engenheiro, beneficiando-se a vila das Lajes com uma estrutura capaz de contribuir satisfatória e plausivelmente para o seu desenvolvimento e progresso.

Quem terá a coragem de se voltar para a Vila das Lajes e encontrar a solução devida e merecida para tão momentoso problema?

Fica o apelo.

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