Os mercados criados pela “Troika”, por estes “Trauliteiros Europeístas”, já podem escolher agora, os seus pobres em circuitos alargados; o catálogo amplia-se, quase diariamente, existindo agora os “pobres-pobres” e os “pobres-ricos”. E existem pobres, ainda mais pobres – descobrem-se sempre – mais humildes, mais cultos, com formação académica, portanto menos difíceis, menos “exigentes”. Nada exigentes! Saldos fantásticos. Portugueses, pobres e desempregados, aos “montões”; “enchentes” de Angolanos e Brasileiros; Ucranianos, Romenos, Ciganos e outros. Promoções por toda a parte. O trabalho fica de graça, se se souber viajar. Facilidades na integração, para algumas actividades “Auxiliares” e Profissionais. Outra vantagem: a escolha desses “pobres-pobres” empobrecerá os “pobres-ricos” que, tornando-se mais pobres, próximo dos “pobres-pobres”, serão por sua vez menos exigentes.
Que bela época! Que lindo 2011! Estranha vingança desses avultados possidentes garbosos, devida ao seu dinamismo, ao seu espírito de lucro, de domínio da agiotagem, mas também de empreendedores. Conseguem aproveitar os recursos ao máximo, transportando e reconstituindo noutros lugares certos excessos de exploração que a História tornara “caducos” nos países mais industrializados e cujo desaparecimento julgávamos anunciar-se noutras zonas, em particular depois das “descolonizações”! Há um paradigma sociológico, que diz que: “todo o ser humano tem o seu preço”. Sim, todos os que colocam a sua consciência à venda.
“O Povo é sereno", já lá dizia o Almirante Pinheiro de Azevedo. E tinha razão! Somos, realmente, gente "pacata", agarrada à "Casa da Mariquinhas" e "às tábuas do meu caixão", sem nos apercebermos que atravessámos uma "revolução” débil e desarmada. A chamada "insurreição democrática”, que é uma espécie de repulsa muda do "faz-de-contas", sem teorias declaradas, nem ideologias confessadas, sem o mínimo sinal de aviso...porque não temos tempo para manifestarmos o nosso descontentamento. É o "deixa andar o barco", ou o "bem podes falar, que não me comoves". Já repararam que estamos sós, acobardados e “enxovalhados”, face a esse aparelho de dimensões monstruosas chamado injustiça? Portanto, não diga nada! Deixa-se estar sossegado, porque não há nada que pague o sossego e a Paz! Nada de perdermos a cabeça e a esperança, de que um dia, se fará luz e despertaremos todos dessa estagnação, e nos sintamos livres dessas vergonhosas acções. De acordarmos bem firmes com uma revolução a sério!
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