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O ÚLTIMO IMPÉRIO

 

A freguesia de São Mateus realizou, no dia 21 de Setembro, a festa do Padroeiro e, conjuntamente, o último Império do ano, dando assim cumprimento a um voto dos antepassados.

A Ilha do Pico sofreu, durante diversas épocas, cataclismos vários e daí os votos dos antepassados, que as gerações actuais ainda cumprem. O primeiro Império do ano realiza-se na Silveira, e vem de 1718, quando o fogo rebentou nas freguesias de Santa Luzia e de São João, destruindo a antiga freguesia da Arruda, que ficava localizada na zona onde hoje se situa o chamado ”São João Pequenino”. A assinalar o terrível acontecimento lá se encontra um pequeno monumento, inaugurado quando Manuel José Riqueza era Presidente da Comissão Administrativa da Junta de Freguesia. Julgo tratar-se de uma iniciativa de Monsenhor José Pereira da Silva, dali natural e, ao tempo, Pároco e Ouvidor da Matriz da Horta.

Gaspar Frutuoso narra, nas “Saudades da Terra”, que “na era de mil quinhentos e sessenta e dois, a vinte e dois (?) de Setembro, dia de São Mateus, uma légua da Vila de São Roque, caminhando par4a a Prainha do Norte, em cima, no cume da serra, quase da banda do sul, como espaço de três léguas da falda do Pico, ficando ele para a banda do leste, tremendo primeiro a terra em um terço de hora dezasseis vezes, com contínuos e horrendos abalos e tão grandes estrondos, como de grossas peças de artilharia, em um lameiro arrebentou fogo fazendo cinco bocas muito grandes, sendo uma a principal e maior de que manou uma grande ribeira de polme, que correu para a banda do norte por espaço de uma légua e meia até cair da rocha abaixo.”

O povo de São Mateus, aquando destas erupções vulcânicas, fez o voto de, no dia do Padroeiro, dar pão a todos os que comparecessem à festa e assim tem cumprido. É, na realidade, o último Império do Ano.

Pela realização do Império sempre se têm interessado os respectivos párocos, contribuindo a Igreja, ao menos no tempo do Padre Joaquim Vieira da Rosa, para que as rosquilhas não faltassem.

Afinal, trata-se de uma tradição centenária que muito honra e dignifica os picoenses, respeitando sempre os votos dos seus antepassados.

Talvez pouco relevo se tem dado à tradição dos Impérios do Pico, creio que os únicos que se realizam ainda nestas Ilhas. Fala-se mais nas Coroações seguidas dos jantares das tradicionais sopas, o que não deixa de ser valorizante para as gentes do Pico e dos Açores.     

Mas as sopas não têm somente uma tradição quase folclórica. Elas estão na essência da devoção ao Divino Espírito Santo. As coroações e as sopas são o evocar de um acto esmoler de uma rainha que, depois foi elevada à honra dos altares e que o povo cristão venera com respeito e devoção. Temos o exemplo da Ermida de Santa Isabel, na Almagreira.

Todos conhecem, ou deviam conhecer, a história da festa do Espírito Santo em Alenquer e o jantar oferecido a doze pobres. E foi assim, com toda a singeleza, que as festas começaram a realizar-se por estas ilhas. Hoje, tomaram um desenvolvimento apreciável, mas em muitos dos jantares do Espírito Santo não deixa de existir a mesa dos doze pobres, ou como tal considerados.

O Império de São Mateus é o último do ano. Cumpriu-se um Voto que conta… séculos. Ainda bem que isso aconteceu, pois o seu cumprimento só honra e dignifica o povo de São Mateus.

 

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