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JOAQUIN CONTENTE – UMA VOZ DAS LEITARIAS

 

No dia 12 de Agosto de 2011 recebi a agradavel visita de Joaquin Contente, co-proprietario de uma leitaria em Hanford, e Presidente da California Farmers Union, associada da National Farmers Union. Ha; anos que se dedica de alma e coracao ‘a defesa das leitarias da California e, em geral, da America.

Nasceu em Escalon, California, no dia 14 de Julho de 1949. E’ filho de Joaquim Cardoso Contente e Candida Linhares. O pai e’ natural da freguesia de Doze Ribeiras, ilha Terceira, e a mae natural Manteca, California, mas descendente de familia de Sao Mateus e Sao Bartolomeu, da mesma ilha. O pai e’ da familia contente, que se estabeleceu em Sao Mateus, neste caso no lugar dos Calc,os, gente toda tratada, em resumo biografico, no meu livro “A Familia Contente em Sao Mateus da Calheta”, editado em 2010.
Da conversa com Joaquin Contente, de cerca de duas horas, quase toda ‘a volta da producao leiteira, ficaram algumas ideias que gostava de partilhar com quem le estas linhas.

A America tem cerca de nove milhoes de vacas, em cerca de 52.000 leitarias. Antes da crise eram quase 55.000. E’ o maior produtor de leite do mundo, seguido da Nova Zelandia, que, apesar de ter so’ quatro milhoes de habitantes, se aproxima da producao americana.
A America exporta cerca de 14% da sua producao lactea, numa mistura de importacao pouco clara para as regras de mercados, uma vez que essa importacao vai beneficiar os produtores estrangeiros em deterimento dos americanos. Ou seja, ate’ 1995 a america vendia mais do que comprava e a partir dai’ inverteram-se os papeis, apenas com justificacao no interesse dos quatro grupos economicos que dominam o sector, um deles sediado na Nova Zelandia.

A California com cerca de um milhao e oitocentos mil vacas, em cerca de 1700 leitarias, produz 23 % do leite da America, o dobro do que a California consome. 50% das leitarias sao propriedade de portugueses, ou seus descendentes, e 40% de Holandeses. Nos dias que correm e’ normal encontar-se va’rias leitarias a ordenharem 1000 vacas diariamente em dois turnos, quantidade ainda viavel para esta actividade, se bem que ha’ outras com menos cabecas que continuam a exercer a sua actividade, mas com menos de 200 ja’ e’ muito complicado manter a actividade. A crise actual fechou cerca de trinta leitarias na California.

A subida dos custos das materias primas para produzir os alimentos do gado subiram em flecha nos ultimos anos, acompanhada de uma estagnacao, ou mesmo baixa do preco de venda do leite. A titulo de exemplo, a tonelada do milho (de 2000 libras e nao de 2200) passou de 120 para 320 dolares. 40% do milho passou a ser trasformado num derrivado do alcool, usado como forca motriz. O leite que chegou a rondar os 12/15 dolares, por cada 100 libras, baixou para 8/9 dolares. A crise foi generalizada. Os empresarios que tinham reservas economicas e acesso ao credito mantiveram o negocio, alguns dos outros fecharam. Joaquin Contente, com 62 anos de idade, diz nunca se lembrar de ver leitarias sem ocupacao como acontece agora. “Sempre havia alguem que lhe botava a mao.”

Presentemente a situacao e’ de alguma estabilidade, estando o leite a ser vendido a uma media de 20 dolares e os custos rondam a media de 18, portanto com saldo positivo.

Mas ha’muito a fazer. Nos ultimos anos os empresarios agricolas investiram muito no plantio de Pestachios, Nogueiras e Amedoeiras, como forma de rentabilizar os terrenos, que chegam a render 60%, desinvestindo no cultivo de milhos e outros, dificultando assim a compra desses produtos e ocupando as terras.

A outra questao abordada por Joaquin Contente e’ a componente politica deste problema. A Associacao de que e’ dirigente defende a elaboracao de leis que defendam o correto equilibrio entre o que e’ produzido e exportado, de forma que as importacoes nao garatam rendimentos aos seus produtos, prejudicando os empresarios americanos. Por exemplo, os empresarios da Noza Zelandia conseguem rendimentos superiores aos americanos, colocando ca’ os mesmos produtos.

David Valadao, deputado californiano pelo Partido Republicano, descendente do conhecido “Jose Grande da Ribeirinha”, que tenciona candidatar-se a Congressista Federal, tem sido uma porta aberta, conjuntamente com outros dois tambem de descendencia acoriana, para as aspiracoes dos leiteiros da California.

Em 2010, quando aqui estive, alguem me tinha dito que as leitarias da California tinham a tendencia de acabar nos proximos 15 a 20 anos, devido a uma serie de exigencias legais, nomeadamente ambientais. Preocupou-me porque muita gente depente desta actividade, nomeadamente a comunidade portuguesa, por isso coloquei a questao a Joaquin Contente.

A opiniao dele nao e’ bem essa e pensa que havera’ uma tendencia para concentracao agro-industrial, com a constante entrada dos Holandeses (os dochas?) no negocio. Ou seja, formar-se-ao empresas maiores que, no futuro, dominarao a actividade, um pouco ‘a semelhanca do que acontece na industria transformadora de laticinios. E assim a ctividade continuara’ com maior dimensao empresarial e melhoramento das estruturas de apoio, como ja’ comeca a acontecer.

Em 2011, a situacao e’ duma tranquilidade relativa, atendendo que os mercados estao muito mais instaveis que ha’ anos atras.

 

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