Entrámos no Ano Novo. Não faltaram os votos de “Bons Anos” e os desejos de felicidades. É assim, desde há muito.
Quem percorre esse mundo principalmente as grandes e pequenas cidades, fica enleado com a profusão de artigos , os mais diversos e de variados preços que o Comércio apresenta para a época natalícia, numa solicitação contínua às bolsas de cada um dos potenciais compradores.
As ruas estão decoradas com milhões de lâmpadas e os mais caprichosos símbolos. As musicas natalícias atordoam os ares e ferem por vezes os tímpanos dos transeuntes. E não somente no mês de Dezembro, que decorre. Vem já do mês de Novembro este desenfreado ataque ao possível consumidor.
Entretanto, nos parlamentos regionais, nacionais e internacionais os políticos vão discutindo, as normas que melhor satisfaçam os seus programas eleitorais. E, dizem, tudo em nome da democracia, que nunca andou tão desautorizada e decrépita.
E cá pela parvónia, o Zé Povinho, tal como o criou no seu histórico cartaz Bordalo Pinheiro, vai passando o cinto para os últimos furos…Os ordenados não aumentam em razão dos elevados preços dos géneros de consumo diário. Os transportes vão-se tornando inacessíveis aos mais carenciados até mesmo aos doentes que têm de procurar alívio em terras estranhas… Os corpos vão se despindo, porque o que sobra da “mesa” nem dá para “mandar cantar um cego” como é vulgar dizer-se…
Os orçamentos familiares, desequilibrados, são incapazes de fazer face às legítimas necessidades do quotidiano.
Os jovens, feitos os estudos elementares, porque realmente são de conhecimentos rudimentares, saíam das terras à procura do primeiro emprego, já que a terra-mãe não lhes proporciona a efectivação desse direito. E sair é emigrar para não mais voltar, tal como aconteceu aos emigrantes que, utilizando as barcas baleeiras, fugiam “de salto” para as Terras do Tio Sam, onde o ouro se misturava com o pó dos caminhos…
E os idosos vão envelhecendo cada vez mais e de tal forma que os governos já querem considerar um direito natural a tenebrosa “eutanásia”; e, para os novos, legaliza-se o aborto, como meio de evitar uma gravidez não desejada, sancionando-se assim a depravação e o vício.
A moral deixou de ser praticada para ser substituía pelo desrespeito pela decência e pelos bons costumes que as gerações passadas tanto prezavam e escrupulosamente praticavam. E é ver o que a pantalha da “caixa de novidades” nos oferece segundo a segundo.
A gala é, para muitos, andar quase em fato de praia, num despudor inaudito.
Estamos no século do nudismo. E tudo em nome da nova civilização.
Não é famoso o quadro que se apresenta. Mas ele não corresponderá à realidade que se vive? Quem o contesta?
Afinal, uma civilização que recua aos tempos da pré-história em que o ser humano, mesmo assim, se cobria com folhas de árvores num recato compreensível pela vergonha que então sentia…
Admite-se que tudo isso seja praticado pelos chamados ateus, pelos agnósticos, pelos descrentes, até mesmo pelos indiferentes. E, vamos lá, por aqueles que se dizem “católicos não praticantes” os quais mais não são do que verdadeiros agnósticos. Mas tal prática não se admite nos católicos ou deles filhos, pela educação que naturalmente receberam. Impõe-se uma honesta a pronta tomada de consciência a ver quem está na razão. É um momento de reflexão que importa fazer, até mesmo neste final de ano para que se entre em 2008 com novos propósitos de vida.
Não me leve a mal o leitor pelo que escrevi e deixo, muito cordialmente, à sua honesta consideração. Resulta da educação que recebi e que tenho procurado manter com respeito por aqueles que me prepararam para a vida. E que tenha, tenham todos um ano novo vivido em paz, com alegria e saúde e as maiores prosperidades sociais e materiais. Voltar para Crónicas e Artigos |