Há cerca de dois ou três anos a Câmara Municipal promoveu, no Auditório Municipal, uma reunião com uma equipa de Arquitectos que havia convidado para procederem ao estudo urbanístico da vila das Lajes. Não foi apresentado, se me recordo, qualquer relatório elaborado por esses Técnicos. Se existe deve encontrar-se no Arquivo municipal.
Interessante seria que, se existe esse relatório ou estudo, viesse a público para que os lajenses, - e não só… - tomassem conhecimento do parecer técnico sobre o estado da vila e seus possíveis arranjos urbanísticos.
Realmente, importa tomar uma posição sobre o estado actual do velho burgo, com uma existência que já ultrapassou os quinhentos anos e que é, assim, uma das mais antigas Vilas da Região, com um traçado que vem dos primórdios da sua criação mas que foi executado com sentido artístico. Olhe-se, com olhos abertos, para esse mesmo traçado urbanístico e ficar-se-á com a certeza do que venho de dizer.
Mas a vila não pode ficar por aí, com certas zonas decrépitas, e espaços abandonados. Há que fazer alguma coisa no sentido de a modernizar e a equiparar a outras que, de simples "aldeias", vão caminhando a passos largos para a urbanização que querem citadina.
Agradável seria que a zona urbana, em vez de caminhar para norte, se desenvolvesse no lado sul, ocupando os terrenos que ficam dum lado e de outro do ramal, levando-se a chamada zona industrial para melhor sítio, que não aquele.
Não será fácil proceder a grandes e inovadores arranjos. Mas algo se poderá empreender.
Não há muitos anos procedeu a Câmara ao calcetamento das ruas da Vila e dos respectivos passeios. Parece que a obra não ficou completa pois o empreiteiro – não constaria do caderno de encargos? – não procedeu ao nivelamento da calçada, o que provoca, em dias de chuva, a retenção das águas em sítios mais baixos…
Se, no entanto, o executor da obra não satisfez o seu compromisso, ainda será tempo de o obrigar a corrigir os defeitos deixados.
Além disso, vai sendo vulgar as diversas entidades exploradoras de serviços – electricidade, telefones, etc., abrirem valas para a reparação dos cabos subterrâneos. É um serviço que não pode ser evitado, uma vez que, aquando do lançamento desses cabos, não houve a necessária cautela na execução das "caixas". Mas importa que, ao remexer-se na calçada, tudo seja reposto com o necessário cuidado.
A Vila está sendo sinalizada para a regularização do trânsito. Todavia nem todos os sinais, a fazer fé nas reclamações ou críticas que se ouvem, são suficientemente esclarecedores. Além disso podia ter - se alterado o trânsito de certas ruas transversais, de maneira que umas permitissem a subida e outras a descida. E, a propósito, quando evitar a desorganização do estacionamento na rua Capitão Mór e Largo Lacerda Machado?
Volto a referir a "histórica" casa da Maricas do Tomé - Bem a meu pesar o faço, pois custa ver aquele montão de pedra e verdura no chamado "Centro Histórico" sem que haja quem lhes acuda. E nem só este, como a casa da Feliciana, à entrada da rua de Olivença. São mazelas que dão um sinal de desinteresse pelo embelezamento da vila e causam surpresa aos inúmeros visitantes estrangeiros que aqui chegam.
E já não refiro a Casa do Primeiro Povoador e a ponte adjacente.
Talvez resultante da actividade marítima, provocada satisfatoriamente pela exploração do "Whale Watching" a zona voltada ao mar, conhecida pela "Pesqueira", está sendo a mais movimentada da vila. Lá existem cafés-restaurantes, estabelecimentos de artesanato, residenciais, e até o Museu dos Baleeiros, que, apesar de outras "concorrências" continua a ser bastante visitado.
O antigo campo de futebol, um espaço com uma história rica, vem sendo ocupado pelo "estaleiro" das obras da Muralha da Cortina da Vila, que, segundo se diz, estão a chegar ao fim. Assim sendo, há que dar-lhe uma utilização capaz de servir os habitantes da vila e os visitantes. Não sei se algum estudo há feito nesse sentido, uma vez que campo de jogos não será mais, pois está em vias de conclusão o complexo de Santa Catarina.
Impõe-se transformar aquele espaço numa zona de lazer. Um jardim, devidamente arborizado, com bancos de descanso, a construção de um arruamento junto da muralha, e qualquer outra construção de utilidade pública. Mas, para tanto, impõe-se que o piso seja subido para o nivelamento da actual rua que o circunda, evitando que se transforme num lago como acontecia nos dias de enchente, ainda bem vivos na memória dos lajenses.
É tempo de algo se fazer, antes que outro destino menos conveniente lhe seja dado.
Estou em crer que os gestores municipais estão atentos aos "casos" que acima registo. Contudo, não faz mal lembrar que se olhe para a Vila, uma vez que, até aqui, se tem estado voltado para outras zonas…
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