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Para ti, mulher... essa minha homenagem!

 

Permita-me, com o devido respeito, que enderece esta carta a todas aquelas mulheres, que trabalham a tempo inteiro (de manhã à noite), no “expediente doméstico”, por dedicação, por amor, por vocação ou exclusão de partes, limpando a casa, confeccionando as refeições e, “engordando a família”.

A essas mesmo, àquelas que os “machistas” chamam de “domésticas”! Essas “Mátrias de peito familiar”, firmes e pontuais, de sorriso enigmático, que vivem na cozinha à roda do tacho, que transportam o saco do lixo, que lavam as paredes e a casa de banho com lixívia, que penduram a roupa na corda por ordem decrescente, e que as recolhe...se vem chuva; que descascam as batatas, as cebolas e as ervilhas; que vão às compras e sabem multiplicar o parco rendimento, afim de fazer face a essa exploração desenfreada, omitida por estes “figurões nascidos e criados em berço d’ouro”! Sim! Uma homenagem de Agradecimento, honra e dignidade, a todas elas (Mães, Tias e Avós), que arejam os cobertores à janela, que sacodem os tapetes e arrumam as camas; que fazem o jantar, ou vão descongelar o frango ou a carne (se houver!), durante a telenovela.

Exactamente: “a essas inimitáveis patroas portuguesas, crentes em Deus e nos seu homens, com devoção por Fátima” e simpatizantes do clube de futebol do marido; que “mendigam" receituário nos centros de saúde; que andam a pé ou de autocarro ao hipermercado, à praça, ou à mercearia do vizinho, que por sinal tem sempre boa fruta e preços mais convidativos, nessas promoções. Sim! A essas “Mães coragem”, sem horário, sem férias, nem idade para se reformarem; que sabem as carreiras de cor, autocarros que passam em Santa Clara (Nº.6), o de São Martinho (Nº.14), o de Stº. António das Touregas, de Fala, Tovim e tantos outros; que é raro queixarem-se de dores nas costas e que sofrem de varizes, "espondilose", que sobem e descem vielas e calçadas, que se levantam às cinco e meia da manhã, para cozinhar a “jardineira”, para a marmita dos seus maridos, que vão trabalhar assustados, submissos, para não serem despedidos pelo patronato.

Sim! A essas “Patriotas” esquecidas pelos sindicatos, deputados e desvanecidas pelos governantes, mas que, indiferentemente, apreciam quem souber mandar desde que tenham ar de doutor e que saibam discursar, ou lhes dê “dois chochos” na praça, e lhes ofereça um saco de plástico do partido, ou uma esferográfica, que serve lindamente para anotar os aumentos do peixe, da carne, da luz, da água e dos combustíveis. Essas mesmas! Essas Heroínas, “escravas da sociedade”, que passam a ferro as camisas, as calças, as peúgas e cuecas (aos sábados e domingos); que vivem iludidas, esperançadas e que, ao fim de 20, 30, 50 anos de casada, ficam com a alma a cheirar a óleo de girassol, a quem ela engana com papas e bolos e cuja morte antecipa vagarosamente em bacalhaus à lagareiro, frangos assados no forno, bifes de peru, açorda, que vai à missa ao domingo por respeito ao padre e aos seus vizinhos, em troca da renúncia de todos os seus sonhos, iniciativas, ideais. Que não frequenta discotecas, que é raro ir ao cabeleireiro, que traz as unhas por pintar, as mãos calejadas, desfiguradas, mas que sabe sorrir, amar, chorar de verdade!

Sim, estas verdadeiras Mulheres, essas “moiras de trabalho", que vivem de esfregona na mão, mas a quem sobra sempre tempo para visitar a amiga que está de cama, hospitalizada, que trata do homem, da filha ou dos filhos, e netos! Essas Mulheres, verdadeiras “Bombeiras admiráveis das igrejas e dos doentes”, que albergam a mãe e o pai – velhotes – que não têm tempo para se adornarem, que fazem permanente uma vez por mês, que enfeitam as campas com flores de plástico, vivem “amordaçadas”, enclausuradas, sem títulos, sem medalhas, sem “engates”, sem carinhos e sem palavras de Agradecimento.

Para todas elas, o meu BEM HAJA!

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