Era assim que, em tempos idos, se denominava a zona do Pico que hoje constitui o concelho de São Roque .
Francisco Soares de Lacerda Machado, erudito historiador da Ilha, no seu interessante e sério trabalho, “Dos que povoaram o Norte da Jurisdição das Lages”, refere que “Rodrigo Alvares aparece no litoral da ilha do Pico, fronteiro à futura vila das Velas, ao decorrer o terceiro quartel do século XV, - talvez por 1460, como precisa uma memória genealógica inédita...”
Este Rodrigo Alvares foi casado com Isabel Vaz e foram eles que fundaram a povoação que hoje é a Vila de S. Roque. Fundaram igualmente a capela do Bom Jesus da primitiva igreja de São Roque .
Descendente deste Rodrigo Alvares, foi o desembargador Roque Francisco Furtado Melo, o primeiro Picoense formado em Direito pela Universidade de Coimbra. Gastou nos estudos 25 cruzados. Em 1822 foi eleito deputado pelo circulo da Horta.
A costa Norte com a montanha em fundo
Mas o que mais interessa referir é a ligação que sempre existiu entre os povos dos dois lados da Ilha – Norte e Sul. E tanto assim que os casamentos foram frequentes, como se vê da própria monografia.
Caetano Ferreira Nunes de Melo, nascido na vila de São Roque, veio a casar no dia 27 de Outubro de 1838, com D. Ana Forjaz Nunes de Lacerda, natural das Ribeiras, do concelho das Lajes, dos quais descende o Autor do livro citado.
Todavia, não apenas os de linhagem nobre se relacionavam, muito embora a ligação das duas vilas se fizesse pela serra. Ainda em meus dias muitas pessoas iam ao Norte, pelas veredas da Serra, pois só existia a estrada litoral das Lajes a S. Roque, passando pela Madalena. Hoje, em meia hora, está-se num ou no outro lado, mas escrevia, que muitos casamentos tiveram origem no relacionamento daqueles que na Serra tinham seus gados. Era mesmo interessante o convívio existente entre os dois lados, daí resultando uma amizade e quase familiaridade, que ainda hoje subsiste.
Avenida Marginal no Cais do Pico e edifícios
Além disso, a instalação da Comarca, em São Roque, obrigava aqueles que tinham de tratar de assuntos forenses, a uma deslocação nem sempre cómoda.
O próprio Lacerda Machado, no trabalho citado, e referindo-se ao pai, Francisco Nunes de Lacerda e Melo, nascido nesta vila em 1840, e que foi presidente da câmara municipal, diz que ele, “Aproveitando o ensejo duma reforma judiciária, advogou a transferência da sede da comarca para as Lages, como se vê do mesmo livro de actas ( de 1868)”. Ao pai se ficou, todavia, a dever a introdução da batata doce, trazida de S. Miguel, razão porque, em 1871, “a freguesia das Ribeiras produzia mais do quadruplo de batata doce do que todas as freguesias de S. Roque e Madalena reunidas.”
Do Norte, ainda no meu tempo de adolescente, vinham as castanhas. Várias pessoas, no final do verão, iam pela Serra até à Prainha trocar por milho ou comprar castanhas, pois era a freguesia que as produzia em maior quantidade.
A parte Norte da Ilha
Hoje tudo é diferente, com excepção do relacionamento que subsiste entre as pessoas dos dois lados; relacionamento que criou boas e sólidas amizades.
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