Festejou-se com pompa e “circunstância” a inauguração das obras realizadas no porto desta vila, no ano findo, obras há muito reclamadas e que mereceram o aplauso dos lajenses. Embora já aqui tivéssemos ocasião de registar, muito suavemente, o nosso júbilo, não deixamos de anotar o nosso reparo, não pelo projecto, mas pela sua execução, voltamos a chamar a atenção para os trabalhos realizados, embora da responsabilidade de uma creditada firma empreiteira, que deixou um tanto ou quanto a desejar. É ver o que se passa com o molhe que foi construído na zona da antiga “carreira”, cujos blocos nem foram devidamente regularizados, nem mesmo o fundo da lagoa, “criada” pela muralha, foi de molde a permitir o tráfego normal de embarcações que demandam o porto interior, pelo que, se tornou indispensável colocar uma bóia de sinalização (será?).
O mar galgando
a orla costeira
Vê-se que o pequeno troço de muro, que serviu para dar acesso ao molhe então em construção, está a desfazer-se com o mar do Sul, não levando muito que este, quando tempestuoso, entre pelo novo molhe e venha a atingir o porto interior e, pior ainda, a própria vila.
Junto da muralha de defesa, que circunda a rua da antiga Pesqueira (actualmente avenida marginal...) foi iniciada a construção de um arruamento, -chamemos-lhe assim - de acesso às antigas casas dos botes da “Lagoa de Cima”. O piso ficou em bruto e os últimos mares de oeste já “limparam” uma parte do material de enrocamento ali depositado. Quando a obra se fizer (?) terá de ser novamente reposto, com o agravamento do respectivo custo. (E os tempos actuais não vão para brincadeiras...) Será porque o Município pretende e já lá vão uns anos, construir o “passeio marítimo”?.
O caminho de acesso as antigas casas dos botes
Mas a construir-se esse passeio, aliás de interesse turístico, partirá da zona do Clube Náutico, ao que nos é dado saber e atingirá a zona da Ribeira do Meio, possivelmente até ao Poço? Se assim for será uma maneira inteligente e agradável de ligar, pela costa, a vila àquele subúrbio, integrando-o na parte urbana e permitindo um passeio onde as pessoas, quer as residentes quer as que nos visitam, possam desfrutar de um dos panoramas mais atractivos da Ilha – a baía das Lajes com a Montanha em fundo, em toda a sua grandeza e esplendor.
A Vila, com a obra realizada, só ficou parcialmente defendida. A zona sul necessita, pois, ser igualmente defendida do mar do Sul e Oeste. De contrário ficará sempre ameaçada em ocasiões de enchente, o que não raro acontece.
Impõe-se que a Vila retome a sua posição de burgo de elegante aspecto, progressivo e urbano, como sempre foi considerado, mesmo sem sair da sua classificação secular: a avoenga vila picoense. E isso lhe basta. Há urgente e imperiosa necessidade de algo mais se executar. A quem cumpre, não sei nem importa. Importa, sim, que a entidade responsável olhe para esta Terra, como gestora de um todo que lhe foi confiado e merece ser convenientemente cuidado.
A paisagem da montanha vista das lajes
é sempre deslumbrante
Foi por isso e para isso é que o povo lhe confiou um mandato. Ao assumi-lo, voluntariamente, comprometeu-se a zelar pelo sector que passou a gerir.
Aqui não se trata de Lugar de simpatia. Trata-se somente de organizar e trabalhar com justiça, zelando com imparcialidade e dedicação todas as ilhas, concelhos, vilas e freguesias. Ou será que uns são filhos e outros enteados?
Confiamos nos gestores públicos. E por que neles confiamos, aqui deixamos e mais uma vez, este simples reparo.
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