Não sendo inédito, é salutar. Quando desempenhei funções parlamentares, sempre entendi que os debates sobre assuntos prementes da política sócio-económica dos Açores, não deveriam ser apenas iniciativa da oposição parlamentar, como aconteceu, quando o P.S. estava nessa situação, mas em todo o tempo. É por isso que hoje e, ao contrário do que me é apanágio ultimamente, nas questões abordadas neste espaço, venho dar o meu aplauso, antecipado refiro, à anunciada sessão parlamentar de Março, em que o Grupo Parlamentar do P.S. confrontará o Governo dos Açores sobre temática de transportes. Claro que, com esta iniciativa, os outros parlamentares igualmente fica, com espaço para terçar as suas armas (argumentos) perante o Governo, nesse espaço nobre de debate político que é a Assembleia de todos os Açorianos.
Aeroporto do Pico - Foto do Air-Blog
Matéria muito debatida, quase pela negativa, pode e deve voltar, nesta altura de pré-época turística, à reflexão séria e conclusiva das opções a tomar pela instância governativa, desde que, verdadeiramente, implementada pelos diversos operadores aéreos e marítimos. Este é o verdadeiro cerne da questão e para lhe dar resposta o Governo e o novel Secretário da tutela, Dr. Vasco Cordeiro, não podem vacilar nem assumir atitudes dúbias. Não mais. Primeiro exigimos um claro entendimento entre o Governo dos Açores e o Governo da República, em matéria de transportes aéreos, enquadrando com a dimensão que cada destino (gateway) dignamente merece, as escalas apropriadas à expansão da actividade económica de cada ilha, neste particular o Pico, seja através das saídas das diversas equipas picoenses envolvidas em provas nacionais, seja nas viagens daquelas que as visitam, seja ainda toda a lufa-lufa estudantil, dos nossos universitários no Continente que, de três em três meses, quase sempre, tem de procurar entrada e saída no Pico através do aeroporto de outra ilha. E os turistas? E os veraneantes? E os nossos emigrantes? Com que critério é planificado o aumento de voos da TAP/SATA-Internacional para o Pico na época alta?
No transporte marítimo, se o de mercadorias, pela concorrência que ainda existe, é eficaz e eficiente, já no serviço de passageiros e viaturas, em relação ao Triangulo – Faial, Pico, S. Jorge / S. Jorge, Pico, Faial – existem muitas lacunas. Certo é que, embora os empresários turísticos afirmem: o Triangulo turístico e económico não existe enquanto não houver viagens diárias, entre S. Jorge e Pico, pior ainda é vermos que, muitas das viagens de inverno saem das Velas com destino à Madalena e esse percurso, para quem vive no Pico, em toda a ilha do Pico, não é nada convidativo. Se na Terceira querem mudar a escala dos ferrys da Praia, alternadamente para Angra, então que dizê-lo em relação ao norte e ao sul do Pico, servido por excelente estrada – a Transversal - a partir do porto de São Roque… Mas no verão, quando se esperaria que se potenciassem as viagens semanais, ao menos, ida e volta Pico-S. Jorge-Pico, de ferrys (barcos de passageiros e viaturas) com regresso no mesmo dia, tal deixou de acontecer há anos, depois de ter sido um enorme sucesso nos primeiros anos de operação do “Cachalote” (Baja Mar), o que só podemos perceber como uma protecção aos Expressos… Este é um ponto a reflectir e em que se devia voltar atrás para se retomar o que atrás referi.
Mas muito mais haverá a debater, não esquecendo as viagens extras, a programar por alturas das festividades principais da nossa ilha e que são de lotação assegurada, nos Expressos e nos Atlanticolines principalmente a partir do grupo central.
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Paquete Europa no Porto de São Roque do Pico
Melhorou-se imenso com este Governo. É verdade.
Não nos devemos esquecer que a única inovação, da era política anterior, foram simplesmente os Cruzeiros e apenas no grupo central. Temos agora cinco gateways no transporte aéreo (embora a do Pico esteja subaproveitada, como todos nós bem sabemos e sofremos) e temos transporte marítimo de passageiros que percorre no verão oito ilhas, o que era impensável há vinte anos. Temos portos equipados com equipamento próprio para várias actividades: pesca artesanal, pesca lúdica, pesca industrial, barcos de recreio e outros para observação de cetáceos, num investimento regional e europeu nunca até então conseguido.
Queremos e merecemos melhor e a isso legitimamente aspiramos.
Tem a palavra os nossos políticos e tem a resposta o nosso Governo. Aguardemos…
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