A Ilha o Pico pode orgulhar-se do notável património que possui, sobretudo nas igreja e capelas ou ermidas que se espalham pela ilha.
E se algumas não valem pela arquitectura, pouco nobre, dada a singeleza das suas linhas, sobressaem, contudo, pela sua antiguidade.
Claustro do Convento de São Pedro de Alcântara
Aqui há anos, principalmente na década de noventa do século passado, o Instituto Açoriano de Cultura, IAC, fez um excelente levantamento ou Inventário do Património Imóvel dos Açores, especificando cada concelho em especial. Nesse Inventário estão incluídas as igrejas e algumas capelas existentes na ilha, embora em referência sumária. No entanto é um trabalho de assinalado valor artístico que bem revela os conhecimentos e a cultura do seu verdadeiro e principal Autor, o Doutor Jorge Augusto Paulus Brunus.
Convento de São Francisco
Embora “cobrindo” os dezanove concelhos dos Açores, em outros tantos volumes, não deixa de ser um trabalho mais de registo do que de análise histórico-patrimonial, sem que esta referência possa diminuir algo do seu valor. E aqui trago apenas o património religioso, por certo o de maior valia, desta ilha e das demais que formam o Arquipélago. (Não refiro Região porque, em meu modesto entendimento, esse designativo tem mais de político do que de geo-histórico.)
Igreja das Bandeiras
A ilha do Pico possui dois edifícios de extrema grandeza arquitectónica: os conventos franciscanos. O primeiro foi construído (ou iniciada a construção) em 1641 é o mais grandioso da ilha e está ainda de pé, na Vila das Lajes. Foi restaurado em 1947 e nele estão instaladas, desde 1836, os serviços municipais e algumas repartições públicas do concelho. O interior foi completamente remodelado, nada deixando antever o que foi o antigo convento, onde desapareceram a cozinha e a grande chaminé, o refeitório, os archetes ou espaços do grande corredor destinados ao convívio e descanso dos frades, etc.
Igreja Matriz de Santa Maria Madalena
A Vila de São Roque mantém igualmente o convento franciscano, mandado construir em 1658; principiou a funcionar em 1727. Depois de a Câmara o ter utilizado desde l835, encontrava-se desocupado com a construção dos Paços do Concelho e foi recentemente adaptado a Pousada da Juventude. Mantém, todavia e com o maior aplauso, o claustro e o cruzeiro primitivos, o que valoriza imenso o magnífico monumento.
Igreja da Calheta de Nesquim
Nas três vilas picoenses foram construídos espaçosos edifícios para a instalação das respectivas escolas secundárias. Mereceu atenção especial do governante que projectou o edifício. Propositadamente? Desconheço...
Afora os edifícios públicos há que realçar as igrejas , as ermidas e as capelas do Espírito Santo, estas existentes em todos os sítios onde se realizam “Impérios”.
Igreja da Piedade
E para não estar a fazer uma relação, talvez enfadonha, das igrejas existentes na ilha, fico por aquelas que maior valor arquitectónico apresentam. Outros terão opinião contrária...
Na Ponta da Ilha há que registar a Igreja de Nossa Senhora da Piedade, uma das de mais rica traça arquitectónica que substituiu a antiga, destruída pelo sismo de 1758, e que, segundo a tradição, levou oito anos a construir.
A seguir temos a da Calheta de Nesquim, inaugurada em 1855.
Igreja da Prainha
Na Vila das Lajes, há a Matriz da Santíssima Trindade, construída no mesmo local da Antiga Matriz, que datava de 1506. Embora a primeira pedra da nova Matriz haja sido lançada em 7 de Julho de 1897, a sua inauguração só teve lugar em 28 de Maio de 1967.
Igreja de São Roque
São João tem uma magnífica Igreja, que substituiu a que foi destruída pelo sismo de 1720. A sua conclusão só se deu em 1901.
São Mateus possui um dos melhores templos da ilha e, porque nela se venera a Imagem do Bom Jesus Milagroso, foi considerada santuário diocesano. Data a sua conclusão de 1842.
Igualmente grandiosa a Matriz da Madalena, datada de 1871, recentemente restaurada, depois dos estragos provocados pelo sismo de 1998.
Não deixa de ser de excelente arquitectura e de boa cantaria a igreja das Bandeiras, também restaurada ultimamente. Possui duas torres e vem do ano de 1863.
Igreja de São Mateus
São Roque possui uma óptima igreja Matriz de boa cantaria, também restaurada após o já referido sismo de 1998 que atingiu a quase totalidade dos templos religiosos da Ilha.
Por fim vem a Prainha do Norte cuja igreja é de uma grandiosidade notável, com duas torres, concluída em 1853 e que, rodeada de um esbelto jardim, domina toda a zona histórica daquela localidade que esteve para ser vila e cabeça de concelho em tempos remotos.
Outros templos ficam atrás, pois não é possível, numa modesta crónica, a todos referir. O espaço não consente. A seu tempo virão se a vida e a saúde não me faltarem.
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