Antes ou depois, nunca raramente nesse dia, as “Gentes” da Ponta da Ilha afadigam-se na azáfama da apanha das uvas – a vindima – ajudando uns, para serem ajudados depois, quase todos, mas nesse dia (este ano numa terça feira), como bem lembrou o P. Paulo Silva, a freguesia cristã da Piedade faz “dia santo” no Dia da sua Padroeira. E sempre assim foi. Este ano mais uma vez. Duas missas a das onze dedicada aos devotos e à Irmandade da Sra. da Piedade e a da tarde, solene de festa, com a igreja a transbordar, ambas com animação musical a cargo da renovada Capela, embora esta com maior brilhantismo na solenidade principal. Dizem-nos que apenas tiveram um mês de ensaios… Registamos a qualidade e a execução com “dedo” do Dr. Hildeberto Peixoto, professor de música, honrando assim a tradição de excelentes músicos de capela da paróquia da Piedade.
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Capela da Piedade
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Não tive oportunidade de assistir à palestra enaltecendo o Povo da Piedade, proferida pelo ilustre piedadense Sr. Thiers Cunha, que conheci enquanto Presidente da Câmara da Praia da Vitória, no princípio dos anos noventa e que, pelo que li no excelente texto publicado neste jornal da autoria da Professora Elísia, sob o sugestivo título “Ser da PIEDADE”, terá sido de enorme brilhantismo, já que não faltam referências prestigiadas ao longo destes anos sobre notáveis figuras oriundas da Ponta da Ilha e que exerceram cargos cimeiros na Nação Portuguesa. Recordo ainda o excelente trabalho que o Sr. Thiers Cunha elaborou no ano transacto, sobre a emblemática figura do Comendador Matos Souto, aquando da homenagem que a Junta de Freguesia em nome do Povo da Piedade prestou ao ilustre benemérito piedadense e que, por motivos de doença então não pôde cá vir apresentar, tendo deixado essa incumbência ao presidente da autarquia.
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Imagem da Sra. da Piedade |
Se o tempo chuvoso e quase outonal não permitiu a saída da procissão, que seria abrilhantada pelas filarmónicas da Piedade, de Santa Cruz, da Calheta e da Prainha, o convívio social não deixou de existir no Salão Paroquial, onde a dinâmica Comissão da Igreja da Piedade se esmerou, como sempre acontece, em servir um serviço de restaurante de excelente qualidade, que este ano primou pela tipicidade e pela diversidade dos pratos apresentados, a preço único, em serviço de self-service.
Mas antes ou depois da festa e por muitos dias mais, com tempo chuvoso ou com o sol a raiar, como hoje já surge aqui na Engrade, as vindimas são o ponto convergente da vida social desta gente. Mais uma vez está sendo um ano abundante de uva Isabel e os Saibeis (castas em complemento imprescindíveis à elaboração de um verdadeiro Vinho do Pico), serão vindimados para meados ou fins de Setembro.
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Antes do almoço e acabada a vindima
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A Festa das Vindimas é todos os dias, depois dos trabalhos usuais, iniciados bem cedo, para que durante a tarde escaldante, se possa fazer algum repouso depois dum saboroso, suculento e abundante jantar à disposição de vindimadores, amigos e também algum “passante”, pois o portão da Adega está sempre franqueado, numa singularidade que ainda hoje impressiona turistas e veraneantes de outras ilhas, pela lhaneza e generosidade destas Gentes da Ponta da Ilha, verdadeiros Homens do Pico.
É a esta Gente generosa, amiga, solidária e labutadora, que aqui presto mais uma vez a minha singela homenagem.
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