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Setembro, o mês da partida

 

É um mês diferente. Um mês que nos traz algumas alegrias e muitas tristezas. Setembro é o mês das colheitas. E quanto a elas, lembro as desfolhadas, com todas as suas múltiplas tarefas que, embora trabalhosas, não deixavam de ser alegres e de simpática confraternização. E aqui recordo os tradicionais e esquecidos carros de bois, carregados de maçarocas de milho, devidamente arrumadas na sebe, a “chiar” pela rua direita da Vila, até ao seu destino: Ribeira do Meio, Almagreira e Silveira. Um  chiar por vezes ensurdecedor que obrigava a autoridade administrativa a publicar editais proibindo esse incómodo barulho para alguns, principalmente ao anoitecer.

E, depois a desfolhada na casa da atafona. Ou numa loja do lavrador, em serões que reuniam novos e velhos, rapazes e raparigas e onde eram servidos figos passados e aguardente da própria lavra.

Noutras zonas era a apanha e o pisar das uvas, as vindimas, afinal, que por serem motivo de ajuntamento de amigos e vizinhos, todos colaboravam na alegre tarefa. Hoje pouco há quem aprecie o Vinho do Pico a não ser nos jantares ou gastos do Espírito Santo. Até quando?

Introduziram-se outras castas que exigem mais cuidados e cujo rendimento nem sempre justifica os gastos com a mão-de-obra nas cavas, nos tratamentos e  nas colheitas.

Mas o mês de Setembro é  o mês das partidas... Os emigrantes regressam aos seus lares em terras da Diáspora, depois de uma visita  de  saudade às terras de origem e aos familiares, que ainda por cá  restam...

Os funcionários de qualquer mister, aos seus postos de trabalho, depois de umas curtas férias nas terras de origem.

Os estudantes às respectivas escolas ou universidades, para iniciarem ou continuarem os seus estudos superiores.

E, felizmente, já não são poucos.

Os que partem pela primeira vez levam consigo um misto de alegrias e tristezas: alegrias pelos novos encontros que vão ter; pelas terras desconhecidas que vão habitar; pelos professores que vão enfrentar, muito diferentes, no trato e no aspecto algo soturno com que os vão receber, tão diferentes daqueles que deixaram; um tanto tristes pela separação da família, dos pais e dos irmãos, alguns de tenra idade;  dos amigos de infância; das terras onde brincaram e se divertiram despreocupadamente.

Todavia, decorridos alguns dias, poucas semanas apenas, tudo fica esquecido e uma nova vida começa, alegre, despreocupada, quase irresponsável. É o principio de uma nova era que normalmente não tem fim...

O mês de Setembro é para muitos o mês dos contrastes. O mês das alegrias para uns e das tristezas para não poucos.

Talvez para a maioria, principalmente para a juventude, que de rosto alegre, traz consigo a esperança de uma nova vida.

Felicidades para todos.

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