topo
linha2

Content on this page requires a newer version of Adobe Flash Player.

Get Adobe Flash player


Fotogaleria

 

» Home » Crónicas e Artigos » Ermelindo Ávila » Um livro de Almeida Firmino

 

Um livro de Almeida Firmino

 

A Câmara Municipal de São Roque do Pico acaba de  reeditar  NARCOSE , OBRA COMPLETA DO MALOGRADO Poeta Almeida Firmino, há anos desaparecido nos mares da Costa Norte desta Ilha.

Almeida Firmino não era picoense de nascimento. Veio para os Açores das longínquas terras do Alentejo, mais propriamente da cidade de Portalegre e acabou por radicar-se na Ilha do Pico como simples funcionário da Secretaria Judicial. E ali ficou. Ali escreveu a quase totalidade da sua obra poética, alguma dela inspirada na Montanha que todos os dias o acompanhava!... Mas escreveu também prosa, simples mas contundente, quando as injustiças sociais o feriam.

Tinha uma alma de poeta e um espírito de eleição.

Nesta edição de NARCOSE escreve o Dr. Manuel Tomás e cito com a devida vénia: ”O poeta existe, existe e existirá por nós, pela palavra que havemos de passar. O poeta canta o dia e a noite, a luz e a dor, a paixão e a chuva, a tristeza e a neve no regaço do vento”.

E era isso mesmo Almeida Firmino, poeta da nostalgia e da dor, da ausência, do silêncio. E foi também o maior poeta da “Ilha Sem Voz”:        

“Descobre-te, Montanha sol |        

“Temos de fecundar
“O ventre da terra
“De todas as raízes
“Transformar os homens
“em homens felizes.”
E depois:
“Descobre-te montanha nuvem!
“ Vamos levantar os muros
“Que os sismos derrubaram
“E silenciar o desespero
“Dos compromissos que ficaram (pág. 200)
E um dia cantou a ilha neste magnifico poema:
“Ilha Maior no sonho e na desgraça
“Sempre a acenar a quem ao longe passa
“Ver navios rumo ao Canadá e América.
“Ancoradouro de aves, poetas e baleeiros.
“Heróis sem nome, com um pé em terra e outro no mar,
“Quantas vezes em vão a balear...” (pág. 123)

Hoje não passam os navios, as cagarras vão desaparecendo e com elas o seu canto nocturno. O poeta partiu numa tarde escura e nevoeirenta e os baleeiros vão também partindo sem que hajam preparado sucessores, porque se proibiu a caça ao monstro. Vale a pena recordá-lo e trazer à lembrança a amizade delicada e condescendente que sempre dispensava a quem dele se abeirava.

E a ilha continua a ser:
                         Ilha Maior
                         No sonho e na desgraça...


Com a sua partida a Ilha ficou mais pobre de valores, pois ele Ilha, se considerava. O poeta partiu... mas continua presente nos 165 poemas que nos legou.

.

Queremos ouvir a sua opinião, sugestões ou dúvidas:

info@adiaspora.com

Voltar para Crónicas e Artigos

bottom
Copyright - Adiaspora.com - 2007